Combo Rangers e a Economia da Nostalgia

Por Anthony Ravoni

Sábado de sol, mas você está jogando paciência em frente ao computador enquanto espera as 14h. Às 13h58, você já abre o discador na área de trabalho e começa a contar os segundos para poder ouvir o som do modem se conectando à internet. Finalmente, você está ligado à rede mundial de computadores! Com orgulhosos 14 kbps de conexão, você acessa o portal da UOL e vai conferir se o Fábio Yabu já publicou uma nova história em quadrinhos virtual feita em flash dos Combo Rangers.

Esse cenário pode parecer estranho para alguns, mas essa foi a realidade de muitos no final dos anos 90 e principio dos anos 2000. É o desejo de ter parte dessa época de volta que motivou mais de 700 pessoas a contribuírem para o relançamento dos Combo Rangers em 2013 através do Catarse.

Inicialmente uma paródia de seriados japoneses como Power Rangers, os personagens criados pelo então estreante Fábio Yabu se desenvolveram e formaram uma legião de seguidores com histórias cativantes e inúmeras referências ao universo nerd. O sucesso virtual fez os Combo Ragers serem publicados por grandes editoras do restrito mercado de quadrinhos nacionais. O público cativo, porém, não superou as dificuldades financeiras e a revista foi cancelada.

Passados dez anos e inúmeros e frequentes pedidos dos fãs pelo retorno dos Combo Rangers, a volta dos heróis só se tornou possível graças ao financiamento coletivo. Através de uma emotiva campanha aqui no Catarse o projeto superou a meta inicial de R$ 40 mil em menos de duas semanas. O objetivo era custear a publicação de um volume de novas histórias dos heróis. O entusiasmo dos fãs, no entanto, fez com que mais um desafio fosse lançado: caso a arrecadação chegasse a R$ 60 mil, dois álbuns dos heróis seriam lançados.

Ao final da campanha um total de R$ 67.940 foi atingido, se tornando a mais bem-sucedida arrecadação de um projeto de quadrinhos brasileiro. O dinheiro além da meta vai auxiliar na produção de um terceiro volume. Essa nova fase, batizada de Combo Rangers Universe vai ser uma grande declaração de amor aos quadrinhos, aos fãs e à infância. Os leitores podem esperar novidades e o retorno de saudosos personagens do universo dos Combo Rangers. Para os ansiosos, algumas novidades e instigantes previews estão disponíveis no recém-lançado site oficial dos heróis.

O retorno às bancas dos personagens criados por Fábio Yabu é um exemplo do que chamamos de Economia da Nostalgia, quando uma das principais motivações em contribuir para um projeto é o valor nostálgico agregado e ajudar na retomada de uma produção que fez parte de um momento na sua vida e deixou saudade.

Os Raimundos também se beneficiam da economia da nostalgia. Sem lançar um CD de inéditas desde 2002, o projeto da banda no Catarse  para lançar o novo álbum acaba de registrar a maior arrecadação no primeiro dia de campanha. Foram R$ 17 mil captados em 24 horas.

Elenco da série Veronica Mars, que arrecadou mais de U$ 5 milhões para fazer um filme

O projeto com o maior número de apoiadores (91.585) na história do KickStarter é para transformar a série Veronica Mars em filme. O seriado foi cancelado em 2007. A Warner Bros chegou a cogitar a possibilidade de fazer um longa-metragem baseado na trama, mas os estúdios consideraram que não haveria público suficiente interessado na produção. Assim como Combo Rangers, a série já teve espaço no mercado tradicional, mas não conseguiu se estabelecer comercialmente. Somente através do financiamento coletivo as obras conseguiram angariar o seu retorno, e dessa vez em um formato ainda mais sofisticado.

O financiamento coletivo se torna uma opção interessante para produções do passado que desejam se relançar.  Mesmo que não consigam obter apelo comercial em um modelo mais tradicional de venda, elas já possuem uma base de fãs estabelecida que tende a responder entusiasticamente ao apelo dos criadores.

No Brasil, a maioria das grandes empresas ainda engatinha para se adaptar aos novos modelos de negócios e os mercados tradicionais ainda são restritos, insuficientes e burocráticos. Nesse cenário, novas possibilidades de financiamentos amparadas pela economia da nostalgia se mostram com grande potencial para trazer à tona criações e produtores de conteúdos à margem do grande circuito comercial.  Quanto mais criadores se atentarem a essas novas oportunidades, mais relançamentos e reinvenções devem surgir em nosso horizonte.
Colaborador
Este texto foi escrito por um colaborador do Catarse! Quer ser um colaborador? Mande um email para comunicacao@catarse.me com a sua sugestão de pauta. ;)

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Combo Rangers e a Economia da Nostalgia

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Sábado de sol, mas você está jogando paciência em frente ao computador enquanto espera as 14h. Às 13h58, você já abre o discador na área de trabalho e começa a contar os segundos para poder ouvir o som do modem se conectando à internet. Finalmente, você está ligado à rede mundial de computadores! Com orgulhosos 14 kbps de conexão, você acessa o portal da UOL e vai conferir se o Fábio Yabu já publicou uma nova história em quadrinhos virtual feita em flash dos Combo Rangers.

Esse cenário pode parecer estranho para alguns, mas essa foi a realidade de muitos no final dos anos 90 e principio dos anos 2000. É o desejo de ter parte dessa época de volta que motivou mais de 700 pessoas a contribuírem para o relançamento dos Combo Rangers em 2013 através do Catarse.

Inicialmente uma paródia de seriados japoneses como Power Rangers, os personagens criados pelo então estreante Fábio Yabu se desenvolveram e formaram uma legião de seguidores com histórias cativantes e inúmeras referências ao universo nerd. O sucesso virtual fez os Combo Ragers serem publicados por grandes editoras do restrito mercado de quadrinhos nacionais. O público cativo, porém, não superou as dificuldades financeiras e a revista foi cancelada.

Passados dez anos e inúmeros e frequentes pedidos dos fãs pelo retorno dos Combo Rangers, a volta dos heróis só se tornou possível graças ao financiamento coletivo. Através de uma emotiva campanha aqui no Catarse o projeto superou a meta inicial de R$ 40 mil em menos de duas semanas. O objetivo era custear a publicação de um volume de novas histórias dos heróis. O entusiasmo dos fãs, no entanto, fez com que mais um desafio fosse lançado: caso a arrecadação chegasse a R$ 60 mil, dois álbuns dos heróis seriam lançados.

Ao final da campanha um total de R$ 67.940 foi atingido, se tornando a mais bem-sucedida arrecadação de um projeto de quadrinhos brasileiro. O dinheiro além da meta vai auxiliar na produção de um terceiro volume. Essa nova fase, batizada de Combo Rangers Universe vai ser uma grande declaração de amor aos quadrinhos, aos fãs e à infância. Os leitores podem esperar novidades e o retorno de saudosos personagens do universo dos Combo Rangers. Para os ansiosos, algumas novidades e instigantes previews estão disponíveis no recém-lançado site oficial dos heróis.

O retorno às bancas dos personagens criados por Fábio Yabu é um exemplo do que chamamos de Economia da Nostalgia, quando uma das principais motivações em contribuir para um projeto é o valor nostálgico agregado e ajudar na retomada de uma produção que fez parte de um momento na sua vida e deixou saudade.

Os Raimundos também se beneficiam da economia da nostalgia. Sem lançar um CD de inéditas desde 2002, o projeto da banda no Catarse  para lançar o novo álbum acaba de registrar a maior arrecadação no primeiro dia de campanha. Foram R$ 17 mil captados em 24 horas.

Elenco da série Veronica Mars, que arrecadou mais de U$ 5 milhões para fazer um filme

O projeto com o maior número de apoiadores (91.585) na história do KickStarter é para transformar a série Veronica Mars em filme. O seriado foi cancelado em 2007. A Warner Bros chegou a cogitar a possibilidade de fazer um longa-metragem baseado na trama, mas os estúdios consideraram que não haveria público suficiente interessado na produção. Assim como Combo Rangers, a série já teve espaço no mercado tradicional, mas não conseguiu se estabelecer comercialmente. Somente através do financiamento coletivo as obras conseguiram angariar o seu retorno, e dessa vez em um formato ainda mais sofisticado.

O financiamento coletivo se torna uma opção interessante para produções do passado que desejam se relançar.  Mesmo que não consigam obter apelo comercial em um modelo mais tradicional de venda, elas já possuem uma base de fãs estabelecida que tende a responder entusiasticamente ao apelo dos criadores.

No Brasil, a maioria das grandes empresas ainda engatinha para se adaptar aos novos modelos de negócios e os mercados tradicionais ainda são restritos, insuficientes e burocráticos. Nesse cenário, novas possibilidades de financiamentos amparadas pela economia da nostalgia se mostram com grande potencial para trazer à tona criações e produtores de conteúdos à margem do grande circuito comercial.  Quanto mais criadores se atentarem a essas novas oportunidades, mais relançamentos e reinvenções devem surgir em nosso horizonte.

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