Código aberto: a revolução dos bichos

O Catarse já arrecadou mais de R$ 70 milhões em quase 7 anos de operaçãoe ajudou a vir ao mundo quase  6.200 projetos. Por trás do brilho e grandeza de cada campanha, o software é uma parte oculta e fundamental desse processo. Nosso código é aberto para que as pessoas possam utilizá-lo, copiá-lo e modificá-lo em suas próprias plataformas. São mais de 800 cópias do Catarse que existem na plataforma para hospedagem e desenvolvimento colaborativo de código Github e mais de 1300 pessoas que observam a evolução das linhas do software. São 57 pessoas que já contribuíram com o código do Catarse em mais de 15.000 pequenas (algumas nem tanto) contribuições. (ps: esse parágrafo foi atualizado em 13/11/2017, para refletir os nosso números atuais)

Esses números existem porque o código fonte do Catarse não está trancado como um segredo de estado em uma catacumba profunda além do fosso com jacarés, mas sim aberto. O Catarse se tornar open source foi uma decisão natural diante do nascimento colaborativo da plataforma, discutido no blog crowdfunding BR e juntando diferentes pessoas. Contamos um pouco mais sobre as razões da abertura do código neste post do blog.

O Tux é o mascote do Linux O Tux é o mascote do Linux

O financiamento coletivo e o código aberto

O financiamento coletivo é uma instância de um conceito mais amplo chamado crowdsourcing. Uma explicação bacana dos dois conceitos e alguns dados históricos podem ser vistos nessa animação (somente em inglês) feita pelo pessoal do crowdsourcing.org. O desenvolvimento de softwares com código aberto é uma espécie de crowdsourcing, no qual várias pessoas doam recursos (seja tempo de trabalho ou dinheiro), para concretizar um projeto de interesse comum.

Antes de trabalhar com o Catarse ou antes mesmo dos nomes crowd* serem cunhados vários desenvolvedores e eu já trabalhávamos com aplicativos de código aberto. Para um bom exemplo de como funcionam esses projetos vale conferir o vídeo feito pela Linux Foundation explicando o modelo de desenvolvimento do Linux. Algumas características também se aplicam ao modelo de desenvolvimento do Catarse.

Algumas pessoas dizem que, no momento em que temos uma ideia, várias pessoas já estão trabalhando nela. O que pensamos não existe no vazio, mas é fruto de um contexto histórico e social. Pensando nisso, não me surpreende o fato de que um dos fundadores do Catarse estava envolvido tanto com comunidades de usuários de software livre quanto com o meio artístico. Se extrapolarmos alguns princípios do código aberto e de seu modelo de negócio para outras áreas, chegamos a pontos como o financiamento coletivo pela internet e a criação colaborativa no meio artístico.

Senta que lá vem história

A prática de publicar o código fonte de softwares deve ser tão antiga quanto o próprio desenvolvimento de aplicações. Antes de existirem computadores padronizados e largamente distribuídos, o código fonte não era valorizado como commodity. Logo a maior parte dos programas desenvolvidos eram compartilhados e até distribuídos junto com os computadores. Essa forma de operar está profundamente ligada com o nascimento da cultura hacker e mesmo com os primórdios da internet. A ARPANET, rede que deu origem à atual internet, usava um processo para criação de protocolos de rede que era baseado em colaboração e padrões abertos.

Com o tempo passamos pela padronização do hardware, e os softwares tornaram-se bens mais valiosos e passaram a ser comercializados como algo independente dos computadores que os executavam. Uma geração inteira de desenvolvedores (inclusive eu) cresceu com a crença comum que a única forma de trabalhar com desenvolvimento era criando aplicativos que seriam vendidos.

Em 1983, um grupo que misturava uma ideologia meio hippie a motivações práticas cria o projeto GNU para criar um sistema operacional completamente livre para uso, distribuição e modificação. A partir de então, o movimento ganha um nome e, aos poucos, diversos softwares são criados com as mesmas liberdades. Durante a década de 90, várias empresas surgem para trabalhar com projetos de código aberto e usar um método de capitalização que não era baseado na venda do software, mas sim na prestação de serviços relacionados a ele.

Hoje o número de projetos de código aberto e negócios baseados neles é estarrecedor. Curiosamente vários softwares têm um mascote animal como logo, brincadeira que foi adotada pela empresa Github e quiçá, no futuro, pelo Catarse.

gerwinski-gnu-head Logo do projeto GNU

Onde estamos, para onde vamos e o que vamos jantar hoje?

Hoje, apesar de ter o código aberto e um processo de revisão que pode ser acompanhado por qualquer desenvolvedor interessado, ainda faltam muitas coisas para chegarmos onde queremos. Já é possível baixar o código do Catarse do repositório no Github e colocar no ar uma versão com um design personalizado. Assim os outros produtos podem usar mecanismos do Github para enviar modificações que melhorem a plataforma e eles nos ajudam a melhorar o produto de todos.

Mascote do Github no estilo Daft Punk Mascote do Github no estilo Daft Punk

É um curioso ecossistema onde empresas compartilham riscos e recursos trabalhando sobre uma plataforma tecnológica comum. Então, podemos dizer que a própria criação do Catarse é feita beneficiando-se do crowdsourcing, criando uma interessante espécie de auto-referência. Ainda temos que fortalecer a cultura tanto dentro da equipe do Catarse quanto nas equipes dos projetos irmãos, para trabalharmos em sintonia e colaborarmos mais uns com os outros.

Atualmente nossa lista de discussão de desenvolvimento também é aberta, mas sempre queremos que algumas partes do desenvolvimento se tornem mais transparentes. Ainda estudamos formas de fazer isso. Se você é desenvolvedor, designer, ou simplesmente interessado pela plataforma do Catarse sinta-se à vontade para passar por lá e nos ajudar a construir a plataforma de financiamento coletivo aberta mais colaborativa da internet :)

Mascote do PostgreSQL, banco de dados que instrumenta o Catarse Mascote do PostgreSQL, banco de dados que instrumenta o Catarse

 
Diogo Biazus
Data Junkie. Gosta de estruturas auto-explicativas, auto-referentes e auto-limpantes.

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Esses números existem porque o código fonte do Catarse não está trancado como um segredo de estado em uma catacumba profunda além do fosso com jacarés, mas sim aberto. O Catarse se tornar open source foi uma decisão natural diante do nascimento colaborativo da plataforma, discutido no blog crowdfunding BR e juntando diferentes pessoas. Contamos um pouco mais sobre as razões da abertura do código neste post do blog.

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Antes de trabalhar com o Catarse ou antes mesmo dos nomes crowd* serem cunhados vários desenvolvedores e eu já trabalhávamos com aplicativos de código aberto. Para um bom exemplo de como funcionam esses projetos vale conferir o vídeo feito pela Linux Foundation explicando o modelo de desenvolvimento do Linux. Algumas características também se aplicam ao modelo de desenvolvimento do Catarse.

Algumas pessoas dizem que, no momento em que temos uma ideia, várias pessoas já estão trabalhando nela. O que pensamos não existe no vazio, mas é fruto de um contexto histórico e social. Pensando nisso, não me surpreende o fato de que um dos fundadores do Catarse estava envolvido tanto com comunidades de usuários de software livre quanto com o meio artístico. Se extrapolarmos alguns princípios do código aberto e de seu modelo de negócio para outras áreas, chegamos a pontos como o financiamento coletivo pela internet e a criação colaborativa no meio artístico.

Senta que lá vem história

A prática de publicar o código fonte de softwares deve ser tão antiga quanto o próprio desenvolvimento de aplicações. Antes de existirem computadores padronizados e largamente distribuídos, o código fonte não era valorizado como commodity. Logo a maior parte dos programas desenvolvidos eram compartilhados e até distribuídos junto com os computadores. Essa forma de operar está profundamente ligada com o nascimento da cultura hacker e mesmo com os primórdios da internet. A ARPANET, rede que deu origem à atual internet, usava um processo para criação de protocolos de rede que era baseado em colaboração e padrões abertos.

Com o tempo passamos pela padronização do hardware, e os softwares tornaram-se bens mais valiosos e passaram a ser comercializados como algo independente dos computadores que os executavam. Uma geração inteira de desenvolvedores (inclusive eu) cresceu com a crença comum que a única forma de trabalhar com desenvolvimento era criando aplicativos que seriam vendidos.

Em 1983, um grupo que misturava uma ideologia meio hippie a motivações práticas cria o projeto GNU para criar um sistema operacional completamente livre para uso, distribuição e modificação. A partir de então, o movimento ganha um nome e, aos poucos, diversos softwares são criados com as mesmas liberdades. Durante a década de 90, várias empresas surgem para trabalhar com projetos de código aberto e usar um método de capitalização que não era baseado na venda do software, mas sim na prestação de serviços relacionados a ele.

Hoje o número de projetos de código aberto e negócios baseados neles é estarrecedor. Curiosamente vários softwares têm um mascote animal como logo, brincadeira que foi adotada pela empresa Github e quiçá, no futuro, pelo Catarse.

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