Em outubro de 2015 estreava no coração de todos os brasileiros uma banda intimista do interior de São Paulo: Liniker e os Caramelows. Com três músicas gravadas em uma sala cheia de tapetes e vozes, o grupo viralizaou: apenas um dos vídeos tem hoje mais de 36 milhões de visualizações.
Um ano depois, em 2016, a banda financiou por meio do Catarse a gravação de um álbum. “A gente decidiu produzir nosso álbum de maneira independente e juntos, porque no meio desse processo que tem tanto da gente, a gente descobriu que também tem muito de vocês”, dizia o texto da página de campanha. Foram 1660 apoios, totalizando 104 mil reais (148% da meta).
“2017 chegou e eu me sinto pronta para parir o que eu andei confabulando”, diz Letrux, que com outra banda já tinha, em suas palavras, parido três discos. “O primeiro via ‘paitrocínio’, o segundo via crowndfunding e o terceiro com um empréstimo”, conta a cantora e compositora. “O mundo atual faz parecer tudo mágico e instantâneo, mesmo naquelas gravações que você grava dentro do quarto, mas não é assim”. As recompensas deste projeto de 2017 disponibilizavam festinhas no camarim, shows exclusivos, dedicatória, artes e até sessão de reiki, além do próprio CD. O financiamento angariou 37 mil reais e com um valor de ‘R$ 600 ou mais’ oferecia picnic com a cantora e noite de violão com amigos. Só nessa categoria foram 6 apoios.
E não é de hoje que artistas de música usam o financiamento coletivo como estratégia para viabilizar discos, shows e até turnês. Um dos primeiros sites de crowdfunding do mundo, por exemplo, se chamava Sellaband e servia, justamente, para ajudar músicos a gravarem e venderem seus álbuns, em 2006.
Só no Catarse, ao procurar a categoria Música com a etiqueta de ‘Finalizados’, aparecem 3373 projetos. Nada mal, em 10 anos de existência, a plataforma já ter hospedado, além de Liniker e Letrux, campanhas de Dead Fish, Forfun, Leoni, Raimundos, Anavitória e vários concertos da Orquestra Villa-Lobos.
O cantor e compositor Leoni financiou em 2014 seu disco “Notícias de Mim” e voltou ao Catarse em 2021 para lançar a segunda edição do livro “Letra, música e outras conversas”, organizado por ele.