De pantufas ao financiamento coletivo: a colaboração entre Clara Averbuck e os leitores

Por Clara Averbuck

Clara Averbuck

Escrever não é meu hobby.

Escrever é a minha profissão.

Escrevo desde sempre, publico desde os dezessete. Tenho seis livros publicados, um número considerável de leitores e nunca consegui viver de livro. Já vendi os direitos para o cinema e para o teatro, mas de venda de livros mesmo, pff. Não rola.

Pra quem está de fora pode parecer super uau quando um autor aparece em todos os lugares e está nas vitrines das livrarias, mas a realidade é dura: o autor fica com 5 a 15% do preço de capa. A porcentagem mais comum é 10%. Mais ou menos uma passagem de ônibus a cada livro vendido. Não dá nem pra um suco e um salgado no centro de São Paulo. Os escritores, em sua maioria, fazem outras coisas para que possam sustentar sua escrita. E isso não está certo.

Mas não foi só por isso que me voltei ao Catarse para fazer um financiamento coletivo do meu sétimo livro. O contato direto com os leitores também é bem mais legal do que viver atrás de uma tela de computador, escrever no blog da editora e apenas assinar o livro na sessão de autógrafos. Como comecei a publicar na Internet, sempre tive um contato muito legal com a galera que me lê. Boa parte das pessoas que me seguem hoje conhecem meu trabalho desde a era paleolítica da Internet, quando eu escrevia num fanzine enviado por e-mail chamado CardosOnline.

Quando tive meu primeiro blog, o brazileira!preta, vivia numa dureza sem fim e a única coisa que me importava era escrever como uma maluca. Comecei a relatar essa dureza e essa paixão toda e, quando dei por mim, pessoas, leitores, começaram a me ajudar. A me mandar presentes, desde pantufas e discos até pufes e jantares. Cheguei até a receber auxílio dos leitores do meu blog para pagar contas .

Mendicância?

Não. Era uma troca. Eu escrevia e eles queriam retribuir.

Eu escrevia e as pessoas queriam ler. Eu escrevia e as pessoas queriam ajudar de alguma forma.

E isso é bem lindo.

Vejo no Catarse essa mesma troca, mas agora bem mais organizada e ainda mais recompensadora. O artista faz e quem compra escolhe a recompensa que quer. Há uma plataforma que permite que os artistas tenham em quem consome sua arte um parceiro para fazer tudo acontecer.

E eu agora escrevo feliz da vida por saber que eu não preciso nem de aval e nem de intermediários pra fazer isso acontecer.

Esse livro é nosso e eu espero que vocês gostem.

<3
Colaborador
Este texto foi escrito por um colaborador do Catarse! Quer ser um colaborador? Mande um email para comunicacao@catarse.me com a sua sugestão de pauta. ;)

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De pantufas ao financiamento coletivo: a colaboração entre Clara Averbuck e os leitores

Por Clara Averbuck

Clara Averbuck

Escrever não é meu hobby.

Escrever é a minha profissão.

Escrevo desde sempre, publico desde os dezessete. Tenho seis livros publicados, um número considerável de leitores e nunca consegui viver de livro. Já vendi os direitos para o cinema e para o teatro, mas de venda de livros mesmo, pff. Não rola.

Pra quem está de fora pode parecer super uau quando um autor aparece em todos os lugares e está nas vitrines das livrarias, mas a realidade é dura: o autor fica com 5 a 15% do preço de capa. A porcentagem mais comum é 10%. Mais ou menos uma passagem de ônibus a cada livro vendido. Não dá nem pra um suco e um salgado no centro de São Paulo. Os escritores, em sua maioria, fazem outras coisas para que possam sustentar sua escrita. E isso não está certo.

Mas não foi só por isso que me voltei ao Catarse para fazer um financiamento coletivo do meu sétimo livro. O contato direto com os leitores também é bem mais legal do que viver atrás de uma tela de computador, escrever no blog da editora e apenas assinar o livro na sessão de autógrafos. Como comecei a publicar na Internet, sempre tive um contato muito legal com a galera que me lê. Boa parte das pessoas que me seguem hoje conhecem meu trabalho desde a era paleolítica da Internet, quando eu escrevia num fanzine enviado por e-mail chamado CardosOnline.

Quando tive meu primeiro blog, o brazileira!preta, vivia numa dureza sem fim e a única coisa que me importava era escrever como uma maluca. Comecei a relatar essa dureza e essa paixão toda e, quando dei por mim, pessoas, leitores, começaram a me ajudar. A me mandar presentes, desde pantufas e discos até pufes e jantares. Cheguei até a receber auxílio dos leitores do meu blog para pagar contas .

Mendicância?

Não. Era uma troca. Eu escrevia e eles queriam retribuir.

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E eu agora escrevo feliz da vida por saber que eu não preciso nem de aval e nem de intermediários pra fazer isso acontecer.

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