Nova meta: estruturar, clarificar e distribuir poder

Em São Paulo ou em Montreal, toda a equipe do Catarse se reuniu para rediscutir os rumos da plataforma Em São Paulo ou em Montreal, toda a equipe do Catarse se reuniu para rediscutir os rumos da plataforma

No final de janeiro, a equipe da plataforma se reuniu em São Paulo para a Semana Catártica, evento trimestral para avaliar o cumprimento das metas do último trimestre e pensar e priorizar as ações para os próximos. Não só alcançamos, como superamos o último objetivo de ter 60% projetos no ar a mais do que no mesmo período do ano anterior. De 128 campanhas abertas nos últimos três meses de 2012, passamos para 256 na trinca final de 2013, um aumento de 100%. Pouco mais de 11% desse total foram de projetos do Canal Eu Maior, que financiou exibições do filme sobre a busca da felicidade em 30 cidades do país.

Depois de estabelecermos essa meta e começarmos a trazer novos projetos, percebemos, porém, que havia um trabalho anterior que se impunha pela necessidade de conceder capacidade de escala à plataforma. No último ano, a equipe passou de 5 para 16 pessoas. Esse rápido crescimento evidenciou a imprescindibilidade de tornar rotinas, fluxos e ações não apenas mais claros e acessíveis para toda a equipe, mas independentes de pessoas. As tarefas deviam ser responsabilidades de papéis da estrutura da empresa e que podem ser exercidos por diferentes pessoas.

Nossa meta Monstro, objetivo de longuíssimo prazo e que do horizonte orienta nossa trajetória, continua “ser a primeira opção para viabilizar ideias criativas no Brasil”. A meta do trimestre, no entanto, deixou de ser um número referente à entrada de projetos na plataforma para se tornar um indicador do processo de estruturação que necessitamos. Nos primeiros três meses de 2014 queremos estruturar e melhorar processos, políticas e atividades-chave da plataforma que nos deixarão prontos para alcançarmos a meta monstrinho (financiar 2.000 projetos até o final do ano).

Assim, os seis círculos de trabalho da plataforma (desenvolvimento de produto, suporte à comunidade, comunicação e marketing, canais, pessoas e administrativo financeiro) priorizaram projetos para documentar e otimizar nossas atividades para nos prepararmos para o crescimento. O sucesso desse objetivo será medido a partir da entrega dos projetos priorizados para o trimestre.

O crescimento da equipe e da plataforma como um todo evidenciou também outras necessidades. Assumir responsabilidades, entregar outras nas mãos dos colegas, delegar poderes de decisão a determinadas pessoas e grupos são algumas das questões que nos fizeram pensar mais a fundo sobre as relações humanas que moldam a empresa. Todos compartilhamos do mesmo apreço por abertura, transparência, horizontalidade, colaboração. Para prosseguirmos na construção da cultura do financiamento coletivo, corresponder ao tamanho do desafio e preservar esses ideais fundamentais da plataforma, precisávamos definir regras mais concretas.

Reantinho Renatinho Garcia, skatista, mago das finanças do Catarse nas horas vagas e sócio do ortopedista

Quando lemos nessa reportagem que o Medium, plataforma para textos admirada por nós e fundada pelo Ev Williams, um dos criadores do twitter, estava construindo uma empresa sem gerentes, percebemos que esse poderia ser um caminho. O nome da teoria é Holacracia, uma tecnologia social para organizações com propósito que sugere mudanças em três eixos centrais de qualquer empresa: estrutura organizacional, a forma como as decisões são tomadas e a maneira como o poder é distribuído.

O modelo surgiu da necessidade e vontade de extrapolar os princípios da filosofia Agile, já provados e sedimentados na cultura de desenvolvimento de software, para o nível da governança e direção da organização. A Holacracia propõe uma metodologia completa, com uma série de práticas - e até uma constituição própria - para atingir o objetivo de dar voz à vontade da organização.

Assim, decidimos também que o primeiro trimestre de 2014 seria um período de estudo e experimentação das propostas da Holacracia. Vamos começar a traduzir a constituição e implementar algumas metodologias. A citação abaixo do Ev Williams resume bem os motivos que fizeram com que nos aprofundemos no estudo dessa teoria.

Holacracia é o oposto da maneira clichê de gerir uma startup. As pessoas pensam em "liberdade, sem descrição de trabalho, todo mundo faz tudo, é totalmente plano, e isso é legal porque todos queremos derrubar essas regras." Mas, na verdade, isso cria toneladas de ansiedade e ineficiência, e vários modos de disfunção, se nós temos que construir um consenso em torno de cada decisão, ou eu se vou fazer uma apropriação de terras para o poder. As pessoas romantizam culturas de startups, mas eu sei que é bastante raro que as pessoas em startups digam "é isso, é incrível e todo mundo é superprodutivo e está indo bem junto". Assim, na Holacracia, um dos princípios é tornar explícito o implícito - grande parte é sobre a criação de clareza: quem está no comando do que, quem está tomando que tipo de decisão. Ao mesmo tempo, há um sistema para definir e mudar isso, por isso é muito flexível
Felipe Caruso
Missionário do coletivismo e jornalista com doses de poesia, ceticismo e pragmatismo

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No final de janeiro, a equipe da plataforma se reuniu em São Paulo para a Semana Catártica, evento trimestral para avaliar o cumprimento das metas do último trimestre e pensar e priorizar as ações para os próximos. Não só alcançamos, como superamos o último objetivo de ter 60% projetos no ar a mais do que no mesmo período do ano anterior. De 128 campanhas abertas nos últimos três meses de 2012, passamos para 256 na trinca final de 2013, um aumento de 100%. Pouco mais de 11% desse total foram de projetos do Canal Eu Maior, que financiou exibições do filme sobre a busca da felicidade em 30 cidades do país.

Depois de estabelecermos essa meta e começarmos a trazer novos projetos, percebemos, porém, que havia um trabalho anterior que se impunha pela necessidade de conceder capacidade de escala à plataforma. No último ano, a equipe passou de 5 para 16 pessoas. Esse rápido crescimento evidenciou a imprescindibilidade de tornar rotinas, fluxos e ações não apenas mais claros e acessíveis para toda a equipe, mas independentes de pessoas. As tarefas deviam ser responsabilidades de papéis da estrutura da empresa e que podem ser exercidos por diferentes pessoas.

Nossa meta Monstro, objetivo de longuíssimo prazo e que do horizonte orienta nossa trajetória, continua “ser a primeira opção para viabilizar ideias criativas no Brasil”. A meta do trimestre, no entanto, deixou de ser um número referente à entrada de projetos na plataforma para se tornar um indicador do processo de estruturação que necessitamos. Nos primeiros três meses de 2014 queremos estruturar e melhorar processos, políticas e atividades-chave da plataforma que nos deixarão prontos para alcançarmos a meta monstrinho (financiar 2.000 projetos até o final do ano).

Assim, os seis círculos de trabalho da plataforma (desenvolvimento de produto, suporte à comunidade, comunicação e marketing, canais, pessoas e administrativo financeiro) priorizaram projetos para documentar e otimizar nossas atividades para nos prepararmos para o crescimento. O sucesso desse objetivo será medido a partir da entrega dos projetos priorizados para o trimestre.

O crescimento da equipe e da plataforma como um todo evidenciou também outras necessidades. Assumir responsabilidades, entregar outras nas mãos dos colegas, delegar poderes de decisão a determinadas pessoas e grupos são algumas das questões que nos fizeram pensar mais a fundo sobre as relações humanas que moldam a empresa. Todos compartilhamos do mesmo apreço por abertura, transparência, horizontalidade, colaboração. Para prosseguirmos na construção da cultura do financiamento coletivo, corresponder ao tamanho do desafio e preservar esses ideais fundamentais da plataforma, precisávamos definir regras mais concretas.

Reantinho Renatinho Garcia, skatista, mago das finanças do Catarse nas horas vagas e sócio do ortopedista

Quando lemos nessa reportagem que o Medium, plataforma para textos admirada por nós e fundada pelo Ev Williams, um dos criadores do twitter, estava construindo uma empresa sem gerentes, percebemos que esse poderia ser um caminho. O nome da teoria é Holacracia, uma tecnologia social para organizações com propósito que sugere mudanças em três eixos centrais de qualquer empresa: estrutura organizacional, a forma como as decisões são tomadas e a maneira como o poder é distribuído.

O modelo surgiu da necessidade e vontade de extrapolar os princípios da filosofia Agile, já provados e sedimentados na cultura de desenvolvimento de software, para o nível da governança e direção da organização. A Holacracia propõe uma metodologia completa, com uma série de práticas - e até uma constituição própria - para atingir o objetivo de dar voz à vontade da organização.

Assim, decidimos também que o primeiro trimestre de 2014 seria um período de estudo e experimentação das propostas da Holacracia. Vamos começar a traduzir a constituição e implementar algumas metodologias. A citação abaixo do Ev Williams resume bem os motivos que fizeram com que nos aprofundemos no estudo dessa teoria.

Holacracia é o oposto da maneira clichê de gerir uma startup. As pessoas pensam em "liberdade, sem descrição de trabalho, todo mundo faz tudo, é totalmente plano, e isso é legal porque todos queremos derrubar essas regras." Mas, na verdade, isso cria toneladas de ansiedade e ineficiência, e vários modos de disfunção, se nós temos que construir um consenso em torno de cada decisão, ou eu se vou fazer uma apropriação de terras para o poder. As pessoas romantizam culturas de startups, mas eu sei que é bastante raro que as pessoas em startups digam "é isso, é incrível e todo mundo é superprodutivo e está indo bem junto". Assim, na Holacracia, um dos princípios é tornar explícito o implícito - grande parte é sobre a criação de clareza: quem está no comando do que, quem está tomando que tipo de decisão. Ao mesmo tempo, há um sistema para definir e mudar isso, por isso é muito flexível

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