Romances de mistério: por que somos tão fascinados pelos crimes e assombros sem (aparente) solução

Uma casa isolada. Uma porta entreaberta no meio da noite. O som de passos que param repentinamente no andar de cima. É só a luz falhar que seu coração acelera enquanto tenta entender o que está acontecendo. 

Diferente dos autores de mistério, não vou prolongar o suspense: este texto vai revelar exatamente por que essas histórias nos fascinam tanto. Continue por sua conta e risco, mas sabe o melhor de tudo? Você sai vivo – e bem-informado – no final da leitura.

O que são romances de mistério?

Romances de mistério são construídos em torno de um enigma a ser desvendado. Eles exploram o suspense crescente, personagens ambíguos e reviravoltas que desafiam nossas expectativas. Em muitos casos, o leitor assume o papel de detetive, reunindo pistas e tentando antecipar o desfecho.

O gênero ganhou força no século XIX com Os crimes da Rua Morgue, de Edgar Allan Poe, considerado o primeiro conto policial da literatura. Mais tarde, Sherlock Holmes, de Sir Arthur Conan Doyle, se tornaria o detetive mais famoso do mundo, estabelecendo um modelo de investigação que influenciaria autores como Agatha Christie, Raymond Chandler, Dashiell Hammett, Patricia Highsmith e Georges Simenon.

Já por aqui, nas nossas terras tupiniquins, o suspense começou a tomar forma na década de 1920 com O mistério, obra coletiva publicada como folhetim no jornal A Folha. Desde então, a literatura brasileira seguiu um caminho próprio, frequentemente mesclando investigação com crítica social e um realismo urbano marcante. Entre os grandes nomes que consolidaram o gênero no país estão Rubem Fonseca, Patrícia Melo, Tony Bellotto e Luiz Alfredo Garcia-Roza, criador do icônico detetive Espinosa.

Atualmente, a tradição segue viva com autores como Iza Artagão, Victor Bonini e Raphael Montes, que tem se destacado na literatura policial e no audiovisual, conquistando ainda mais notoriedade recentemente com o roteiro da novela Beleza fatal.

O prazer do suspense: por que gostamos de ser enganados?

Quer saber por que somos tão fascinados por mistérios e crimes? A resposta está no nosso cérebro, que adora desafios e padrões. Quando nos deparamos com lacunas em uma história, sentimos uma necessidade instintiva de preenchê-las. Esse impulso é um mecanismo evolutivo, originado da nossa necessidade de entender o ambiente ao nosso redor para garantir nossa sobrevivência.

Além disso, o suspense ativa áreas do cérebro ligadas à recompensa, tornando a experiência prazerosa. O leitor se vê imerso no jogo do autor, tentando antecipar o desfecho antes que ele seja revelado. Há também outro fator psicológico interessante: ao contrário da vida real, onde muitas questões ficam sem resposta, os romances de mistério nos oferecem uma sensação de controle e resolução.

Apesar de muito estudada, a mente humana continua sendo um mistério em si, e muitas pessoas se interessam por histórias criminais não só pela tensão e pelo enigma, mas também como uma forma segura de explorar os extremos da moralidade e da psicologia humana. Em particular, as mulheres tendem a consumir conteúdos sobre crimes para entender melhor como evitar situações perigosas, enquanto para alguns homens, o interesse pode estar ligado à noção de poder e ao enfrentamento de ameaças.

Independentemente da razão, é inegável que histórias de mistério continuam a nos prender – mas, felizmente, não estamos presos em calabouços ou casas abandonadas, algemados e acorrentados; ao contrário, estamos sempre focados na próxima palavra da narrativa.


Adentre o enigma de quem é o assassino de A escada circular

Agora que você já conhece mais sobre o gênero suspense, que tal se aprofundar em um que não só desafia a lógica, mas que também confronta seus próprios medos?

A recomendação perfeita é o suspense psicológico da campanha “A Escada Circular”, uma obra inédita no Brasil e parte do trabalho de resgate da autora e de sua obra pela Editora Pesadilla. Embora tenha sido considerada uma das "Rainhas do Crime" em vida, Ethel Lina White não recebeu o mesmo prestígio de seus pares.

A campanha está em sua reta final e conta com o seu apoio. Aproveite para compartilhar com seus amigos que adoram um bom suspense, pois além da tradução completa do romance, a edição pode ser ampliada através das metas estendidas, que incluem textos complementares, brindes e outras surpresas.

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Para continuar desvendando...

🕵️‍♂️ Descubra por que amamos thrillers psicológicos

✍️​ É escritor e quer dicas para escrever seu livro de suspense? Leia a parte 1 e 2 dos artigos da Cláudia Lemes

📖 A dualidade entre amar e evitar thrillers sob o ponto de vista de uma escritora

🔪Por que cada vez mais estamos interessados ​​em histórias de crimes?

Lorena Camilo
Mestra em Estudos Literários na área de pesquisa Literaturas Modernas e Contemporâneas; e bacharel em Letras em duas ênfases, Estudos sobre Edição com formação complementar em Comunicação Social e em Estudos Literários pela UFMG. É editora, revisora e redatora, além de aficionada por arte e cultura pop.

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Diferente dos autores de mistério, não vou prolongar o suspense: este texto vai revelar exatamente por que essas histórias nos fascinam tanto. Continue por sua conta e risco, mas sabe o melhor de tudo? Você sai vivo – e bem-informado – no final da leitura.

O que são romances de mistério?

Romances de mistério são construídos em torno de um enigma a ser desvendado. Eles exploram o suspense crescente, personagens ambíguos e reviravoltas que desafiam nossas expectativas. Em muitos casos, o leitor assume o papel de detetive, reunindo pistas e tentando antecipar o desfecho.

O gênero ganhou força no século XIX com Os crimes da Rua Morgue, de Edgar Allan Poe, considerado o primeiro conto policial da literatura. Mais tarde, Sherlock Holmes, de Sir Arthur Conan Doyle, se tornaria o detetive mais famoso do mundo, estabelecendo um modelo de investigação que influenciaria autores como Agatha Christie, Raymond Chandler, Dashiell Hammett, Patricia Highsmith e Georges Simenon.

Já por aqui, nas nossas terras tupiniquins, o suspense começou a tomar forma na década de 1920 com O mistério, obra coletiva publicada como folhetim no jornal A Folha. Desde então, a literatura brasileira seguiu um caminho próprio, frequentemente mesclando investigação com crítica social e um realismo urbano marcante. Entre os grandes nomes que consolidaram o gênero no país estão Rubem Fonseca, Patrícia Melo, Tony Bellotto e Luiz Alfredo Garcia-Roza, criador do icônico detetive Espinosa.

Atualmente, a tradição segue viva com autores como Iza Artagão, Victor Bonini e Raphael Montes, que tem se destacado na literatura policial e no audiovisual, conquistando ainda mais notoriedade recentemente com o roteiro da novela Beleza fatal.

O prazer do suspense: por que gostamos de ser enganados?

Quer saber por que somos tão fascinados por mistérios e crimes? A resposta está no nosso cérebro, que adora desafios e padrões. Quando nos deparamos com lacunas em uma história, sentimos uma necessidade instintiva de preenchê-las. Esse impulso é um mecanismo evolutivo, originado da nossa necessidade de entender o ambiente ao nosso redor para garantir nossa sobrevivência.

Além disso, o suspense ativa áreas do cérebro ligadas à recompensa, tornando a experiência prazerosa. O leitor se vê imerso no jogo do autor, tentando antecipar o desfecho antes que ele seja revelado. Há também outro fator psicológico interessante: ao contrário da vida real, onde muitas questões ficam sem resposta, os romances de mistério nos oferecem uma sensação de controle e resolução.

Apesar de muito estudada, a mente humana continua sendo um mistério em si, e muitas pessoas se interessam por histórias criminais não só pela tensão e pelo enigma, mas também como uma forma segura de explorar os extremos da moralidade e da psicologia humana. Em particular, as mulheres tendem a consumir conteúdos sobre crimes para entender melhor como evitar situações perigosas, enquanto para alguns homens, o interesse pode estar ligado à noção de poder e ao enfrentamento de ameaças.

Independentemente da razão, é inegável que histórias de mistério continuam a nos prender – mas, felizmente, não estamos presos em calabouços ou casas abandonadas, algemados e acorrentados; ao contrário, estamos sempre focados na próxima palavra da narrativa.


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Agora que você já conhece mais sobre o gênero suspense, que tal se aprofundar em um que não só desafia a lógica, mas que também confronta seus próprios medos?

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A campanha está em sua reta final e conta com o seu apoio. Aproveite para compartilhar com seus amigos que adoram um bom suspense, pois além da tradução completa do romance, a edição pode ser ampliada através das metas estendidas, que incluem textos complementares, brindes e outras surpresas.

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