Com a união de seus poderes, eu sou o financiamento coletivo

capitaocartase1

Depois de três campanhas de sucesso no Catarse, o quadrinista Yoshi Itice está produzindo uma série de textos com dicas sobre crowdfunding. O material é publicado em seu site, o Manjericcão. O texto abaixo é o primeiro da série. O projeto mais recente do quadrinista, o livro A Samurai, está em processo de captação. Colabore!

"Sabe quando surge voando entre os prédios o Capitão Óbvio lançando toda a sua obviedade sobre a população e aí, do nada, ele tira a máscara e revela ser, na verdade, o Homem Subjetivo? Pois então… um financiamento coletivo é quando você financia um projeto através do apoio de um coletivo de pessoas… (Oh! Calma… Wait for it…) …portanto não se trata de juntar dinheiro, e sim, juntar pessoas. (Ahá!) E o dinheiro é consequência.

É pré-venda ou ação solidária?

Já ouvi muita gente chamando o financiamento coletivo de “vaquinha” e até eu já usei o termo “pré-venda”. Há, inclusive, aqueles que acreditam que isso é uma forma de pedir esmola. O formato é relativamente muito novo (o Catarse, por exemplo, existe desde 2011) e por isso ainda está tomando forma e protagoniza muitas discussões sobre “como”, “por quê” e “por quem” pode/deve ser usado.

Utilizei a plataforma pela primeira vez em 2012 para publicar meu primeiro quadrinho impresso, o “Last RPG Fantasy”, voltei no ano seguinte para financiar “MAKI” e mais uma vez em 2014 para poder lançar “Batsuman – Ano Um (e dois também)” e “PAF PAF”. Durante este período acompanhei de perto as mudanças dos produtores e dos apoiadores, bem como li, assisti e participei de muitos debates e minha conclusão é que existem basicamente duas visões antagônicas sobre financiamento coletivo e outras pela meiúca entre as duas posições. Tipo como quando você separa os heróis da DC entre “é tipo Superman” e “é tipo o Batman”.

Arqueiro Verde é tipo o Batman, só que loiro... Mulher Maravilha é tipo o Superman... só que mulher.

De um lado, temos pessoas que enxergam como uma pré-venda. Trata-se de apresentar um produto, vendê-lo antecipadamente e então entregar o equivalente ao que foi pago. Existem produtores e apoiadores que defendem essa posição. Pessoas que, por exemplo, calculam o valor de cada recompensa para avaliar se o investimento compensa.

Do outro, temos pessoas que enxergam como uma ação solidária. O proponente apresenta um projeto que só é possível com a ajuda das pessoas que, de fato, ajudam com o único e exclusivo objetivo de ver a ideia se concretizar. E a recompensa nada mais é do que um brinde.

consumidores1

Qual das duas visões é a correta?

Nenhuma. Ou melhor, as duas. Em conjunto. Quando você faz uma campanha você se depara com os dois tipos de apoiadores. Tanto o que tá “consumindo o produto”, quanto aquele que “só quer ajudar mesmo”. E isso acontece, porque é, de fato, as duas coisas ao mesmo tempo! Você está apresentando uma ideia e reunindo pessoas que tenham interesse em vê-la se concretizar e, bolas, está trocando dinheiro por produto: é um comércio!

consumidores2

Mas o que pouco se enxerga no meio de toda essa nuvem de obviedade é que estamos falando em reunir seres humanos por uma causa em comum. União. Grupo. Coletivo. Muitas vezes o que falta num projeto é pensar menos em si mesmo; menos no indivíduo; e pensar mais coletivamente. O que o seu projeto quer transmitir? Por que as pessoas deveriam se importar? Por que elas deveriam se interessar? Qual o grupo de pessoas que você quer atingir? O que você quer construir com elas?

Isso não significa, porém, que só “ações sociais” mereçam o devido valor num crowdfunding, apesar de elas se encaixarem muito bem. Seu projeto pode querer transmitir emoções e sentimentos. Pode querer botar em pauta questões sociais e informações históricas dentro de personagens fantásticas em universos imaginativos. Pode ter um valor a ser agregado à comunidade de quadrinistas/artistas. Isso tudo, por exemplo, é o que nosso novo projeto, “A SAMURAI”, transmite. E através da campanha, buscamos pessoas que se interessam por esses assuntos. Que se sintam atraídos pela trama da jovem Michiko e queiram ver o quadrinho ganhar vida.

samurai_thumbnail

Por mais que se enxergue como um simples comércio, é com a campanha que se vai atrás do seu público alvo. É preciso identificar e conquistar o seu nicho. Mas isso é papo pra próxima semana, quando vou falar sobre como trazer todos esses conceitos para o “mundo real” e transformá-los em metas, recompensas e divulgação."

Acompanhe os posts sobre crowdfunding no Manjericcão.
Colaborador
Este texto foi escrito por um colaborador do Catarse! Quer ser um colaborador? Mande um email para comunicacao@catarse.me com a sua sugestão de pauta. ;)

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Com a união de seus poderes, eu sou o financiamento coletivo

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Depois de três campanhas de sucesso no Catarse, o quadrinista Yoshi Itice está produzindo uma série de textos com dicas sobre crowdfunding. O material é publicado em seu site, o Manjericcão. O texto abaixo é o primeiro da série. O projeto mais recente do quadrinista, o livro A Samurai, está em processo de captação. Colabore!

"Sabe quando surge voando entre os prédios o Capitão Óbvio lançando toda a sua obviedade sobre a população e aí, do nada, ele tira a máscara e revela ser, na verdade, o Homem Subjetivo? Pois então… um financiamento coletivo é quando você financia um projeto através do apoio de um coletivo de pessoas… (Oh! Calma… Wait for it…) …portanto não se trata de juntar dinheiro, e sim, juntar pessoas. (Ahá!) E o dinheiro é consequência.

É pré-venda ou ação solidária?

Já ouvi muita gente chamando o financiamento coletivo de “vaquinha” e até eu já usei o termo “pré-venda”. Há, inclusive, aqueles que acreditam que isso é uma forma de pedir esmola. O formato é relativamente muito novo (o Catarse, por exemplo, existe desde 2011) e por isso ainda está tomando forma e protagoniza muitas discussões sobre “como”, “por quê” e “por quem” pode/deve ser usado.

Utilizei a plataforma pela primeira vez em 2012 para publicar meu primeiro quadrinho impresso, o “Last RPG Fantasy”, voltei no ano seguinte para financiar “MAKI” e mais uma vez em 2014 para poder lançar “Batsuman – Ano Um (e dois também)” e “PAF PAF”. Durante este período acompanhei de perto as mudanças dos produtores e dos apoiadores, bem como li, assisti e participei de muitos debates e minha conclusão é que existem basicamente duas visões antagônicas sobre financiamento coletivo e outras pela meiúca entre as duas posições. Tipo como quando você separa os heróis da DC entre “é tipo Superman” e “é tipo o Batman”.

Arqueiro Verde é tipo o Batman, só que loiro... Mulher Maravilha é tipo o Superman... só que mulher.

De um lado, temos pessoas que enxergam como uma pré-venda. Trata-se de apresentar um produto, vendê-lo antecipadamente e então entregar o equivalente ao que foi pago. Existem produtores e apoiadores que defendem essa posição. Pessoas que, por exemplo, calculam o valor de cada recompensa para avaliar se o investimento compensa.

Do outro, temos pessoas que enxergam como uma ação solidária. O proponente apresenta um projeto que só é possível com a ajuda das pessoas que, de fato, ajudam com o único e exclusivo objetivo de ver a ideia se concretizar. E a recompensa nada mais é do que um brinde.

consumidores1

Qual das duas visões é a correta?

Nenhuma. Ou melhor, as duas. Em conjunto. Quando você faz uma campanha você se depara com os dois tipos de apoiadores. Tanto o que tá “consumindo o produto”, quanto aquele que “só quer ajudar mesmo”. E isso acontece, porque é, de fato, as duas coisas ao mesmo tempo! Você está apresentando uma ideia e reunindo pessoas que tenham interesse em vê-la se concretizar e, bolas, está trocando dinheiro por produto: é um comércio!

consumidores2

Mas o que pouco se enxerga no meio de toda essa nuvem de obviedade é que estamos falando em reunir seres humanos por uma causa em comum. União. Grupo. Coletivo. Muitas vezes o que falta num projeto é pensar menos em si mesmo; menos no indivíduo; e pensar mais coletivamente. O que o seu projeto quer transmitir? Por que as pessoas deveriam se importar? Por que elas deveriam se interessar? Qual o grupo de pessoas que você quer atingir? O que você quer construir com elas?

Isso não significa, porém, que só “ações sociais” mereçam o devido valor num crowdfunding, apesar de elas se encaixarem muito bem. Seu projeto pode querer transmitir emoções e sentimentos. Pode querer botar em pauta questões sociais e informações históricas dentro de personagens fantásticas em universos imaginativos. Pode ter um valor a ser agregado à comunidade de quadrinistas/artistas. Isso tudo, por exemplo, é o que nosso novo projeto, “A SAMURAI”, transmite. E através da campanha, buscamos pessoas que se interessam por esses assuntos. Que se sintam atraídos pela trama da jovem Michiko e queiram ver o quadrinho ganhar vida.

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Por mais que se enxergue como um simples comércio, é com a campanha que se vai atrás do seu público alvo. É preciso identificar e conquistar o seu nicho. Mas isso é papo pra próxima semana, quando vou falar sobre como trazer todos esses conceitos para o “mundo real” e transformá-los em metas, recompensas e divulgação."

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