Festival One Spark: financiamento coletivo olho no olho

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Nosso enviado especial a Berlim, Diego Reeberg foi ver de perto a terceira edição do festival One Spark e a primeira realizada na Europa. O evento reúne pessoas e projetos no mesmo lugar e promove o financiamento coletivo ao vivo. Leia abaixo!

Eu estava ansioso para o evento principal do One Spark Berlin. Foi um dos motivos por eu ter escolhido a cidade pra ser a minha moradia nos próximos dois meses. Apesar de um pouco triste por perder o festival CoCidade que iria acontecer em São Paulo no mesmo dia, estava curioso para saber como seria um evento com a temática do financiamento coletivo no Velho Continente.

Me senti um pouco mais em casa quando, ao chegar, me deparei com um duo. Ela argentina e cantora, ele alemão e contrabaixista. Os dois fazendo as “Águas de Março” atravessarem o oceano e gentilmente acenar um até logo para o verão europeu.

Além deles, chamados “DOS”, outros 49 projetos participavam de um festival e mostra de artes que era uma experiência de financiamento coletivo ao vivo.

Em 2011, o americano Elton Rivas, que acompanhava o crescente cenário do financiamento coletivo no mundo, teve uma ideia: se a essência dessa cultura é juntar pessoas que acreditam em uma causa e fazê-las colaborar, seria ótimo se elas pudessem se conhecer ao vivo.  

Na abertura do One Spark Berlin, Elton disse que o objetivo do One Spark é remontar, por meio de um evento energizante, uma origem antiga do financiamento de ideias: colocar as pessoas em contato, olho no olho.

The original crowdfunding

Essa foi a terceira edição do festival. As duas primeiras aconteceram em Jacksonville, na Flórida, Estados Unidos, sendo que na segunda o evento durou quatro dias e distribuiu mais de U$300 mil para mais de 600 projetos. Agora o One Spark cruzou o Atlântico e chegou até Berlim, que, para Elton, é a grande capital da criatividade na Europa.

Mas, bem, vamos explicar como funciona o evento - pra já economizar saliva caso venha acontecer uma edição tupiniquim ;-).

Primeiramente, as pessoas que têm projetos e precisam de recursos se cadastram na plataforma online. Um júri faz uma seleção, já que o evento não tem espaço pra comportar todos os inscritos.

Durante o evento, os projetos selecionados expõem as ideias em suas barraquinhas e ganham cinco minutos para fazer uma apresentação no palco principal. O objetivo é conquistar o público para votar no seu projeto e contribuir financeiramente com ele. Apesar de ser um evento olho no olho, a tecnologia é uma grande parceira e, pra isso tudo acontecer, pode ser baixado um app que permite tanto doações como a votação.

A votação tem um papel muito importante no financiamento dos projetos. Cada edição do One Spark começa com um fundo (na última nos EUA, foram U$300 mil. Em Berlim, foram 10 mil euros para o fundo, 15 mil para o prêmio do júri e 10 mil para um realizador da cidade). Esse valor é dividido proporcionalmente entre os projetos de acordo com a quantidade de votos que receberem.

Ao colocar isso tudo em um caldeirão e adicionar a poção mágica de uma boa divulgação para atrair o público, faz-se um evento interessantíssimo!

Abaixo tem um breve resumo de cinco projetos que fizeram parte do One Spark. A lista completa dos projetos participantes e do resultado da votação pode ser acessada em https://www.beonespark.com/berlin/results/2014.

O projeto que recebeu mais votos foi o Ecotoillet, cabine de banheiro estilosa e sustentável feita para eventos. Ela utiliza serragem em vez de água para absorver os resíduos, possibilitando a neutralização de odores. O recurso arrecadado vai ser usado em uma pesquisa pra saber se o material orgânico recolhido pode ser usado em compostagens.

Cabine

Outro projeto que me chamou a atenção foi o Die ClicLite, um dispositivo que armazena energia solar e tem uma entrada USB para recarregar celulares. Pelo seu tamanho e peso (30 gramas), ele pode até ser levado no seu chaveiro. ;-)

Die Cliclite

Os quadrinhos também estavam representados no evento pela Graphic Novel Hemispheres, que apresenta um mundo de utopia e outro de distopia para discutir as rápidas mudanças que temos hoje na sociedade e como podemos nos preparar para encarar os desafios do século 21.

Quadrinho

Na lista de inovações, o Nagual Sounds se conecta ao Xbox para transformar os movimentos de cada parte do corpo de uma pessoa em uma orquestra. Braços são baterias, pernas, guitarras e um mar de opções para você criar música a partir da dança.

Nagual

Dos projetos de cunho social, meu destaque vai para o Desert Dust & Mermaids. O objetivo é levar dois artistas de rua de Berlim para um campo de refugiados no Iraque (lugar que já foi uma das prisões de tortura quando Saddam Hussein governava), pintar um mural e ensinar arte de rua para as crianças.

Desert Dust

Se o objetivo do criador do One Spark era criar um evento energizante, a edição de Berlim conseguiu isso.

Mesmo assim, não vi muitas pessoas engajadas em colaborar pelo aplicativo do celular e o evento não foi um grande sucesso de captação através do público. De qualquer forma, 1.700 votos foram contabilizados para dividir o fundo principal e, considerando os prêmios do júri, 35 mil euros (mais de R$100 mil) foram distribuídos.

O evento foi uma boa porta de entrada para a diversidade cultural que Berlim promete e cumpre pra quem chega na cidade. Acredito que algumas cidades brasileiras poderiam abraçar um evento como esse. Vocês acham que o Brasil seria um bom próximo destino para o OneSpark?
Diego Reeberg
Adepto voraz do mecenato digital e viciado em Calvino e Saramago, gosta de vasculhar coisas bonitas e pessoas talentosas nos cantos empoeirados da internet.

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Festival One Spark: financiamento coletivo olho no olho

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Nosso enviado especial a Berlim, Diego Reeberg foi ver de perto a terceira edição do festival One Spark e a primeira realizada na Europa. O evento reúne pessoas e projetos no mesmo lugar e promove o financiamento coletivo ao vivo. Leia abaixo!

Eu estava ansioso para o evento principal do One Spark Berlin. Foi um dos motivos por eu ter escolhido a cidade pra ser a minha moradia nos próximos dois meses. Apesar de um pouco triste por perder o festival CoCidade que iria acontecer em São Paulo no mesmo dia, estava curioso para saber como seria um evento com a temática do financiamento coletivo no Velho Continente.

Me senti um pouco mais em casa quando, ao chegar, me deparei com um duo. Ela argentina e cantora, ele alemão e contrabaixista. Os dois fazendo as “Águas de Março” atravessarem o oceano e gentilmente acenar um até logo para o verão europeu.

Além deles, chamados “DOS”, outros 49 projetos participavam de um festival e mostra de artes que era uma experiência de financiamento coletivo ao vivo.

Em 2011, o americano Elton Rivas, que acompanhava o crescente cenário do financiamento coletivo no mundo, teve uma ideia: se a essência dessa cultura é juntar pessoas que acreditam em uma causa e fazê-las colaborar, seria ótimo se elas pudessem se conhecer ao vivo.  

Na abertura do One Spark Berlin, Elton disse que o objetivo do One Spark é remontar, por meio de um evento energizante, uma origem antiga do financiamento de ideias: colocar as pessoas em contato, olho no olho.

The original crowdfunding

Essa foi a terceira edição do festival. As duas primeiras aconteceram em Jacksonville, na Flórida, Estados Unidos, sendo que na segunda o evento durou quatro dias e distribuiu mais de U$300 mil para mais de 600 projetos. Agora o One Spark cruzou o Atlântico e chegou até Berlim, que, para Elton, é a grande capital da criatividade na Europa.

Mas, bem, vamos explicar como funciona o evento - pra já economizar saliva caso venha acontecer uma edição tupiniquim ;-).

Primeiramente, as pessoas que têm projetos e precisam de recursos se cadastram na plataforma online. Um júri faz uma seleção, já que o evento não tem espaço pra comportar todos os inscritos.

Durante o evento, os projetos selecionados expõem as ideias em suas barraquinhas e ganham cinco minutos para fazer uma apresentação no palco principal. O objetivo é conquistar o público para votar no seu projeto e contribuir financeiramente com ele. Apesar de ser um evento olho no olho, a tecnologia é uma grande parceira e, pra isso tudo acontecer, pode ser baixado um app que permite tanto doações como a votação.

A votação tem um papel muito importante no financiamento dos projetos. Cada edição do One Spark começa com um fundo (na última nos EUA, foram U$300 mil. Em Berlim, foram 10 mil euros para o fundo, 15 mil para o prêmio do júri e 10 mil para um realizador da cidade). Esse valor é dividido proporcionalmente entre os projetos de acordo com a quantidade de votos que receberem.

Ao colocar isso tudo em um caldeirão e adicionar a poção mágica de uma boa divulgação para atrair o público, faz-se um evento interessantíssimo!

Abaixo tem um breve resumo de cinco projetos que fizeram parte do One Spark. A lista completa dos projetos participantes e do resultado da votação pode ser acessada em https://www.beonespark.com/berlin/results/2014.

O projeto que recebeu mais votos foi o Ecotoillet, cabine de banheiro estilosa e sustentável feita para eventos. Ela utiliza serragem em vez de água para absorver os resíduos, possibilitando a neutralização de odores. O recurso arrecadado vai ser usado em uma pesquisa pra saber se o material orgânico recolhido pode ser usado em compostagens.

Cabine

Outro projeto que me chamou a atenção foi o Die ClicLite, um dispositivo que armazena energia solar e tem uma entrada USB para recarregar celulares. Pelo seu tamanho e peso (30 gramas), ele pode até ser levado no seu chaveiro. ;-)

Die Cliclite

Os quadrinhos também estavam representados no evento pela Graphic Novel Hemispheres, que apresenta um mundo de utopia e outro de distopia para discutir as rápidas mudanças que temos hoje na sociedade e como podemos nos preparar para encarar os desafios do século 21.

Quadrinho

Na lista de inovações, o Nagual Sounds se conecta ao Xbox para transformar os movimentos de cada parte do corpo de uma pessoa em uma orquestra. Braços são baterias, pernas, guitarras e um mar de opções para você criar música a partir da dança.

Nagual

Dos projetos de cunho social, meu destaque vai para o Desert Dust & Mermaids. O objetivo é levar dois artistas de rua de Berlim para um campo de refugiados no Iraque (lugar que já foi uma das prisões de tortura quando Saddam Hussein governava), pintar um mural e ensinar arte de rua para as crianças.

Desert Dust

Se o objetivo do criador do One Spark era criar um evento energizante, a edição de Berlim conseguiu isso.

Mesmo assim, não vi muitas pessoas engajadas em colaborar pelo aplicativo do celular e o evento não foi um grande sucesso de captação através do público. De qualquer forma, 1.700 votos foram contabilizados para dividir o fundo principal e, considerando os prêmios do júri, 35 mil euros (mais de R$100 mil) foram distribuídos.

O evento foi uma boa porta de entrada para a diversidade cultural que Berlim promete e cumpre pra quem chega na cidade. Acredito que algumas cidades brasileiras poderiam abraçar um evento como esse. Vocês acham que o Brasil seria um bom próximo destino para o OneSpark?

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