Testamentos de Franz Kafka, a intrigante história de uma herança

Franz Kafka foi um dos escritores mais influentes do século XX. Ele é conhecido por sua singularidade sombria, desorientadora e estilo de escrita surreal. Sua escrita foi tão disruptiva que qualquer coisa que se assemelhe passou a ser conhecida e referida como kafkiana.

Mas você sabia que, se a vontade dele tivesse sido respeitada, nunca leríamos absolutamente nada, sequer uma palavra de sua antologia? Pois é, e nós temos que agradecer a uma traição de Max Brod por isso. Quer saber mais sobre essa história? Eu te conto!

Quem foi Franz Kafka?

Quando perguntamos se alguém sabe algo sobre Kafka, a probabilidade de ela responder que sabe que ele é o autor de A metamorfose é enorme, pois esse é seu título mais famoso. Contudo, no caso específico deste autor, é interessante saber alguns detalhes sobre a sua vida, pois, como bem disse o autor e pesquisador alemão Reiner Stach, biógrafo de Kafka: “Depois de algumas frases, muitas vezes ainda não sabemos se este é o início de um texto literário ou a descrição de uma experiência real.”

František Kafka, popularmente conhecido como Franz Kafka, nasceu em Praga no dia 3 de julho de 1883, sendo membro de uma família de origem judaica, filho de uma mulher submissa e de um bem-sucedido comerciante judeu que era extremamente agressivo, impetuoso e esperava que o filho estivesse à sua altura. Por ironia do destino, Kafka nasceu pequeno e ansioso, o que resultou em uma relação parental conflituosa, opressora e traumática.

Durante a adolescência, Kafka passou a escrever, principalmente à noite, movido por uma força estranha que habitava em seu interior, como uma forma de tomar as rédeas de suas vontades, desejos e pensamentos para dar um contorno à sua vida, além de aliviar a sua ansiedade, culpa e autoaversão. Por essa razão, seus escritos são marcados por temas como alienação, opressão física e psicológica, desumanidade, conflitos familiares, deformação da realidade, antitradicionalismo, irracionalismo, pessimismo, personagens com missões aterrorizantes, labirintos burocráticos e transformações místicas.

Na sua maioridade, após duas semanas cursando Química, trocou para Direito na Deutsche Karl-Ferdinands-Universität, apesar de ser um curso e profissão pelo qual não sentia grande afinidade, mas era uma área que oferecia uma gama de carreiras que satisfariam seu pai. E a melhor coisa que aconteceu devido a essa escolha foi que, no fim dos primeiros anos de estudo na universidade, conheceu Max Brod. Ele foi o responsável por convencer Kafka a publicar seu primeiro livro Contemplação, uma coleção de 18 contos escritos entre 1904 e 1912.

Influências e o legado kafkiano

À medida que Kafka vivia, diversos fatores o angustiavam e eram combustível para suas escritas, por exemplo, sua vida trabalhando como burocrata, muitas vezes opressiva, influenciou suas obras, assim como os eventos históricos, como a ascensão do antissemitismo na Europa e o início do nazifascismo, impactaram sua perspectiva. 

Em novembro de 1919, cinco anos antes de sua morte, aos 36 anos, escreveu uma carta de 47 páginas na qual tentou explicar como sua infância o deformou. O destinatário era Max Brod. No entanto, após pedir à sua mãe que entregasse a carta ao amigo, ela a leu, guardou por alguns dias, devolveu a Kafka e disse que seria melhor que seu marido jamais tivesse que ler aquilo. Esse acontecimento marcou profundamente o autor.

Já era típico, um hábito, Kafka não finalizar seus escritos, pois acreditava que era indigno e não faria bem a nenhuma pessoa que o lesse. E, talvez, devido a tudo isso, em seu leito de morte, instruiu Max Brod para queimar todos os seus escritos, seja na forma de diários, manuscritos, cartas e esboços sem serem lidos. Brod decidiu trair o pedido do amigo, pois não suportou a ideia de que as obras morressem com seu autor.

Testamentos: o espólio de Franz Kafka

Curtiu saber mais sobre Kafka? Então, você precisa saber que aqui, no Catarse, está no ar a campanha Testamento, que examina dois bilhetes-testamentos de Kafka, escritos num intervalo de cerca de um ano, endereçados a Max Brod, mas nunca enviados. São dois documentos singulares em sua proposta, em sua forma e, claro, nas consequências que tiveram ao não serem atendidos.

Razões para você apoiar a campanha:

  1. Primeiro livro dedicado à história do testamento mais famoso da literatura moderna
  2. Textos inéditos em português de Max Brod, Milena Jesenská e Gustav Janouch
  3. Reconstrução de um conto de Kafka disperso ao longo de entradas de seu diário
  4. Ilustrado com fotos e desenhos, inclusive inéditos, de Franz Kafka
  5. Todos os textos traduzidos são acompanhados por comentários do tradutor
  6. Posfácio do tradutor descrevendo a incrível história da trajetória do espólio literário em detalhes

Diante de todas essas razões fica até difícil não conferir aqui a página da campanha e apoiá-la, não é mesmo? Então não perca tempo, que ela ficará no ar só até 08/03!

Para aprofundar no universo kafkiano:

Lorena Camilo
Mestra em Estudos Literários, editora, redatora e aficionada por arte e cultura pop.

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Testamentos de Franz Kafka, a intrigante história de uma herança

Franz Kafka foi um dos escritores mais influentes do século XX. Ele é conhecido por sua singularidade sombria, desorientadora e estilo de escrita surreal. Sua escrita foi tão disruptiva que qualquer coisa que se assemelhe passou a ser conhecida e referida como kafkiana.

Mas você sabia que, se a vontade dele tivesse sido respeitada, nunca leríamos absolutamente nada, sequer uma palavra de sua antologia? Pois é, e nós temos que agradecer a uma traição de Max Brod por isso. Quer saber mais sobre essa história? Eu te conto!

Quem foi Franz Kafka?

Quando perguntamos se alguém sabe algo sobre Kafka, a probabilidade de ela responder que sabe que ele é o autor de A metamorfose é enorme, pois esse é seu título mais famoso. Contudo, no caso específico deste autor, é interessante saber alguns detalhes sobre a sua vida, pois, como bem disse o autor e pesquisador alemão Reiner Stach, biógrafo de Kafka: “Depois de algumas frases, muitas vezes ainda não sabemos se este é o início de um texto literário ou a descrição de uma experiência real.”

František Kafka, popularmente conhecido como Franz Kafka, nasceu em Praga no dia 3 de julho de 1883, sendo membro de uma família de origem judaica, filho de uma mulher submissa e de um bem-sucedido comerciante judeu que era extremamente agressivo, impetuoso e esperava que o filho estivesse à sua altura. Por ironia do destino, Kafka nasceu pequeno e ansioso, o que resultou em uma relação parental conflituosa, opressora e traumática.

Durante a adolescência, Kafka passou a escrever, principalmente à noite, movido por uma força estranha que habitava em seu interior, como uma forma de tomar as rédeas de suas vontades, desejos e pensamentos para dar um contorno à sua vida, além de aliviar a sua ansiedade, culpa e autoaversão. Por essa razão, seus escritos são marcados por temas como alienação, opressão física e psicológica, desumanidade, conflitos familiares, deformação da realidade, antitradicionalismo, irracionalismo, pessimismo, personagens com missões aterrorizantes, labirintos burocráticos e transformações místicas.

Na sua maioridade, após duas semanas cursando Química, trocou para Direito na Deutsche Karl-Ferdinands-Universität, apesar de ser um curso e profissão pelo qual não sentia grande afinidade, mas era uma área que oferecia uma gama de carreiras que satisfariam seu pai. E a melhor coisa que aconteceu devido a essa escolha foi que, no fim dos primeiros anos de estudo na universidade, conheceu Max Brod. Ele foi o responsável por convencer Kafka a publicar seu primeiro livro Contemplação, uma coleção de 18 contos escritos entre 1904 e 1912.

Influências e o legado kafkiano

À medida que Kafka vivia, diversos fatores o angustiavam e eram combustível para suas escritas, por exemplo, sua vida trabalhando como burocrata, muitas vezes opressiva, influenciou suas obras, assim como os eventos históricos, como a ascensão do antissemitismo na Europa e o início do nazifascismo, impactaram sua perspectiva. 

Em novembro de 1919, cinco anos antes de sua morte, aos 36 anos, escreveu uma carta de 47 páginas na qual tentou explicar como sua infância o deformou. O destinatário era Max Brod. No entanto, após pedir à sua mãe que entregasse a carta ao amigo, ela a leu, guardou por alguns dias, devolveu a Kafka e disse que seria melhor que seu marido jamais tivesse que ler aquilo. Esse acontecimento marcou profundamente o autor.

Já era típico, um hábito, Kafka não finalizar seus escritos, pois acreditava que era indigno e não faria bem a nenhuma pessoa que o lesse. E, talvez, devido a tudo isso, em seu leito de morte, instruiu Max Brod para queimar todos os seus escritos, seja na forma de diários, manuscritos, cartas e esboços sem serem lidos. Brod decidiu trair o pedido do amigo, pois não suportou a ideia de que as obras morressem com seu autor.

Testamentos: o espólio de Franz Kafka

Curtiu saber mais sobre Kafka? Então, você precisa saber que aqui, no Catarse, está no ar a campanha Testamento, que examina dois bilhetes-testamentos de Kafka, escritos num intervalo de cerca de um ano, endereçados a Max Brod, mas nunca enviados. São dois documentos singulares em sua proposta, em sua forma e, claro, nas consequências que tiveram ao não serem atendidos.

Razões para você apoiar a campanha:

  1. Primeiro livro dedicado à história do testamento mais famoso da literatura moderna
  2. Textos inéditos em português de Max Brod, Milena Jesenská e Gustav Janouch
  3. Reconstrução de um conto de Kafka disperso ao longo de entradas de seu diário
  4. Ilustrado com fotos e desenhos, inclusive inéditos, de Franz Kafka
  5. Todos os textos traduzidos são acompanhados por comentários do tradutor
  6. Posfácio do tradutor descrevendo a incrível história da trajetória do espólio literário em detalhes

Diante de todas essas razões fica até difícil não conferir aqui a página da campanha e apoiá-la, não é mesmo? Então não perca tempo, que ela ficará no ar só até 08/03!

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