O laço que une os leitores à Editora Wish

Em pouco tempo de atuação e 20 campanhas no Catarse, a editora Wish já levantou mais de R$ 2 milhões, com o apoio de quase 30 mil leitores. O mais interessante é que tudo começou como um projeto de TCC (trabalho de conclusão de curso) e apenas 10 cópias do livro “Conto de fadas em suas versões originais”. De uma quantidade de exemplares que dava para contar nas mãos para cifras que fariam editores experientes levantar as sobrancelhas, a fundadora da editora Wish ainda reage assim: “Gente! Nem eu esperava esses números, fazia alguns meses que a gente não fazia a conta”.

Mas, parece que o mercado editorial está a par desse sucesso: dos mais de 20 profissionais entrevistados por mim para este conteúdo especial do Catarse, pelo menos 15 citaram Marina Ávila, a fundadora da Wish. A editora que, mesmo em um período de pandemia e um mercado em crise, conseguiu fortalecer sua comunidade.

“Eu já tive site de animais de estimação, pokemón e até hamsters, ou seja, eu sempre quis entrar em contato com pessoas que gostassem das mesmas coisas que eu”, diz Marina, “e é isso que você faz com o financiamento coletivo, essa mediação com o leitor. E, sinceramente, qualquer outra forma de criação não chega aos pés do crowdfunding. Em um mundo ideal onde não existisse dinheiro, eu faria exatamente esse tipo de trabalho”.

Trabalho. E para oferecer aos outros. “A Valquíria Vlad [que trabalha no marketing da editora e também como analista de Publicações no Catarse] sempre lembra uma frase antiga que diz: crowdfunding é muito mais sobre crowd do que sobre funding, ou seja, é muito mais sobre o coletivo do que o financiamento em si”. E parece que é essa compreensão que fez Marina crescer dentro da plataforma, mesmo tendo começado, em 2016, com um projeto pequeno que pediu pouquíssimo dinheiro por medo de não bater a meta (e que vendeu mais de 300 exemplares em um ano, quase como um livro por dia).

Pouco tempo depois, dois baques. Primeiro, um projeto que não alcançou a meta. Depois, uma ideia muito bem aceita e executada mas que, por conta de dificuldades técnicas, gerou prejuízo financeiro: “Sweeney Tood”, a história do barbeiro que fazia tanto sucesso mundo afora, principalmente pelas mãos do diretor Tim Burton, tinha sua história original ainda inédita no Brasil. Ainda assim, as ideias de divulgação foram certeiras, a meta fechou em 159%, com apoio de 572 pessoas.

Tatiany Leite
Tatiany Leite é jornalista formada pela FMU. Já trabalhou na MTV e também como coordenadora de produção do Youtube Space em São Paulo. Atualmente, é youtuber do canal Vá Ler um Livro em parceria com Augusto Assis.

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O laço que une os leitores à Editora Wish

Em pouco tempo de atuação e 20 campanhas no Catarse, a editora Wish já levantou mais de R$ 2 milhões, com o apoio de quase 30 mil leitores. O mais interessante é que tudo começou como um projeto de TCC (trabalho de conclusão de curso) e apenas 10 cópias do livro “Conto de fadas em suas versões originais”. De uma quantidade de exemplares que dava para contar nas mãos para cifras que fariam editores experientes levantar as sobrancelhas, a fundadora da editora Wish ainda reage assim: “Gente! Nem eu esperava esses números, fazia alguns meses que a gente não fazia a conta”.

Mas, parece que o mercado editorial está a par desse sucesso: dos mais de 20 profissionais entrevistados por mim para este conteúdo especial do Catarse, pelo menos 15 citaram Marina Ávila, a fundadora da Wish. A editora que, mesmo em um período de pandemia e um mercado em crise, conseguiu fortalecer sua comunidade.

“Eu já tive site de animais de estimação, pokemón e até hamsters, ou seja, eu sempre quis entrar em contato com pessoas que gostassem das mesmas coisas que eu”, diz Marina, “e é isso que você faz com o financiamento coletivo, essa mediação com o leitor. E, sinceramente, qualquer outra forma de criação não chega aos pés do crowdfunding. Em um mundo ideal onde não existisse dinheiro, eu faria exatamente esse tipo de trabalho”.

Trabalho. E para oferecer aos outros. “A Valquíria Vlad [que trabalha no marketing da editora e também como analista de Publicações no Catarse] sempre lembra uma frase antiga que diz: crowdfunding é muito mais sobre crowd do que sobre funding, ou seja, é muito mais sobre o coletivo do que o financiamento em si”. E parece que é essa compreensão que fez Marina crescer dentro da plataforma, mesmo tendo começado, em 2016, com um projeto pequeno que pediu pouquíssimo dinheiro por medo de não bater a meta (e que vendeu mais de 300 exemplares em um ano, quase como um livro por dia).

Pouco tempo depois, dois baques. Primeiro, um projeto que não alcançou a meta. Depois, uma ideia muito bem aceita e executada mas que, por conta de dificuldades técnicas, gerou prejuízo financeiro: “Sweeney Tood”, a história do barbeiro que fazia tanto sucesso mundo afora, principalmente pelas mãos do diretor Tim Burton, tinha sua história original ainda inédita no Brasil. Ainda assim, as ideias de divulgação foram certeiras, a meta fechou em 159%, com apoio de 572 pessoas.

“Com a ‘Enciclopédia Do Incrível ao Bizarro’ [que na primeira tentativa não alcançou a meta], por exemplo, eu fiquei fascinada. Eu não tinha fome, não tinha sono, só ficava procurando aquelas artes que me hipnotizaram. Por isso, não desistimos. Voltamos com outra proposta e conseguimos!”.

E a história da Wish vai além. Um dos recordes de maior número de apoiadores, dentro da categoria literária, pertence à campanha “Os melhores contos de fadas Celtas”, com 3330 apoiadores, também da editora. Para tudo dar certo, foram contratados três empacotadores, que trabalharam diariamente por 10 horas, durante 15 dias. O Natal foi perdido, muito suor caiu da testa, mas o trabalho rendeu: “Tudo pelo amor, profissionalismo e pela aspiração em publicar títulos inéditos com qualidade, mas a gente não passa todo esse suor para o apoiador não”, conta Marina.

Mais do que isso, as campanhas se tornaram uma maneira de encurtar a distância entre quem produz e quem consome conteúdo. Na era pré-pandêmica, aproveitando um espaço de uma hamburgueria com temática nórdica para o lançamento, a editora viu seus livros serem folheados com avidez no exato momento em que eram entregues. Com música tocando, pessoas ao redor e grandes grupos de amigos: o livro era o convidado de honra, o presente dado de si para si, tornado real por meio do financiamento coletivo.

“É lidar com uma expectativa, por isso não é uma aventura, porque você está trabalhando para entregar um material de qualidade, não pelo valor monetário, mas pela expectativa que o leitor colocou na gente, que confiou a entrega de um material de qualidade”.

Além de lançar um livro sobre financiamento coletivo, a editora Wish também oferece assessoria especial para os que quisessem se aventurar por este mundo. O livro “Crowd, o guia do financiamento coletivo para autores e editores de livros”, por si só, foi uma campanha de sucesso, com quase 300 apoiadores. E vem novidade por aí: “estamos preparando um livro sobre um filme dos anos 80 que é muito famoso. Possivelmente lançaremos no começo de 2022, então podem ficar esperando”, revela Marina.

Sobre quem falamos nessa história

Marina Avila

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