Desvendando a raiz da cultura japonesa: conheça o povo ainu

É um fato: nós, brasileiros, estamos cada vez mais imersos e encantados pela cultura japonesa, seja os festivais, eventos, restaurantes, músicas, seriados, anime, mangá, etc. Tanto que o bairro Liberdade, em São Paulo, fundado em dezembro de 1905, se tornou, ao longo dos anos, um epicentro para a expansão dessa rica cultura. Décadas se passaram, e hoje é reconhecido como o lar da maior colônia japonesa do mundo fora do Japão.

No entanto, a história se repete em cada canto do mundo. Assim como é comum não nos aprofundarmos na cultura dos nossos povos originários, correndo o risco de ela desaparecer, o mesmo ocorre na cultura japonesa. Este texto é um convite para fazermos diferente: se você é fã da cultura japonesa, mas desconhece a cultura e tradição ainu, esta é a oportunidade para explorar e conhecer mais sobre o povo e as tradições que não merecem ser esquecidos.

Ainus: o povo originário da cultura japonesa

Os ainus, primeiros habitantes das ilhas do Japão, traçam sua história ao longo de aproximadamente 15.000 anos, emergindo antes mesmo dos sumérios ou egípcios. Esse legado singular leva muitos a não apenas considerá-los como um povo, mas verdadeiramente uma “raça”.

Duas teorias intrigantes buscam explicar suas origens. A “teoria do norte” sugere uma migração vinda das terras setentrionais, enquanto a segunda aponta para ancestrais provenientes da Polinésia. Essa segunda perspectiva é reforçada pelas notáveis semelhanças culturais, rituais e tatuagens compartilhadas com os habitantes da Oceania.

A história dos ainus é marcada por uma disputa territorial persistente com os japoneses. Apesar de serem os primeiros habitantes, foram desterrados, oprimidos, marginalizados, estigmatizados, e empurrados cada vez mais para o norte das ilhas. Nesse cenário desafiador, sua resistência foi crucial para garantir a continuidade de sua existência.

Após a Segunda Guerra Mundial, a questão da repatriação emergiu. Considerados antigos súditos do país, os ainus acabaram predominantemente em Hokkaido, a maior e última ilha, que, até o século XIX, não fazia parte do território japonês.

Anos se passaram e somente em setembro de 2007, a declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas foi finalmente adotada para o povo ainu. E, em 2020, foi inaugurado o Upopoy, o Museu Nacional Ainu, que visa perpetuar a cultura, linguagem, universo, espiritualidade, costumes, vida, história, trabalho e interação de intercâmbio entre povo e outros grupos étnicos.

Ficou curioso para ver detalhes do povo, da cultura ainu, e ouvir como é a língua ainu (アイヌ イタク)? É só dar play!

Noites de Hokkaidô: imortalizando histórias do povo ainu

Diante de tanta resistência ao longo dos anos, nada mais justo do que valorizar a história do povo ainu. Suas lendas, tradições e histórias, inicialmente transmitidas oralmente em casa ou durante cerimônias prolongadas, passaram recentemente a ser registradas para evitar que se percam no esquecimento.

Através desses registros, percebeu-se que as histórias ainu podem ser categorizadas em diferentes estilos, sendo designadas como épicos (yukar ou sakorpe), mitos (kamui yukar) e contos populares (uwepeker ou tuitak). Essas categorias são distintas, principalmente, pela forma narrativa. Os épicos e mitos apresentam versos cantados e melódicos, frequentemente acompanhados por refrões repetidos ao final de cada verso.

E para que essas narrativas, repletas de curiosidades, humor, anedotas, mistério e elementos sobrenaturais não caiam no esquecimento, a Laboralivros lançou a campanha Noites de Hokkaidô, aqui, no Catarse.

A editora deseja publicar Noites de Hokkaidô, um livro com tradução direta do japonês para o português, conforme registrado por Mashiho Chiri, pois tem o objetivo de proporcionar uma experiência única aos leitores, além de preservar e difundir a rica cultura ainu. Para que isso aconteça, ela conta com o seu apoio até o dia 08/03 para tornar esse projeto uma realidade!

Gostou da proposta da editora Laboralivros? Compartilhe com os amigos, principalmente os que gostam da cultura japonesa e indígena, para que mais pessoas conheçam este projeto incrível!

Lorena Camilo
Mestra em Estudos Literários, editora, redatora e aficionada por arte e cultura pop.

Talvez você se interesse...

Junte-se à conversa

Desvendando a raiz da cultura japonesa: conheça o povo ainu

É um fato: nós, brasileiros, estamos cada vez mais imersos e encantados pela cultura japonesa, seja os festivais, eventos, restaurantes, músicas, seriados, anime, mangá, etc. Tanto que o bairro Liberdade, em São Paulo, fundado em dezembro de 1905, se tornou, ao longo dos anos, um epicentro para a expansão dessa rica cultura. Décadas se passaram, e hoje é reconhecido como o lar da maior colônia japonesa do mundo fora do Japão.

No entanto, a história se repete em cada canto do mundo. Assim como é comum não nos aprofundarmos na cultura dos nossos povos originários, correndo o risco de ela desaparecer, o mesmo ocorre na cultura japonesa. Este texto é um convite para fazermos diferente: se você é fã da cultura japonesa, mas desconhece a cultura e tradição ainu, esta é a oportunidade para explorar e conhecer mais sobre o povo e as tradições que não merecem ser esquecidos.

Ainus: o povo originário da cultura japonesa

Os ainus, primeiros habitantes das ilhas do Japão, traçam sua história ao longo de aproximadamente 15.000 anos, emergindo antes mesmo dos sumérios ou egípcios. Esse legado singular leva muitos a não apenas considerá-los como um povo, mas verdadeiramente uma “raça”.

Duas teorias intrigantes buscam explicar suas origens. A “teoria do norte” sugere uma migração vinda das terras setentrionais, enquanto a segunda aponta para ancestrais provenientes da Polinésia. Essa segunda perspectiva é reforçada pelas notáveis semelhanças culturais, rituais e tatuagens compartilhadas com os habitantes da Oceania.

A história dos ainus é marcada por uma disputa territorial persistente com os japoneses. Apesar de serem os primeiros habitantes, foram desterrados, oprimidos, marginalizados, estigmatizados, e empurrados cada vez mais para o norte das ilhas. Nesse cenário desafiador, sua resistência foi crucial para garantir a continuidade de sua existência.

Após a Segunda Guerra Mundial, a questão da repatriação emergiu. Considerados antigos súditos do país, os ainus acabaram predominantemente em Hokkaido, a maior e última ilha, que, até o século XIX, não fazia parte do território japonês.

Anos se passaram e somente em setembro de 2007, a declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas foi finalmente adotada para o povo ainu. E, em 2020, foi inaugurado o Upopoy, o Museu Nacional Ainu, que visa perpetuar a cultura, linguagem, universo, espiritualidade, costumes, vida, história, trabalho e interação de intercâmbio entre povo e outros grupos étnicos.

Ficou curioso para ver detalhes do povo, da cultura ainu, e ouvir como é a língua ainu (アイヌ イタク)? É só dar play!

Noites de Hokkaidô: imortalizando histórias do povo ainu

Diante de tanta resistência ao longo dos anos, nada mais justo do que valorizar a história do povo ainu. Suas lendas, tradições e histórias, inicialmente transmitidas oralmente em casa ou durante cerimônias prolongadas, passaram recentemente a ser registradas para evitar que se percam no esquecimento.

Através desses registros, percebeu-se que as histórias ainu podem ser categorizadas em diferentes estilos, sendo designadas como épicos (yukar ou sakorpe), mitos (kamui yukar) e contos populares (uwepeker ou tuitak). Essas categorias são distintas, principalmente, pela forma narrativa. Os épicos e mitos apresentam versos cantados e melódicos, frequentemente acompanhados por refrões repetidos ao final de cada verso.

E para que essas narrativas, repletas de curiosidades, humor, anedotas, mistério e elementos sobrenaturais não caiam no esquecimento, a Laboralivros lançou a campanha Noites de Hokkaidô, aqui, no Catarse.

A editora deseja publicar Noites de Hokkaidô, um livro com tradução direta do japonês para o português, conforme registrado por Mashiho Chiri, pois tem o objetivo de proporcionar uma experiência única aos leitores, além de preservar e difundir a rica cultura ainu. Para que isso aconteça, ela conta com o seu apoio até o dia 08/03 para tornar esse projeto uma realidade!

Gostou da proposta da editora Laboralivros? Compartilhe com os amigos, principalmente os que gostam da cultura japonesa e indígena, para que mais pessoas conheçam este projeto incrível!

Sobre quem falamos nessa história

No items found.

Sobre quem falamos nessa história

No items found.

Traga seu projeto criativo ao mundo!

Comece seu projeto