A inquieta equipe do Catarse

“Explique o seu trabalho como se você estivesse conversando com sua avó”. Esse foi meu primeiro pedido para Rodrigo Machado, um dos fundadores do Catarse. “Eu já expliquei para a minha avó, mas não sei se deu certo”, brinca, “mas eu diria que é como aquelas vaquinhas para um churrasco ou festas, sabe? Pessoas se reunindo para transformar um ponto comum em realidade”.

Do outro lado da tela, assumi meu personagem de alguém que não passa muito tempo na internet e segui perguntando qual seria, então, o motivo de pessoas desconhecidas saírem por aí apoiando projetos. “Minha tia-avó é apaixonada por ponto-cruz (uma forma de bordado que se inicia no formato de “X”), por exemplo. Se uma vizinha de uma amiga pedisse ajuda para fazer essa trama, ela não ajudaria, mesmo sendo uma desconhecida?”.

A partir daí me senti convencida. Com cachorro passando pra lá e pra cá e um intervalo entre o trabalho e a vida com seus dois filhos pequenos, a história pessoal de Rodrigo se conecta com a do Catarse. "Eu comecei a trabalhar como produtor cultural e depois de alguns projetos com meu irmão, Thiago Maia, diretor de Produto e um dos fundadores da empresa, fiz meu trabalho de conclusão de curso que investigou o crowdfunding como agente de mudança da indústria criativa. Enquanto isso, o Luis e o Diego, em São Paulo, e o Daniel, no Rio Grande do Sul, tinham aberto um fórum com essa mesma pegada. Daí enviei um e-mail dizendo: ‘Não tem sentido a gente não se juntar’”.

E não tinha mesmo. Em janeiro de 2011 nascia o Catarse e o quarteto só foi se conhecer pessoalmente tempos depois. Cada um com uma expertise e pensando em nomes diferentes (Rodrigo e Thiago chegaram até a criar outro projeto, chamado Multidão), a empresa foi se transformando e hoje conta com 24 pessoas na equipe, cada uma de um canto do mundo.

Desde o início, a ideia de ter uma sede física não parecia muito atraente, mesmo assim tentaram, por pouco tempo, “sempre entendemos que era melhor mergulharmos no digital, dando liberdade de organização e impedindo que o escritório virasse um ser com vida própria, com toda a atenção voltada mais para aquilo do que para as pessoas. Além de financeiramente ser mais viável, claro. Hoje temos pessoas que trabalham com a gente diretamente de onde vivem, no Ceará, Florianópolis, Rio de Janeiro, Minas Gerais e até na Austrália!”, conta Rodrigo.

Tatiany Leite
Tatiany Leite é jornalista formada pela FMU. Já trabalhou na MTV e também como coordenadora de produção do Youtube Space em São Paulo. Atualmente, é youtuber do canal Vá Ler um Livro em parceria com Augusto Assis.

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A inquieta equipe do Catarse

“Explique o seu trabalho como se você estivesse conversando com sua avó”. Esse foi meu primeiro pedido para Rodrigo Machado, um dos fundadores do Catarse. “Eu já expliquei para a minha avó, mas não sei se deu certo”, brinca, “mas eu diria que é como aquelas vaquinhas para um churrasco ou festas, sabe? Pessoas se reunindo para transformar um ponto comum em realidade”.

Do outro lado da tela, assumi meu personagem de alguém que não passa muito tempo na internet e segui perguntando qual seria, então, o motivo de pessoas desconhecidas saírem por aí apoiando projetos. “Minha tia-avó é apaixonada por ponto-cruz (uma forma de bordado que se inicia no formato de “X”), por exemplo. Se uma vizinha de uma amiga pedisse ajuda para fazer essa trama, ela não ajudaria, mesmo sendo uma desconhecida?”.

A partir daí me senti convencida. Com cachorro passando pra lá e pra cá e um intervalo entre o trabalho e a vida com seus dois filhos pequenos, a história pessoal de Rodrigo se conecta com a do Catarse. "Eu comecei a trabalhar como produtor cultural e depois de alguns projetos com meu irmão, Thiago Maia, diretor de Produto e um dos fundadores da empresa, fiz meu trabalho de conclusão de curso que investigou o crowdfunding como agente de mudança da indústria criativa. Enquanto isso, o Luis e o Diego, em São Paulo, e o Daniel, no Rio Grande do Sul, tinham aberto um fórum com essa mesma pegada. Daí enviei um e-mail dizendo: ‘Não tem sentido a gente não se juntar’”.

E não tinha mesmo. Em janeiro de 2011 nascia o Catarse e o quarteto só foi se conhecer pessoalmente tempos depois. Cada um com uma expertise e pensando em nomes diferentes (Rodrigo e Thiago chegaram até a criar outro projeto, chamado Multidão), a empresa foi se transformando e hoje conta com 24 pessoas na equipe, cada uma de um canto do mundo.

Desde o início, a ideia de ter uma sede física não parecia muito atraente, mesmo assim tentaram, por pouco tempo, “sempre entendemos que era melhor mergulharmos no digital, dando liberdade de organização e impedindo que o escritório virasse um ser com vida própria, com toda a atenção voltada mais para aquilo do que para as pessoas. Além de financeiramente ser mais viável, claro. Hoje temos pessoas que trabalham com a gente diretamente de onde vivem, no Ceará, Florianópolis, Rio de Janeiro, Minas Gerais e até na Austrália!”, conta Rodrigo.

“Acho que muita gente pensa que nosso escritório é daqueles em que a galera vai de patinete, né? Mas, não. O meu escritório, por exemplo, é no meio do mato, em uma vilinha a 30km de Belo Horizonte”, diz a gerente de Projetos Criativos do Catarse, Raíssa Pena.

Jornalista e designer gráfica, Raíssa lançou pelo Catarse seu próprio livro sobre patrimônio histórico de BH e editou outro, sobre crowdfunding, escrito pela equipe da editora Wish: “todas as formas possíveis de descentralização do conhecimento e da produção de conteúdo me atraem”, conta.

E não apenas a ela: Luciana Masini, gerente do time de atendimento da empresa e desde 2012 na equipe, começou a trabalhar com financiamento coletivo porque ela mesma tinha, ao lado do grupo de teatro Parlapatões, um projeto musical que precisava de grana. “Eu cheguei ao Catarse porque eu queria fazer um projeto acontecer, e acabei me envolvendo demais. Por isso que digo que o que me move (e nos move) é essa inquietação em fazer as coisas acontecerem”.

Nos perfis do Catarse, Rodrigo, Raíssa e Luciana apoiaram, juntos, mais de 500 projetos desde o lançamento da plataforma. Na mini-bio de Machado, lê-se, “enxerguei no financiamento coletivo a ferramenta pela qual as pessoas poderiam fazer aquilo que amam e experimentar suas paixões como meio de vida” e, no nosso papo, completa:

“Estamos em um período muito difícil para todos por causa da pandemia e o Catarse tem sido ferramenta para projetos acontecerem em meio a momentos desesperadores como esse. Não gosto de romantizar nada, mas temos visto coisas poderosas demais para não encherem a gente de alegria”.
Tatiany Leite
 conversou com
Luciana Masini
Raíssa Pena
Rodrigo Machado

Sobre quem falamos nessa história

Luciana Masini
Raíssa Pena
Rodrigo Machado

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