Lindo Sonho Independente

Por Bento Araujo, criador do Poeira Zine e realizador do projeto Lindo Sonho Delirante.

Produção independente. Está aí algo que sempre me fascinou, em qualquer vertente artística. O fato de criar algo que caminhe em paralelo à indústria, ao mainstream, aos modismos e à cultura de massa, me soa constantemente atraente e cativante.

O nascimento da poeira Zine e a criação de uma comunidade

Foi a mistura de tudo isso, mais a paixão pela música e a vontade de espalhar a minha opinião por aí, que me levou a criar um fanzine chamado poeira Zine, em 2003. O plano foi colocar em prática uma publicação impressa sobre música, basicamente a revista que eu gostaria de ler, mas que ainda não existia no Brasil, pois afinal de contas, quem iria comprar uma publicação com histórias de bandas obscuras, muitas delas de países tão obscuros quanto?

Mas a poeira Zine deu certo e arregimentou uma fiel base de seguidores e entusiastas. Foram 13 anos de estrada e 69 edições lançadas de forma totalmente independente. Por questões de necessidade e curiosidade, cuidei de tudo relacionado ao zine: criação dos textos e das pautas, diagramação e arte, captação de anunciantes e parceiros, venda, distribuição, marketing, assessoria de imprensa etc. Tanto que quando me perguntam qual é a minha profissão, eu nunca sei ao certo o que dizer: editor, escritor, repórter, fotógrafo, tradutor, podcaster, youtuber, músico amador, escavador de discos perdidos, faxineiro da redação, office-boy, entregador?

Bento Araujo autor

O primeiro livro, independente

O tempo passou e senti que era hora de sacudir a minha carreira e apostar no meu primeiro livro, Lindo Sonho Delirante: 100 Discos Psicodélicos do Brasil (1968-1975). O objetivo do livro é mostrar que existiu rock psicodélico feito no Brasil – e mostrar para o mundo, pois aproveitei para escrever o livro também em inglês. Acho importantíssimo romper a barreira da língua, ainda mais quando o assunto, também por não ter sido devidamente explorado, tem apelo internacional. Da virada do século até agora, o gênero ganhou projeção, porém muitas pessoas ainda não conhecem as suas origens. Além disso, nunca, em nenhum lugar do planeta, alguma editora se interessou em publicar um livro sobre o rock psicodélico brasileiro. Foi aí que eu percebi: para viabilizar o livro de forma totalmente independente e verdadeira, a melhor ferramenta seria o Catarse.

A preparação e a campanha

Atuando na cena independente há mais de uma década, eu acompanhei o surgimento do financiamento coletivo ao redor do mundo. Em se tratando de crowdfunding no Brasil, o Catarse foi o primeiro nome que me veio à mente. Passei a vasculhar o site diariamente, baixei todos os e-books com dicas para a criação da campanha e fui cozinhando o caldo, sem pressa. Confesso que achei tudo prático e bem explicado, desde os e-books até a criação da página da campanha. Tomei coragem e parti para o tudo ou nada.

Em apenas um clique a campanha estava no ar. Doze dias depois a meta foi atingida e desde então estou festejando o fato de poder fazer o Lindo Sonho Delirante se tornar uma realidade. Atualmente estamos na reta final da campanha e o livro sairá em outubro.

Sobre o livro

Para preparar o Lindo Sonho Delirante eu passei mais de um ano reouvindo, analisando, compilando, contextualizando e resenhando os cem (100) grandes álbuns e compactos psicodélicos que mudaram para sempre a música feita no Brasil e na América do Sul. Durante esse período eu também pesquisei livros, jornais e revistas para garimpar histórias, curiosidades e informações sobre um dos períodos mais incríveis e inspirados, mas ainda absurdamente negligenciados, da música brasileira.

A análise da criação e a interpretação do simbolismo desta lisergia tropical cria uma iconografia inédita, um volume que funciona como um presente à memória da música nacional e àqueles artistas brasileiros que expandiram a mente em nome da arte, em plena era de sangrenta repressão militar e de extremo preconceito social. Espero produzir um trabalho que se torne não somente referência aos pesquisadores e colecionadores de discos, mas que também preencha uma série de lacunas sobre as trajetórias de artistas e bandas em meio ao vácuo dos exílios e prisões e ao silêncio da censura daqueles tempos. Todos estão juntos nesse

Lindo Sonho Delirante: os medalhões da música brasileira que em algum momento flertaram com o rock psicodélico e também os malditos e esquecidos, muitos deles, pela primeira vez tendo a sua oportunidade de aparecer para o mundo. Para conhecer melhor o projeto e fazer parte desse projeto, acesse a página da campanha. 
Colaborador
Este texto foi escrito por um colaborador do Catarse! Quer ser um colaborador? Mande um email para comunicacao@catarse.me com a sua sugestão de pauta. ;)

Talvez você se interesse...

Junte-se à conversa

Lindo Sonho Independente

Por Bento Araujo, criador do Poeira Zine e realizador do projeto Lindo Sonho Delirante.

Produção independente. Está aí algo que sempre me fascinou, em qualquer vertente artística. O fato de criar algo que caminhe em paralelo à indústria, ao mainstream, aos modismos e à cultura de massa, me soa constantemente atraente e cativante.

O nascimento da poeira Zine e a criação de uma comunidade

Foi a mistura de tudo isso, mais a paixão pela música e a vontade de espalhar a minha opinião por aí, que me levou a criar um fanzine chamado poeira Zine, em 2003. O plano foi colocar em prática uma publicação impressa sobre música, basicamente a revista que eu gostaria de ler, mas que ainda não existia no Brasil, pois afinal de contas, quem iria comprar uma publicação com histórias de bandas obscuras, muitas delas de países tão obscuros quanto?

Mas a poeira Zine deu certo e arregimentou uma fiel base de seguidores e entusiastas. Foram 13 anos de estrada e 69 edições lançadas de forma totalmente independente. Por questões de necessidade e curiosidade, cuidei de tudo relacionado ao zine: criação dos textos e das pautas, diagramação e arte, captação de anunciantes e parceiros, venda, distribuição, marketing, assessoria de imprensa etc. Tanto que quando me perguntam qual é a minha profissão, eu nunca sei ao certo o que dizer: editor, escritor, repórter, fotógrafo, tradutor, podcaster, youtuber, músico amador, escavador de discos perdidos, faxineiro da redação, office-boy, entregador?

Bento Araujo autor

O primeiro livro, independente

O tempo passou e senti que era hora de sacudir a minha carreira e apostar no meu primeiro livro, Lindo Sonho Delirante: 100 Discos Psicodélicos do Brasil (1968-1975). O objetivo do livro é mostrar que existiu rock psicodélico feito no Brasil – e mostrar para o mundo, pois aproveitei para escrever o livro também em inglês. Acho importantíssimo romper a barreira da língua, ainda mais quando o assunto, também por não ter sido devidamente explorado, tem apelo internacional. Da virada do século até agora, o gênero ganhou projeção, porém muitas pessoas ainda não conhecem as suas origens. Além disso, nunca, em nenhum lugar do planeta, alguma editora se interessou em publicar um livro sobre o rock psicodélico brasileiro. Foi aí que eu percebi: para viabilizar o livro de forma totalmente independente e verdadeira, a melhor ferramenta seria o Catarse.

A preparação e a campanha

Atuando na cena independente há mais de uma década, eu acompanhei o surgimento do financiamento coletivo ao redor do mundo. Em se tratando de crowdfunding no Brasil, o Catarse foi o primeiro nome que me veio à mente. Passei a vasculhar o site diariamente, baixei todos os e-books com dicas para a criação da campanha e fui cozinhando o caldo, sem pressa. Confesso que achei tudo prático e bem explicado, desde os e-books até a criação da página da campanha. Tomei coragem e parti para o tudo ou nada.

Em apenas um clique a campanha estava no ar. Doze dias depois a meta foi atingida e desde então estou festejando o fato de poder fazer o Lindo Sonho Delirante se tornar uma realidade. Atualmente estamos na reta final da campanha e o livro sairá em outubro.

Sobre o livro

Para preparar o Lindo Sonho Delirante eu passei mais de um ano reouvindo, analisando, compilando, contextualizando e resenhando os cem (100) grandes álbuns e compactos psicodélicos que mudaram para sempre a música feita no Brasil e na América do Sul. Durante esse período eu também pesquisei livros, jornais e revistas para garimpar histórias, curiosidades e informações sobre um dos períodos mais incríveis e inspirados, mas ainda absurdamente negligenciados, da música brasileira.

A análise da criação e a interpretação do simbolismo desta lisergia tropical cria uma iconografia inédita, um volume que funciona como um presente à memória da música nacional e àqueles artistas brasileiros que expandiram a mente em nome da arte, em plena era de sangrenta repressão militar e de extremo preconceito social. Espero produzir um trabalho que se torne não somente referência aos pesquisadores e colecionadores de discos, mas que também preencha uma série de lacunas sobre as trajetórias de artistas e bandas em meio ao vácuo dos exílios e prisões e ao silêncio da censura daqueles tempos. Todos estão juntos nesse

Lindo Sonho Delirante: os medalhões da música brasileira que em algum momento flertaram com o rock psicodélico e também os malditos e esquecidos, muitos deles, pela primeira vez tendo a sua oportunidade de aparecer para o mundo. Para conhecer melhor o projeto e fazer parte desse projeto, acesse a página da campanha. 

Sobre quem falamos nessa história

No items found.

Sobre quem falamos nessa história

No items found.
10 anos de histórias
Conheça outras histórias >
No items found.

Traga seu projeto criativo ao mundo!

Comece seu projeto