Lembrar é resistir - 50 anos do golpe e os filmes sobre a ditadura no Catarse

Ditadura Assassina

Em 1979 o Brasil ainda vivia sob o julgo da ditadura militar, mas já dava tímidos passos rumo ao tão aguardado processo de redemocratização. A tensão ainda estava no ar. Ninguém sabia ao certo qual seria o destino legal dos crimes que o Estado teria cometido durante o regime. O temor era que algumas das principais provas, os documentos produzidos pelo próprio governo, fossem “acidentalmente” perdidos, incendiados ou triturados ao apagar das luzes. Então, um grupo de advogados e ativistas resolveu colocar um ousado plano em ação: iam copiar secretamente esses documentos embaixo dos narizes dos militares e arquivá-los.

Após seis anos fugindo da desconfiança dos oficiais, a corajosa tarefa foi finalmente concluída. Mais de 700 processos judiciais do Supremo Tribunal Militar foram consultados, copiados e reunidos em um documento mãe de 6.891 páginas divididas em 12 volumes. Ali pela primeira vez foi possível saber quantos cidadãos foram presos pelo regime, quantos desapareceram e quais eram as modalidades de tortura mais praticadas e onde elas aconteciam. Em 15 de julho de 1985, quatro meses após o fim da ditadura militar, o livro “Brasil: Nunca Mais” foi publicado. Obra essencial na preservação da memória do regime e uma das principais fonte de pesquisa sobre essa fase da história do Brasil.

A ação desses ativistas e advogados é um exemplo da dinâmica potencializada pelo financiamento coletivo: a sociedade civil organizada em prol de um bem comum. Esse bem comum pode ser desde a publicação de uma revista em quadrinhos até uma iniciativa como o Brasil: Nunca Mais. Na semana que vem, o golpe militar completa 50 anos. Decidimos reunir um filme que está em campanha e outros três que passaram pelo Catarse que abordaram o período de alguma forma e ajudaram a construir e recuperar a memória dos Anos de Chumbo. Lembrar, afinal, é também um ato de resistência.

Para que nunca se esqueça. Para que nunca mais aconteça

Eu contei apenas um resumo da combativa trajetória do Brasil: Nunca Mais. Há 30 anos eles lutam contra as torturas do passado e do presente. A história completa do grupo e as reflexões da violência de ontem e hoje são o tema do documentário Coratio, que neste momento busca financiamento no Catarse. O filme discute por que ainda repetimos os mesmos erros do passado. A violência não sumiu. Ao contrário: a tortura está institucionalizada, com confissões arrancadas à força, suspeitos desaparecendo ou até morrendo em contextos duvidosos. Recomendo que todos separem menos de dois minutos e assistam ao trailer de Coratio. Impossível não se emocionar.

Lunática

Com 61 apoiadores, o curta narra a história de Helena, que teve os pais desaparecidos em 1967 durante o regime ditatorial brasileiro. A infância traumática resulta na internação em uma clínica psiquiátrica. Uma história de ficção com o apoio do cartunista Laerte, mas que poderia ser real e acontecer com qualquer um dos filhos e parentes dos mais de 470 desaparecidos políticos da ditadura.

Verdade 12.528

Apenas em 2012 a Comissão Nacional da Verdade foi criada com o objetivo de investigar as graves infrações ocorridas contra os direitos humanos durante a ditadura militar brasileira. Nesse momento histórico nasce também a ideia do documentário Verdade 12.528, cujo nome se relaciona exatamente à lei que criou a Comissão Nacional da Verdade em 2011 e a instituiu em maio de 2012. O filme registra a expectativa da sociedade e principalmente dos perseguidos pela ditadura em relação à comissão. Um manifesto pela memória, verdade e justiça. Após uma bem-sucedida campanha de financiamento coletivo na qual 154 pessoas arrecadaram mais de R$ 18 mil, o documentário foi finalizado. O filme vem sendo exibido em festivais ao redor do mundo e em breve deve entrar em distribuição nas salas de cinema do Brasil.

Preto ou Branco!

Eduardo Pena, um jornalista experiente, denuncia um possível atentado a bomba em um aeroporto durante a ditadura. Pressionado de todos os lados por sua atitude, Pena descobrirá que o seu inconsciente pode ser seu maior algoz. Realizado totalmente em estúdio e usando a técnica de composição com Chroma-Key, o curta Preto ou Branco dialoga com o suspense e o cinema Noir e arrebata prêmios em festivais pelo Brasil.
Anthony Ravoni
Consultor de Mídias Sociais e Captação de Recursos. Provavelmente escreveu as linhas tortas acima ao som de Charles Mingus, Manguebit e Gangsta Rap.

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Lembrar é resistir - 50 anos do golpe e os filmes sobre a ditadura no Catarse

Ditadura Assassina

Em 1979 o Brasil ainda vivia sob o julgo da ditadura militar, mas já dava tímidos passos rumo ao tão aguardado processo de redemocratização. A tensão ainda estava no ar. Ninguém sabia ao certo qual seria o destino legal dos crimes que o Estado teria cometido durante o regime. O temor era que algumas das principais provas, os documentos produzidos pelo próprio governo, fossem “acidentalmente” perdidos, incendiados ou triturados ao apagar das luzes. Então, um grupo de advogados e ativistas resolveu colocar um ousado plano em ação: iam copiar secretamente esses documentos embaixo dos narizes dos militares e arquivá-los.

Após seis anos fugindo da desconfiança dos oficiais, a corajosa tarefa foi finalmente concluída. Mais de 700 processos judiciais do Supremo Tribunal Militar foram consultados, copiados e reunidos em um documento mãe de 6.891 páginas divididas em 12 volumes. Ali pela primeira vez foi possível saber quantos cidadãos foram presos pelo regime, quantos desapareceram e quais eram as modalidades de tortura mais praticadas e onde elas aconteciam. Em 15 de julho de 1985, quatro meses após o fim da ditadura militar, o livro “Brasil: Nunca Mais” foi publicado. Obra essencial na preservação da memória do regime e uma das principais fonte de pesquisa sobre essa fase da história do Brasil.

A ação desses ativistas e advogados é um exemplo da dinâmica potencializada pelo financiamento coletivo: a sociedade civil organizada em prol de um bem comum. Esse bem comum pode ser desde a publicação de uma revista em quadrinhos até uma iniciativa como o Brasil: Nunca Mais. Na semana que vem, o golpe militar completa 50 anos. Decidimos reunir um filme que está em campanha e outros três que passaram pelo Catarse que abordaram o período de alguma forma e ajudaram a construir e recuperar a memória dos Anos de Chumbo. Lembrar, afinal, é também um ato de resistência.

Para que nunca se esqueça. Para que nunca mais aconteça

Eu contei apenas um resumo da combativa trajetória do Brasil: Nunca Mais. Há 30 anos eles lutam contra as torturas do passado e do presente. A história completa do grupo e as reflexões da violência de ontem e hoje são o tema do documentário Coratio, que neste momento busca financiamento no Catarse. O filme discute por que ainda repetimos os mesmos erros do passado. A violência não sumiu. Ao contrário: a tortura está institucionalizada, com confissões arrancadas à força, suspeitos desaparecendo ou até morrendo em contextos duvidosos. Recomendo que todos separem menos de dois minutos e assistam ao trailer de Coratio. Impossível não se emocionar.

Lunática

Com 61 apoiadores, o curta narra a história de Helena, que teve os pais desaparecidos em 1967 durante o regime ditatorial brasileiro. A infância traumática resulta na internação em uma clínica psiquiátrica. Uma história de ficção com o apoio do cartunista Laerte, mas que poderia ser real e acontecer com qualquer um dos filhos e parentes dos mais de 470 desaparecidos políticos da ditadura.

Verdade 12.528

Apenas em 2012 a Comissão Nacional da Verdade foi criada com o objetivo de investigar as graves infrações ocorridas contra os direitos humanos durante a ditadura militar brasileira. Nesse momento histórico nasce também a ideia do documentário Verdade 12.528, cujo nome se relaciona exatamente à lei que criou a Comissão Nacional da Verdade em 2011 e a instituiu em maio de 2012. O filme registra a expectativa da sociedade e principalmente dos perseguidos pela ditadura em relação à comissão. Um manifesto pela memória, verdade e justiça. Após uma bem-sucedida campanha de financiamento coletivo na qual 154 pessoas arrecadaram mais de R$ 18 mil, o documentário foi finalizado. O filme vem sendo exibido em festivais ao redor do mundo e em breve deve entrar em distribuição nas salas de cinema do Brasil.

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