10 projetos que usaram o financiamento coletivo como ferramenta de registro e resgate histórico

Ilustração de Mariza Dias Costa presente no livro "E depois a maluca sou eu" Ilustração de Mariza Dias Costa presente no livro "E depois a maluca sou eu"

O financiamento coletivo permite que pessoas se reúnam para dividir os custos mínimos para a realização de todo o tipo de ideia. A agilidade e precisão do modelo contrastam com a lentidão e e amplitude dos movimentos governamentais. É como se o financiamento coletivo fosse milhares de pinças acionadas de acordo com a demanda, e o Estado fosse uma grande pata que decidisse seu próximo passo por meio de uma série de processos burocráticos.

Quando falamos de preservação do patrimônio histórico, é preciso percorrer um longo caminho para convencer as patas das instituições responsáveis da importância de resguardar um trabalho, uma obra, uma memória, uma cultura etc. Além disso, governos, democraticamente eleitos ou não, tendem a oprimir minorias e a contar histórias sob seus pontos de vista.

No financiamento coletivo não é preciso convencer uma das três esferas de poder sobre a importância do registro de algo de impacto local. É preciso apenas que as pessoas que acreditam na importância desse registro se reúnam para fazê-lo. Abaixo, destacamos 10 dos muitos projetos que usaram o Catarse como ferramenta para o registro e o resgate histórico.

 

1 - Urbano Ornamento

Urbano ornamento

Atrás de cada grade ornamental de Belo Horizonte, reside uma história. E para que essas histórias não se perdessem em meio à verticalização e à especulação imobiliária na capital mineira, o projeto Urbano Ornamento propôs a publicação de um livro com uma ampla pesquisa que reuniu um acervo de mais de 4.000 imagens de fachadas frontais e reproduziu digitalmente em um banco digital aberto e manipulável cerca de 3.000 grades ornamentais.

2 - Homem Carro

TEASER HOMEM CARRO (CATARSE) from Anima Lucis on Vimeo.

Anísio Campos foi piloto de corridas de automóvel nos anos 1950 e 60. Em 1964, desenhou e construiu seu primeiro carro, o Puma DKW. Aprimorou-se na profissão, até então formalmente inexistente no Brasil, para se tornar um pioneiro designer de automóveis no país e criador de 18 carros. A filha caçula de Anísio, a cineasta Raquel Valadares, levantou quase R$ 70 mil para fazer um documentário para resgatar, na forma de “filme-processo” e “road-movie”, a obra de Anísio Campos, localizando e reunindo os 17 automóveis de sua autoria.

 

3 -  Sex & Crime do Benicio

sex e crime do Benício

José Luiz Benício, ou simplesmente Benício, é o ilustrador que mais produziu pôsteres de cinema no Brasil. Peças como Dona Flor e Seus Dois Maridos, Independência ou Morte, todos os dos filmes dos Trapalhões e outros tantos da época da pornochanchada. A editora independente Reference Press percebeu que não havia nenhum livro que reunisse a obra do autor e fez o livro Sex&Crime do Benício, com pin-ups feitas para capas de livros de bolso entre os anos 60 e 80. A editora levantou mais de R$ 22 mil através do Catarse para financiar o volume dois do livro.

4 - Tudo vai ficar da cor que você quiser

Rodrigo de Souza leão

Aos 44 anos, o poeta Rodrigo de Souza Leão morreu numa clínica psiquiátrica no Rio de Janeiro. Para celebrar e registrar a existência do artista, o curador de sua obra, Ramon Mello, levantou R$ 33 mil para realizar uma exposição no Museu de Arte Moderna do Rio (MAM) das telas, poemas visuais e poemas sonoros.

5 - E depois a maluca sou eu

E depois a maluca sou eu

Mariza Dias Costa é uma das mais importantes e influentes ilustradoras da imprensa brasileira. No Pasquim, na Folha de S.Paulo, onde ilustrou o Diário da Corte, de Paulo Francis, ou nas colunas de Contardo Calligaris, na Ilustrada, Mariza sempre incendiou as páginas com seu traço violento, irônico e incomparável. O ilustrador Orlando Pedroso reuniu pela primeira vez em um livro 217 ilustrações publicadas em diversos veículos nos últimos 40 anos. Através do Catarse, arrecadou mais de R$ 16 mil para completar os custos de produção do projeto.

6 - Linha do tempo Bienal

linhadotempo bienal

A Bienal de São Paulo e a Oficina Tipográfica São Paulo, em comemoração aos 60 anos das bienais de arte, se uniram para desenvolver um projeto que conta a história das exposições como nunca foi feito antes: uma linha do tempo de mais de 4 metros em formato sanfona produzida de forma semiartesanal.

7 - Os Heróis do Brasil

Após o grito de D. Pedro I às margens do Ipiranga, Portugal se recusou a ceder algumas províncias do norte e a guerra da independência se estendeu na Bahia. Para contar as histórias pouco conhecidas de personagens marcantes desse momento, como de João das Botas, que defendeu a foz do Rio Paraguaçu em embarcações improvisadas e em desvantagem numérica em relação às tropas portuguesas, o projeto Heróis do Brasil levantou mais de R$ 20 mil para fazer um documentário, uma animação e um site.

 

8 - Galpão Banana da Terra

Banana da Terra

No começo da década de 90, um grupo de amigos fundou o Galpão Banana da Terra em Viçosa (MG) e abriu o espaço para encontros musicais,  performances teatrais, desfiles de moda e exposições de artes visuais que revitalizaram a vida cultura da cidade. Para contar essa história, a produtora XistoLouco levantou mais de R$ 5 mil via Catarse.

 

9 - Biografia colaborativa: Vídeo-entrevista com a educadora Léa Fagundes

Foto: Thiago Cruz

Léa Fagundes, fundadora do primeiro Laboratório de Estudos Cognitivos do Brasil (LEC) na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), tem desde os anos 1960 a convicção de que as tecnologias digitais podem auxiliar na aprendizagem das crianças e jovens. Como ela escreveu pouco sobre seu trabalho, o Instituto EducaDigital levantou mais de R$ 20 mil no Catarse para fazer uma vídeo-entrevista com a educadora, em formato aberto e registrado em licença livre, e assim resgatar e compartilhar sua experiência. A vídeo-entrevista com a educadora Léa Fagundes já está disponível na web, no canal do Instituto EducaDigital.

10 - Tokiori

Tokiori - Dobras do Tempo from Primo Filmes on Vimeo.

Tokiori é um documentário que mergulha na memória de cinco famílias de imigrantes japoneses que se instalaram no Brasil nos anos 1930. Para lançar o fillme, os produtores fizeram um projeto de financiamento coletivo.
Felipe Caruso
Missionário do coletivismo e jornalista com doses de poesia, ceticismo e pragmatismo

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10 projetos que usaram o financiamento coletivo como ferramenta de registro e resgate histórico

Ilustração de Mariza Dias Costa presente no livro "E depois a maluca sou eu" Ilustração de Mariza Dias Costa presente no livro "E depois a maluca sou eu"

O financiamento coletivo permite que pessoas se reúnam para dividir os custos mínimos para a realização de todo o tipo de ideia. A agilidade e precisão do modelo contrastam com a lentidão e e amplitude dos movimentos governamentais. É como se o financiamento coletivo fosse milhares de pinças acionadas de acordo com a demanda, e o Estado fosse uma grande pata que decidisse seu próximo passo por meio de uma série de processos burocráticos.

Quando falamos de preservação do patrimônio histórico, é preciso percorrer um longo caminho para convencer as patas das instituições responsáveis da importância de resguardar um trabalho, uma obra, uma memória, uma cultura etc. Além disso, governos, democraticamente eleitos ou não, tendem a oprimir minorias e a contar histórias sob seus pontos de vista.

No financiamento coletivo não é preciso convencer uma das três esferas de poder sobre a importância do registro de algo de impacto local. É preciso apenas que as pessoas que acreditam na importância desse registro se reúnam para fazê-lo. Abaixo, destacamos 10 dos muitos projetos que usaram o Catarse como ferramenta para o registro e o resgate histórico.

 

1 - Urbano Ornamento

Urbano ornamento

Atrás de cada grade ornamental de Belo Horizonte, reside uma história. E para que essas histórias não se perdessem em meio à verticalização e à especulação imobiliária na capital mineira, o projeto Urbano Ornamento propôs a publicação de um livro com uma ampla pesquisa que reuniu um acervo de mais de 4.000 imagens de fachadas frontais e reproduziu digitalmente em um banco digital aberto e manipulável cerca de 3.000 grades ornamentais.

2 - Homem Carro

TEASER HOMEM CARRO (CATARSE) from Anima Lucis on Vimeo.

Anísio Campos foi piloto de corridas de automóvel nos anos 1950 e 60. Em 1964, desenhou e construiu seu primeiro carro, o Puma DKW. Aprimorou-se na profissão, até então formalmente inexistente no Brasil, para se tornar um pioneiro designer de automóveis no país e criador de 18 carros. A filha caçula de Anísio, a cineasta Raquel Valadares, levantou quase R$ 70 mil para fazer um documentário para resgatar, na forma de “filme-processo” e “road-movie”, a obra de Anísio Campos, localizando e reunindo os 17 automóveis de sua autoria.

 

3 -  Sex & Crime do Benicio

sex e crime do Benício

José Luiz Benício, ou simplesmente Benício, é o ilustrador que mais produziu pôsteres de cinema no Brasil. Peças como Dona Flor e Seus Dois Maridos, Independência ou Morte, todos os dos filmes dos Trapalhões e outros tantos da época da pornochanchada. A editora independente Reference Press percebeu que não havia nenhum livro que reunisse a obra do autor e fez o livro Sex&Crime do Benício, com pin-ups feitas para capas de livros de bolso entre os anos 60 e 80. A editora levantou mais de R$ 22 mil através do Catarse para financiar o volume dois do livro.

4 - Tudo vai ficar da cor que você quiser

Rodrigo de Souza leão

Aos 44 anos, o poeta Rodrigo de Souza Leão morreu numa clínica psiquiátrica no Rio de Janeiro. Para celebrar e registrar a existência do artista, o curador de sua obra, Ramon Mello, levantou R$ 33 mil para realizar uma exposição no Museu de Arte Moderna do Rio (MAM) das telas, poemas visuais e poemas sonoros.

5 - E depois a maluca sou eu

E depois a maluca sou eu

Mariza Dias Costa é uma das mais importantes e influentes ilustradoras da imprensa brasileira. No Pasquim, na Folha de S.Paulo, onde ilustrou o Diário da Corte, de Paulo Francis, ou nas colunas de Contardo Calligaris, na Ilustrada, Mariza sempre incendiou as páginas com seu traço violento, irônico e incomparável. O ilustrador Orlando Pedroso reuniu pela primeira vez em um livro 217 ilustrações publicadas em diversos veículos nos últimos 40 anos. Através do Catarse, arrecadou mais de R$ 16 mil para completar os custos de produção do projeto.

6 - Linha do tempo Bienal

linhadotempo bienal

A Bienal de São Paulo e a Oficina Tipográfica São Paulo, em comemoração aos 60 anos das bienais de arte, se uniram para desenvolver um projeto que conta a história das exposições como nunca foi feito antes: uma linha do tempo de mais de 4 metros em formato sanfona produzida de forma semiartesanal.

7 - Os Heróis do Brasil

Após o grito de D. Pedro I às margens do Ipiranga, Portugal se recusou a ceder algumas províncias do norte e a guerra da independência se estendeu na Bahia. Para contar as histórias pouco conhecidas de personagens marcantes desse momento, como de João das Botas, que defendeu a foz do Rio Paraguaçu em embarcações improvisadas e em desvantagem numérica em relação às tropas portuguesas, o projeto Heróis do Brasil levantou mais de R$ 20 mil para fazer um documentário, uma animação e um site.

 

8 - Galpão Banana da Terra

Banana da Terra

No começo da década de 90, um grupo de amigos fundou o Galpão Banana da Terra em Viçosa (MG) e abriu o espaço para encontros musicais,  performances teatrais, desfiles de moda e exposições de artes visuais que revitalizaram a vida cultura da cidade. Para contar essa história, a produtora XistoLouco levantou mais de R$ 5 mil via Catarse.

 

9 - Biografia colaborativa: Vídeo-entrevista com a educadora Léa Fagundes

Foto: Thiago Cruz

Léa Fagundes, fundadora do primeiro Laboratório de Estudos Cognitivos do Brasil (LEC) na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), tem desde os anos 1960 a convicção de que as tecnologias digitais podem auxiliar na aprendizagem das crianças e jovens. Como ela escreveu pouco sobre seu trabalho, o Instituto EducaDigital levantou mais de R$ 20 mil no Catarse para fazer uma vídeo-entrevista com a educadora, em formato aberto e registrado em licença livre, e assim resgatar e compartilhar sua experiência. A vídeo-entrevista com a educadora Léa Fagundes já está disponível na web, no canal do Instituto EducaDigital.

10 - Tokiori

Tokiori - Dobras do Tempo from Primo Filmes on Vimeo.

Tokiori é um documentário que mergulha na memória de cinco famílias de imigrantes japoneses que se instalaram no Brasil nos anos 1930. Para lançar o fillme, os produtores fizeram um projeto de financiamento coletivo.

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