Quem foi o príncipe dos prosadores que também escrevia sobre o gótico no Brasil?

A literatura brasileira hoje ocupa papel de destaque no cenário mundial muito em função do trabalho de pessoas que insistiram na riqueza de nossos cenários como uma base sólida para construção de novas narrativas, principalmente como um espaço para crítica e debate de assuntos que precisavam estar em pauta. 

Coelho Neto é um exemplo de pessoa que usou a literatura como um local de denúncia, e para além disso, deixou seu nome eternizado em nossa história. O autor foi um dos membros-fundadores da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira de número dois, e durante muito tempo foi considerado o príncipe da prosa nacional.

Mas afinal, o que há de tão mágico na escrita de Coelho Neto?

Nascido em Caxias, no Maranhão, ainda muito cedo Henrique Maximiano Coelho Neto mudou-se para o Rio de Janeiro, na época em que essa ainda era a capital do Império. Um de seus primeiros trabalhos foi aos 17 anos, escrevendo poesia para um dos mais importantes jornais do Brasil, o Gazeta da Tarde. Devido à riqueza de suas obras, e a criação de um panorama literário totalmente inovador, rapidamente Coelho Neto passou a frequentar os mesmos espaços que Olavo Bilac, Paula Nei e José Patrocínio. 

Literatura para todos os gêneros

Com uma escrita dinâmica e que passeava por vários estilos, apesar de fazer o seu nome na prosa, Coelho Neto também ficou conhecido por ser contista, cronista, folclorista, romancista, teatrólogo e crítico literário, chegando a escrever mais de 120 livros. Além disso, ele também fez carreira política, chegando a atuar como secretário do governo do Rio de Janeiro e deputado federal no Maranhão.

No entanto, é pela capacidade de mesclar o gótico com o regionalismo que o autor surpreendeu os seus leitores. Nada de castelos esquecidos no alto de montanhas ou casas com barulhos estranhos no meio da noite. Coelho Neto dispensa qualquer cenário que remeta ao gótico inglês ou à literatura europeia, dando espaço para narrativas que mostravam o cenário brasileiro da época, com foco no regionalismo e no folclore nordestino. 

Imagine só: personagens tipicamente brasileiros que viviam a cultura, a herança de um projeto colonial e o misticismo, tudo isso enquanto os costumes nacionais eram colocados à prova. Pense em fantasmas escondidos pelas matas, pântanos repletos de mortos e terrores que transitam pelo sertão, esses eram os cenários perfeitos para o autor.

O resgate do insólito

Infelizmente, é comum a ideia de que a literatura de horror, principalmente com foco no gótico, só exista em cenários ingleses. No entanto, negar esse gênero literário a partir de uma perspectiva nacional, é também negar a existência de um dos autores mais vendidos de sua época. Os cenários tipicamente brasileiros de Coelho Neto, mostram que a narrativa fantástica e o assombro, combinam perfeitamente com a pluralidade de nossas tradições. 

Para muitos, o autor foi considerado o “Edgar Allan Poe brasileiro”, mas para quem cabe essa comparação? Coelho Neto é único, inovador, foi uma potência na literatura, e foi o grande responsável por garantir a inserção de assuntos primordiais em suas obras, como o desmatamento na Amazônia e a seca. 

7 histórias macabras

Agora que você conhece um dos imortais da literatura, responsáveis por mudanças em nosso cenário e tendências literárias, também pode conhecer mais sobre suas histórias apoiando o projeto Coelho Neto: Sertão. A obra, originalmente publicada em 1896, volta aos leitores brasileiros em uma edição cuidadosamente feita pela O Grifo Editora, são 7 narrativas que apresentam o melhor do gótico, a partir do olhar desse homem que fazia questão de colocar em pauta o horror com personagens até então esquecidos. Seus protagonistas são negros, mulheres, caboclos, donos de um novo mundo, repleto de significados.

O projeto conta com a apresentação do editor Ismael Novaes, ensaios dos pesquisadores Alexander Meireles da Silva e Mauricio Cesar Menon, e a primeira versão do conto “Praga” (1890), inédita em livro.

Você pode apoiar esse projeto até 26/05/2024 e garantir leituras cada vez mais insólitas em sua estante.

Boa leitura e cuidado com as margens dos rios...

Dayhara Martins
Redatora e revisora, fala de livros na internet há mais de 10 anos. Criadora do Raízes do Horror, um clube de leitura que foca em literatura de horror com o olhar para raça, classe e gênero.

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Quem foi o príncipe dos prosadores que também escrevia sobre o gótico no Brasil?

A literatura brasileira hoje ocupa papel de destaque no cenário mundial muito em função do trabalho de pessoas que insistiram na riqueza de nossos cenários como uma base sólida para construção de novas narrativas, principalmente como um espaço para crítica e debate de assuntos que precisavam estar em pauta. 

Coelho Neto é um exemplo de pessoa que usou a literatura como um local de denúncia, e para além disso, deixou seu nome eternizado em nossa história. O autor foi um dos membros-fundadores da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira de número dois, e durante muito tempo foi considerado o príncipe da prosa nacional.

Mas afinal, o que há de tão mágico na escrita de Coelho Neto?

Nascido em Caxias, no Maranhão, ainda muito cedo Henrique Maximiano Coelho Neto mudou-se para o Rio de Janeiro, na época em que essa ainda era a capital do Império. Um de seus primeiros trabalhos foi aos 17 anos, escrevendo poesia para um dos mais importantes jornais do Brasil, o Gazeta da Tarde. Devido à riqueza de suas obras, e a criação de um panorama literário totalmente inovador, rapidamente Coelho Neto passou a frequentar os mesmos espaços que Olavo Bilac, Paula Nei e José Patrocínio. 

Literatura para todos os gêneros

Com uma escrita dinâmica e que passeava por vários estilos, apesar de fazer o seu nome na prosa, Coelho Neto também ficou conhecido por ser contista, cronista, folclorista, romancista, teatrólogo e crítico literário, chegando a escrever mais de 120 livros. Além disso, ele também fez carreira política, chegando a atuar como secretário do governo do Rio de Janeiro e deputado federal no Maranhão.

No entanto, é pela capacidade de mesclar o gótico com o regionalismo que o autor surpreendeu os seus leitores. Nada de castelos esquecidos no alto de montanhas ou casas com barulhos estranhos no meio da noite. Coelho Neto dispensa qualquer cenário que remeta ao gótico inglês ou à literatura europeia, dando espaço para narrativas que mostravam o cenário brasileiro da época, com foco no regionalismo e no folclore nordestino. 

Imagine só: personagens tipicamente brasileiros que viviam a cultura, a herança de um projeto colonial e o misticismo, tudo isso enquanto os costumes nacionais eram colocados à prova. Pense em fantasmas escondidos pelas matas, pântanos repletos de mortos e terrores que transitam pelo sertão, esses eram os cenários perfeitos para o autor.

O resgate do insólito

Infelizmente, é comum a ideia de que a literatura de horror, principalmente com foco no gótico, só exista em cenários ingleses. No entanto, negar esse gênero literário a partir de uma perspectiva nacional, é também negar a existência de um dos autores mais vendidos de sua época. Os cenários tipicamente brasileiros de Coelho Neto, mostram que a narrativa fantástica e o assombro, combinam perfeitamente com a pluralidade de nossas tradições. 

Para muitos, o autor foi considerado o “Edgar Allan Poe brasileiro”, mas para quem cabe essa comparação? Coelho Neto é único, inovador, foi uma potência na literatura, e foi o grande responsável por garantir a inserção de assuntos primordiais em suas obras, como o desmatamento na Amazônia e a seca. 

7 histórias macabras

Agora que você conhece um dos imortais da literatura, responsáveis por mudanças em nosso cenário e tendências literárias, também pode conhecer mais sobre suas histórias apoiando o projeto Coelho Neto: Sertão. A obra, originalmente publicada em 1896, volta aos leitores brasileiros em uma edição cuidadosamente feita pela O Grifo Editora, são 7 narrativas que apresentam o melhor do gótico, a partir do olhar desse homem que fazia questão de colocar em pauta o horror com personagens até então esquecidos. Seus protagonistas são negros, mulheres, caboclos, donos de um novo mundo, repleto de significados.

O projeto conta com a apresentação do editor Ismael Novaes, ensaios dos pesquisadores Alexander Meireles da Silva e Mauricio Cesar Menon, e a primeira versão do conto “Praga” (1890), inédita em livro.

Você pode apoiar esse projeto até 26/05/2024 e garantir leituras cada vez mais insólitas em sua estante.

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