Financiamento coletivo recorrente: as quatro campanhas de Koff e a base de fãs para muitas mais

Personagens Cuecas

O cartunista Rafael Koff já fez três campanhas no Catarse para produzir seus livros de humor e a quarta está aberta neste momento. A primeira alcançou 174% da meta, a segunda chegou a 206%, a terceira decolou para 522%, e a quarta já bateu o objetivo quando ainda faltavam 40 dias para o final. A chave do sucesso? Quase todos apoiadores são recorrentes. Neste post, Koff conta como construiu sua base de fãs para levar adiante o plano de fazer um projeto por ano. Leia abaixo!

Por Rafael Koff

Minha primeira experiência com crowdfunding foi como uma espécie de teste: decidi experimentar a plataforma com a reedição de um livrinho que estava esgotado. Na época, poucos projetos de quadrinhos tinham passado pelo Catarse e não sabia qual seria a aceitação. Felizmente a reedição do Tirinhas do Zodíaco foi um sucesso e senti como se tivesse encontrado uma boa ferramenta para produzir meus livros.

Tinha dúvida, no entanto, se os apoiadores migrariam de um projeto para o outro comigo. Senti que para isso acontecer, deveria criar uma relação mais próxima com cada apoiador. E essa foi a estratégia para os próximos financiamentos: conversei com a maior parte dos apoiadores anteriores, ofereci recompensas exclusivas, perguntei o que eles tinham achado dos quadrinhos, entrei em contato individual com muitos deles para falar sobre novas ideias...Enfim, separei um tempo para fazer com que se sentissem parte essencial de cada projeto. E acredito que essa tenha sido a maior razão pela qual consegui financiar meus livros seguintes: Freddy and Jason Have Fun e Cuecas por Cima das Calças.

Cada apoiador realmente conta. O melhor caminho acaba sendo fidelizar os que já tenho antes de pensar em conquistar novos

Se tivesse um número enorme de fãs, apostaria sempre em divulgação em massa. Mas no meu caso, a verdade é que cada apoiador realmente conta. E o melhor caminho acaba sendo fidelizar os que já tenho antes de pensar em conquistar novos. Boa parte do meu público é composto de amigos e os que são desconhecidos estão deixando de ser, já que aparecem sempre nos novos projetos. Minha média é de 400 apoiadores por projeto e todos ultrapassaram suas metas. O último conquistou mais de 500% do valor inicial.

O motivo deles terem dado certo vem de reconhecer que existe uma troca constante entre autor e apoiador. Um diálogo. E essa é a melhor parte desse sistema: diminui a distância entre os dois e permite que os apoiadores influenciem o produto final de diversas maneiras diferentes. Por exemplo, muitos apoiadores tinham gostado dos ímãs de geladeira que dei de brinde no projeto Freddy and Jason Have Fun e esse feedback me levou a produzir um novo modelo também para o Cuecas por Cima das Calças. A maioria das obras ainda está em produção durante a captação de recursos e o público não quer mais apenas consumir as obras: quer participar ativamente delas.

Lanterna Verde

A relação com o público estabelecida pelo crowdfunding é muito diferente de uma simples compra e venda. É uma espécie de parceria mesmo. E o número de apoiadores satisfeitos acaba sendo muito mais valioso que o valor financeiro arrecadado. Até por isso tento deixar os valores das recompensas relativamente acessíveis para as pessoas.

Hoje estou no meu quarto projeto. E dessa vez financiando dois livrinhos diferentes de uma só vez. Minha ideia é ter um projeto novo a cada ano. E como tinha duas ideias de livros para esse ano, coloquei ambos em um projeto só. A ideia dessa união foi não incomodar os apoiadores em potencial com duas divulgações diferentes e também economizar no envio das recompensas. Uma estratégia que parece ter dado certo.

Até agora, o projeto está indo muito bem. E, o que me deixa mais feliz: é composto quase que totalmente por apoiadores recorrentes.

Tirinhas do Zoodíaco

 

Outras coisas que aprendi com meus projetos anteriores:

Meta: Seja realista. Pense em como vai divulgar, qual vai ser o valor médio dos apoios, quais serão os custos de produção e coloque o mínimo possível. Conforme você for passando da meta, pode ir melhorando o produto final, mas ninguém quer embarcar em um navio que parece que vai afundar por ser ambicioso demais.

Recompensas: É importante valorizar o dinheiro dos apoiadores. Se alguém doou R$ 30, é melhor mandar mais que um adesivo para ela. Seja criativo e recompense bem quem ajudar você. Vale a pena investir em recompensas exclusivas, que só possam ser adquiridas pelo Catarse e recompensar também os primeiros apoiadores. Se eles embarcarem no projeto, vão trazer outros com eles. E todo mundo precisa de uma explosão inicial.

Confiança: Como já tive três projetos anteriores em que financiei e entreguei todas as recompensas sem problemas, os apoiadores sabem que podem investir também no novo. Dialogar com frequência, ser educado e responder rapidamente as dúvidas são coisas fundamentais. Muitos projetos demoram demais para entregar ou tem autores que se tornam inacessíveis, deixando os apoiadores frustrados. E esse tipo de frustração reflete negativamente em todos os autores de projetos.

Divulgação: Tenho uma rede de contatos com os leitores dos meus quadrinhos pronta para a divulgar antes mesmo de colocar projetos no ar. Não é um número tão grande, mas é fundamental pensar em quem são seus apoiadores em potencial e em estratégias para chegar até eles.
Colaborador
Este texto foi escrito por um colaborador do Catarse! Quer ser um colaborador? Mande um email para comunicacao@catarse.me com a sua sugestão de pauta. ;)

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Financiamento coletivo recorrente: as quatro campanhas de Koff e a base de fãs para muitas mais

Personagens Cuecas

O cartunista Rafael Koff já fez três campanhas no Catarse para produzir seus livros de humor e a quarta está aberta neste momento. A primeira alcançou 174% da meta, a segunda chegou a 206%, a terceira decolou para 522%, e a quarta já bateu o objetivo quando ainda faltavam 40 dias para o final. A chave do sucesso? Quase todos apoiadores são recorrentes. Neste post, Koff conta como construiu sua base de fãs para levar adiante o plano de fazer um projeto por ano. Leia abaixo!

Por Rafael Koff

Minha primeira experiência com crowdfunding foi como uma espécie de teste: decidi experimentar a plataforma com a reedição de um livrinho que estava esgotado. Na época, poucos projetos de quadrinhos tinham passado pelo Catarse e não sabia qual seria a aceitação. Felizmente a reedição do Tirinhas do Zodíaco foi um sucesso e senti como se tivesse encontrado uma boa ferramenta para produzir meus livros.

Tinha dúvida, no entanto, se os apoiadores migrariam de um projeto para o outro comigo. Senti que para isso acontecer, deveria criar uma relação mais próxima com cada apoiador. E essa foi a estratégia para os próximos financiamentos: conversei com a maior parte dos apoiadores anteriores, ofereci recompensas exclusivas, perguntei o que eles tinham achado dos quadrinhos, entrei em contato individual com muitos deles para falar sobre novas ideias...Enfim, separei um tempo para fazer com que se sentissem parte essencial de cada projeto. E acredito que essa tenha sido a maior razão pela qual consegui financiar meus livros seguintes: Freddy and Jason Have Fun e Cuecas por Cima das Calças.

Cada apoiador realmente conta. O melhor caminho acaba sendo fidelizar os que já tenho antes de pensar em conquistar novos

Se tivesse um número enorme de fãs, apostaria sempre em divulgação em massa. Mas no meu caso, a verdade é que cada apoiador realmente conta. E o melhor caminho acaba sendo fidelizar os que já tenho antes de pensar em conquistar novos. Boa parte do meu público é composto de amigos e os que são desconhecidos estão deixando de ser, já que aparecem sempre nos novos projetos. Minha média é de 400 apoiadores por projeto e todos ultrapassaram suas metas. O último conquistou mais de 500% do valor inicial.

O motivo deles terem dado certo vem de reconhecer que existe uma troca constante entre autor e apoiador. Um diálogo. E essa é a melhor parte desse sistema: diminui a distância entre os dois e permite que os apoiadores influenciem o produto final de diversas maneiras diferentes. Por exemplo, muitos apoiadores tinham gostado dos ímãs de geladeira que dei de brinde no projeto Freddy and Jason Have Fun e esse feedback me levou a produzir um novo modelo também para o Cuecas por Cima das Calças. A maioria das obras ainda está em produção durante a captação de recursos e o público não quer mais apenas consumir as obras: quer participar ativamente delas.

Lanterna Verde

A relação com o público estabelecida pelo crowdfunding é muito diferente de uma simples compra e venda. É uma espécie de parceria mesmo. E o número de apoiadores satisfeitos acaba sendo muito mais valioso que o valor financeiro arrecadado. Até por isso tento deixar os valores das recompensas relativamente acessíveis para as pessoas.

Hoje estou no meu quarto projeto. E dessa vez financiando dois livrinhos diferentes de uma só vez. Minha ideia é ter um projeto novo a cada ano. E como tinha duas ideias de livros para esse ano, coloquei ambos em um projeto só. A ideia dessa união foi não incomodar os apoiadores em potencial com duas divulgações diferentes e também economizar no envio das recompensas. Uma estratégia que parece ter dado certo.

Até agora, o projeto está indo muito bem. E, o que me deixa mais feliz: é composto quase que totalmente por apoiadores recorrentes.

Tirinhas do Zoodíaco

 

Outras coisas que aprendi com meus projetos anteriores:

Meta: Seja realista. Pense em como vai divulgar, qual vai ser o valor médio dos apoios, quais serão os custos de produção e coloque o mínimo possível. Conforme você for passando da meta, pode ir melhorando o produto final, mas ninguém quer embarcar em um navio que parece que vai afundar por ser ambicioso demais.

Recompensas: É importante valorizar o dinheiro dos apoiadores. Se alguém doou R$ 30, é melhor mandar mais que um adesivo para ela. Seja criativo e recompense bem quem ajudar você. Vale a pena investir em recompensas exclusivas, que só possam ser adquiridas pelo Catarse e recompensar também os primeiros apoiadores. Se eles embarcarem no projeto, vão trazer outros com eles. E todo mundo precisa de uma explosão inicial.

Confiança: Como já tive três projetos anteriores em que financiei e entreguei todas as recompensas sem problemas, os apoiadores sabem que podem investir também no novo. Dialogar com frequência, ser educado e responder rapidamente as dúvidas são coisas fundamentais. Muitos projetos demoram demais para entregar ou tem autores que se tornam inacessíveis, deixando os apoiadores frustrados. E esse tipo de frustração reflete negativamente em todos os autores de projetos.

Divulgação: Tenho uma rede de contatos com os leitores dos meus quadrinhos pronta para a divulgar antes mesmo de colocar projetos no ar. Não é um número tão grande, mas é fundamental pensar em quem são seus apoiadores em potencial e em estratégias para chegar até eles.

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