Athos Bulcão foi um artista múltiplo. Na capital do país, torna-se um dos principais nomes a desenvolver uma obra integrada à arquitetura. Seus trabalhos estão expostos em edifícios como o Congresso Nacional, Palácio do Itamaraty, Palácio do Jaburu, Memorial Juscelino Kubitschek, Capela do Palácio da Alvorada, Hospital Sarah Kubitschek
A Fundação que leva o seu nome conserva, pesquisa, comunica, documenta, investiga e expõe o acervo do artista para fins de estudo, apreciação e educação.
Conversamos com Rafaella Tamm, Coordenadora de Pesquisa e Projetos da Fundação Athos Bulcão, para entender como o Catarse passou a fazer parte das estratégias anuais para disseminar o trabalho do artista pelo mundo.
Os calendários da fundação existem desde 1998 e a partir do calendário de 2014 vocês resolveram usar o financiamento coletivo. De onde veio a ideia para usar o modelo? Vocês tinham algum receio?
O calendário Ilustrado Athos Bulcão é um dos projetos mais antigos da Fundação e uma boa forma de tornar familiar e divulgar a obra do artista. Até 2013 os calendários eram patrocinados por empresas e pela complementação financeira da Fundação, tinham uma tiragem pequena e com raras exceções circulavam fora de Brasília.
2013 foi meu primeiro ano de trabalho na Instituição e eu havia acompanhado duas campanhas de amigos que tiveram sucesso no Catarse. Assim, acreditei que era uma boa forma de envolver e aproximar os admiradores de Athos na produção do calendário.
Além disso, a oportunidade de apresentar a monumentalidade de seu trabalho e de ver as obras de um dos mais importantes artistas do Brasil chegar em diferentes cidades do país e exterior, se tornou um desafio e uma importante missão. Como era uma novidade no Brasil, meu único receio em relação a campanha era a falta de conhecimento do público sobre financiamento coletivo.
Essa já é a 4ª campanha e, somando todas, já foram levantados mais de R$120.000. A cada campanha vocês recebem mais apoios, quais as principais ações pra manter essa comunidade de apoiadores viva?
Consideramos de importância fundamental que todos os apoiadores recebam suas recompensas e nossos agradecimentos, e essa é nossa prioridade quando os calendários chegam da gráfica. Mantemos uma comunicação constante com o público ao longo do ano, seja através das redes sociais, com divulgação de exposições, notícias sobre nossos projetos, curiosidades sobre a obra de Athos Bulcão e etc, dos jornais e pessoalmente em nossa instituição, que realiza diversas exposições com seu acervo e muitos eventos.
Quais foram os principais aprendizados que vocês incorporaram a partir dos erros de campanhas anteriores?
Acredito que a comunicação com o público tem melhorado a cada ano, seja através de elogios, críticas e sugestões, temos esse espaço sempre aberto a todos e certamente é a melhor forma de melhorar nossas campanhas.
Qual o retorno da campanha para além do dinheiro captado?
O calendário leva para as pessoas não apenas a obra de Athos Bulcão, mas também informações sobre o trabalho sério e projetos que a Fundação realiza. Somos uma instituição privada, sem fins lucrativos e acreditamos que investir em arte-educação e educação patrimonial são importantes para a valorização dos bens culturais do Brasil, sua preservação e manutenção, estimulando crianças e jovens a serem cidadãos mais interessados, críticos e atuantes.