A aposta das editoras de HQ

“Cada lançamento é como um show em que o músico sente aquele nervoso inicial antes de tocar a primeira música. A cabeça fica a mil por hora: será que as pessoas vão gostar? O vídeo está claro? Dá para entender tudo o que a gente está propondo?”. Essa fala é de Raphael Fernandes, um dos editores da Draco. Desde 2019, a editora de São Paulo confia no Catarse para financiar os projetos e manter o contato com seus leitores, os draconianos.

“Depois da crise das livrarias, nós buscamos outros modelos para continuar publicando quadrinhos e literatura”, ele conta.

Érico Assis
Érico Assis é jornalista da área de quadrinhos desde que o Omelete era mato. Também é autor do livro Balões de Pensamento.

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A aposta das editoras de HQ

“Cada lançamento é como um show em que o músico sente aquele nervoso inicial antes de tocar a primeira música. A cabeça fica a mil por hora: será que as pessoas vão gostar? O vídeo está claro? Dá para entender tudo o que a gente está propondo?”. Essa fala é de Raphael Fernandes, um dos editores da Draco. Desde 2019, a editora de São Paulo confia no Catarse para financiar os projetos e manter o contato com seus leitores, os draconianos.

“Depois da crise das livrarias, nós buscamos outros modelos para continuar publicando quadrinhos e literatura”, ele conta.

“Lançamos a campanha de Na Quebrada - Quadrinhos de Hip Hop, que nos provou que poderíamos seguir publicando se usássemos a plataforma como ponta de lança dos lançamentos. Com o tempo, construímos nossa história no Catarse e descobrimos uma maneira tão próxima dos leitores quanto os eventos”, diz Raphael.

A Draco é uma das editoras brasileiras que lança todos seus projetos via Catarse. Até novembro de 2021, já tinham sido treze campanhas.

A Editora Skript, de Florianópolis, também tem o Catarse como seu primeiro canal de lançamento e de vendas. Em 2021 foram quarenta e oito projetos inéditos, entre livros, baralhos e quadrinhos. “Buscamos atingir a comunidade da plataforma e a utilizamos como pré-venda”, me explica Douglas Freitas, um dos sócios. “Temos projetos que alcançaram a meta em minutos, enquanto outros levaram algumas semanas”, ele complementa, dizendo que a editora sempre bola “medidas alternativas” para atrair o interesse daqueles mais lentos em atingir o objetivo.

“A comunidade” é a resposta de duas palavras que Douglas me dá quando eu pergunto qual é a vantagem de usar financiamento coletivo. Foi a comunidade da Skript, por exemplo, que sugeriu projetos deste ano da editora, como Zaroff, Rei Kull e Robô Raio-X.

A Editora Figura, que financia todos seus projetos pelo Catarse desde a fundação, em 2017, também seguiu as recomendações dos leitores em duas publicações de 2021: O Colecionador e Perramus. Cada uma destas campanhas superou a marca de mil apoiadores. “Superamos os mil apoiadores nas pré-vendas do final de 2020”, Ivette Girardo, sócia da Figura. “Tivemos um acompanhamento muito legal dos leitores e divulgadores, e graças a isso temos mil planos para o próximo ano.”

As surpresas positivas levaram ao investimento em produtos “nichados”. Ivette comenta que a campanha com o artbook de Frank Frazetta foi uma surpresa, com seus 1266 apoiadores e 240% da meta. “Se tem uma ideia geral de que os artbooks não vendem no Brasil, mas a campanha mostrou que existe público interessado”, ela disse.

“Ficamos muito felizes de apostar no livro e quem sabe de abrir um pouco o caminho para que outras editoras apostem nesta área.”

Mesmo que as três editoras sejam fortemente envolvidas com eventos do mercado de quadrinhos - que não ocorrem presencialmente desde o início da pandemia –, os fundadores consideram 2021 como um bom ano para os negócios. “Conseguimos compensar por meio de lançamentos que alcançaram o interesse do público”, diz Raphael, da Draco. “Por falar neles, os draconianos são os melhores leitores que poderíamos imaginar, pois estão sempre apoiando nossos projetos e viajando pelos mundos que criamos.” É a comunidade, como Douglas, da Skript comentou, e que Ivette, da Figura, reforça. Sem essa comunidade, as histórias de Draco, Skript e Figura seriam outras.

Érico Assis
 conversou com
Editora Skript
Figura Editora
Editora Draco

Sobre quem falamos nessa história

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