Como e por que a Expedição Liberdade pediu R$ 100 e levantou mais de R$ 9.000

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Uma campanha de financiamento coletivo com uma meta simbólica de R$ 100 foi a forma que os três integrantes da Expedição Liberdade encontraram para mapear quem e quantas pessoas estariam interessadas em saber mais sobre viagem para conhecer espaços de aprendizagem com propostas educacionais diferentes pela Europa. Nesse relato, Eduardo Cuducos conta como conseguiriam mais de cem apoiadores para viverem uma jornada que mudaria suas vidas.

Por Eduardo Cuducos

Em setembro de 2013, o Daniel Larusso me contou ia para a Inglaterra, a convite de um amigo, fazer um curso de uma semana na Shumacher College. Me disse ainda que aproveitaria a viagem para visitar alguns espaços de aprendizagem que estavam tentando fazer algo diferente. Naquele mesmo mês eu e a Mabel Lazzarin estávamos fazendo as malas para mudar para a Inglaterra. “Podemos ir junto?” foi o que eu respondi. E assim começou a Expedição Liberdade.

Nossos objetivos não eram os mesmos, mas todos tínhamos muita vontade de saber como a educação pode ser diferente da que já havíamos vivido nas estruturas tradicionais de escolas, colégios e universidades por onde passamos. O Larusso, muito mais envolvido do que nós, já tinha alguma experiência na área com o Nós.vc e com o Estaleiro Liberdade, projetos que ele co-fundou.

Eu, sempre em um vai e volta da academia para o mercado, nunca me convenci que me encontraria nem em um, nem no outro. E, então, buscava novos valores, novos formas de me aprofundar e inovar. A Mabel estava em um momento de mudanças e procurava encontrar nos espaços que visitamos inspiração para seus próximos passos.

Nós três já nos conhecíamos há mais ou menos 10 anos, e nos tempos de universidade havíamos feito muita coisa juntos, como por exemplo encontros locais, regionais e nacionais para estudantes de design. Nessas aventuras descobrimos o poder dos encontros. Descobrimos que aprendíamos muito uns com os outros. Sentíamos que o aprendizado dependia muito mais do interesse e da colaboração entre os estudantes do que das estruturas tradicionais da universidade.

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Isso já era o suficiente para nos motivar a embarcar juntos na Expedição. Já estaríamos todos na Inglaterra e o assunto muito nos interessava. Pensamos que talvez não fossemos os únicos interessados e, portanto, que seria legal poder compartilhar essa experiência com mais gente. Mas como fazer isso?

Todos nós temos nossos projetos, nossos trabalhos: o Larusso com o Estaleiro Liberdade e com seus encontros no Nós.vc. Eu com meu doutorado e com mais alguns projetos com os quais colaboro. A Mabel com seus cursos e freelas. Como acomodar nessas vidas atribuladas o tempo de “produção” de um material legal para compartilhar um pouco da nossa experiência na Expedição?

Foi isso que nos levou ao Catarse e ao financiamento coletivo.

A ideia era simples: quanto mais gente interessada, mais recursos teríamos para nos dedicar à produção desse material. Se fossem poucos interessados, teríamos pouco dinheiro e que correr atrás dos nossos projetos para pagar as contas, e, consequentemente, dedicaríamos menos tempo para contar como foi a Expedição. Se tivéssemos muitos interessados, provavelmente arrecadaríamos mais dinheiro e poderíamos desacelarar um pouco nossos outros projetos, para nos dedicar mais a contar como foi a Expedição.

Essa foi a forma que encontramos para perguntar ao mundo quem queria saber como seria a nossa Expedição. Propusemos uma meta simbólica de R$ 100 e deixamos claro que, quanto mais arrecadássemos, mais e melhor contaríamos nossa experiência. Na prática, a proposta era essa: se arrecadássemos a meta, R$ 100, faríamos posts contando sobre cada uma das visitas. Se chegássemos a R$ 500, ilustraríamos os posts com infográficos. Caso chegássemos a R$ 1.500, produziríamos minidocumentários. Alcançando R$ 3.000, faríamos um encontro aberto para interagir com todo mundo. A partir daí, cada R$ 1.000 arrecadados faria a gente se comprometer com mais um encontro aberto.

9265% da meta

Divulgamos pelas nossas redes sociais e falamos com um ou outro amigo que por ventura pudesse ter um interesse mais especial ou pontual. Tívemos um ótimo retorno. As pessoas se empolgaram com a nossa ideia e, no fim, foi um sucesso. Nenhum de nós (nem mesmo nossas mães-coruja) imaginava que alcançaríamos R$ 9.265 – ou seja, simplesmente 9265% da nossa meta.

Tudo isso graças a 110 apoiadores. Foi uma ótima surpresa. Nossas visitas não precisavam de apoio, nem de financiamento para acontecer, mas vimos que tinha muita gente no mesmo barco que a gente – muita gente querendo saber mais sobre novas propostas e espaços para aprendizagem. Levamos cada um dos nossos 110 apoiadores na mala durante as nove visitas que fizemos: Brockwood Park School, a General Assembly, a Hyper Island, a Kaospilot, a The School of Life, a Schumacher College, a Studio School, a Team Academy e a Trade School – todas na Inglaterra, salvo a Kaospilot que fica na Dinamarca. Estamos pensando em cada um dos apoiadores até hoje, enquanto estamos – enfim! – podendo contar como foi a Expedição.

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Com todo o apoio que conseguimos, nos encontramos – virtualmente – uma vez por semana para discutir os próximos passos dessa fase de compartilhamento da nossa experiência. Entre uma reunião e outra vamos retomando os gigas e mais gigas de fotos, aúdios e vídeos que temos da Expedição. Vamos revivendo tudo e construindo os textos e infográficos para que vocês possam conhecer nosso ponto de vista sobre cada uma das visitas.

Já foram ao ar 5 posts (com infográficos), e ainda temos 4 para terminar. Mais para frente vamos nos dedicar aos minidocumentários também. Recentemente eu e a Mabel tiramos um mês para se dedicar quase que exclusivamente à Expedição Fomos no Brasil para a parte mais legal das nossas entregas: os encontros presenciais. Propusemos dois tipos de encontros: quem contribuísse com R$ 100 teria direito a uma conversa individual com a gente (um momento para falar sobre o que o apoiador quisesse) e, além disso, como superamos a marca dos R$ 3.000, temos sete encontros abertos para fazer. Nessa ida ao Brasil fizemos quatro deles – em Porto Alegre, Floripa, São Paulo e Rio de Janeiro. Os outros três ficarão para o segundo semestre provavelmente.

Desde que o projeto foi ao ar, recebemos muitos apoios, e descobrimos que realmente não estávamos sozinhos. Encontramos gente interessada fazendo projetos semelhantes, como o Caindo no Brasil e o Educação Fora da Caixa. Vimos que nosso projeto despertou interesse por aí: falaram da gente no jornal O Globo, no IdeaFixa, no porvir, no Estudar Fora, e na Revista Clichê, por exemplo.

Os encontros

Mas o principal foram os encontros. Tivemos ótimos papos com nossos apoiadores nas “conversas individuais”, verdadeiros e ricos momentos de troca – ter um tempo de qualidade com essas pessoas foi tão importante quanto visitar as escolas. E tivemos ainda os encontros abertos, grandes grupos cheios de interesse que iam, com as perguntas e curiosidades, guiando nosso contar da história e nos levando a pensar de formas diferente sobre cada uma das escolas.

Foi ótimo poder ver o os olhos de alguns de vocês brilhando, querendo saber mais sobre as nossas impressões. Foi muito rico também conhecer gente que foi aluno e aluna das escolas que visitamos. E, ainda, pudemos ter discussões com pessoas que se dedicam a estudar educação há anos… Enfim, os encontros nos trouxeram a certeza de que nosso projeto – era verdade – não interessava somente a gente.

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E a gente mesmo se surpreendeu com o tanto que aprendemos. Claro que esperávamos aprender muito, mas esse projeto nos tocou com uma intensidade muito forte, nos instigou a repensar muitas escolhas de vida, a escolher caminhos, a tomar decisões. Não acho que faça sentido pensar em outra Expedição Liberdade, mas é importante não deixar de pensar em alternativas para a educação tradicional. Pode ser com outras Expedições? Pode. Mas pode ser com outros projetos (como o Caindo no Brasil, o Educação Fora da Caixa, a Volta ao Mundo em 12 Escolas), pode ser com outras pessoas, em outros espaços. O importante é que vimos que existem muitas propostas alternativas: existe muita vontade de se afastar de um modelo industrial de educação, de um modelo que parte da certeza sobre o que deve ser aprendido, de um modelo, centrado na “aquisição” e mensuramento de um conhecimento pré-estabelecido.

Por fim, posso dizer que eu e a Mabel, além de tudo isso, ficamos orgulhosos ao fazer parte dessa reflexão junto com o Larusso e com o Estaleiro Liberdade. Nas palavras dele:

“Conhecer outras realidades me motivou profundamente. Por um lado, me fez reconhecer que o que a gente faz é único, especial e muito importante no cenário mundial. Por outro, me fez ter certeza de que temos muito a fazer. Temos que ser tão livres quanto seguros nas nossas atividades. Tão fluidos quanto concretos. Tão subjetivos quanto objetivos. Tão caóticos quanto organizados. Não há uma escolha entre um caminho ou outro. Temos que dançar entre as polaridades e saber acolher os extremos. O Estaleiro Liberdade é um negócio feito com amor e muito poderoso.”

Assim vamos, aos poucos, entendendo o que a Expedição foi para cada um de nós.

Alguns desencontros foram uma pena. Algumas pessoas que nos apoiaram desde o início tiveram o azar de ter outros compromissos nas datas desse primeiro round de encontros. Escrevemos email para todos os apoiadores que aguardavam encontros abertos e conversas individuais, mas não conseguimos conhecer todos eles ainda. Talvez alguns emails se perderam, talvez a pessoa estivesse muito ocupada, talvez não tivesse tão interessada assim. Se você se encaixa em algum desses casos e quiser combinar algo com a gente, sinta-se a vontade para nos puxar pela orelha!

Estamos nos esforçando para retribuir toda a força que nossos apoiadores nos deram. Todo os posts, infográficos e, futuramente, minidocumentários serão colocados no blog do Estaleiro Liberdade. Criamos um canal de comunicação que é o nosso grupo no Facebook. Lá pode tudo: postamos os links para os conteúdos e encontros da Expedição, compartilhamos materiais sobre o projeto e o espaço é aberto para que qualquer um poste qualquer conteúdo pertinente ao nosso tema. Se tivemos 110 apoiadores no Catarse, no grupo já temos 350 pessoas – o que é ótimo!

O projeto foi muito rico por tudo isso: além de conseguirmos financiar a produção do material para compartilhar as experiências da Expedição, descobrimos muita gente no mesmo barco, fizemos amigos, descobrimos lições e histórias de vida com nossos apoiadores. Criamos um compromisso super saudável de, através do nosso projeto, se esforçar em questionar a educação nossa de cada dia. Por tudo isso, muito obrigado! E – mais uma vez – um muito obrigado para lá de especial a cada um dos nossos 110 apoiadores, a cada uma das pessoas que se dispuseram a conversar conosco e abrir as portas de seus espaços para nos receber, e a nossos parceiros Estaleiro Liberdade, Nós.vc, Vilaj Coworking, Laboriosa 89 e IdeaFixa. Sem vocês, nada disso teria acontecido!
Colaborador
Este texto foi escrito por um colaborador do Catarse! Quer ser um colaborador? Mande um email para comunicacao@catarse.me com a sua sugestão de pauta. ;)

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Como e por que a Expedição Liberdade pediu R$ 100 e levantou mais de R$ 9.000

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Uma campanha de financiamento coletivo com uma meta simbólica de R$ 100 foi a forma que os três integrantes da Expedição Liberdade encontraram para mapear quem e quantas pessoas estariam interessadas em saber mais sobre viagem para conhecer espaços de aprendizagem com propostas educacionais diferentes pela Europa. Nesse relato, Eduardo Cuducos conta como conseguiriam mais de cem apoiadores para viverem uma jornada que mudaria suas vidas.

Por Eduardo Cuducos

Em setembro de 2013, o Daniel Larusso me contou ia para a Inglaterra, a convite de um amigo, fazer um curso de uma semana na Shumacher College. Me disse ainda que aproveitaria a viagem para visitar alguns espaços de aprendizagem que estavam tentando fazer algo diferente. Naquele mesmo mês eu e a Mabel Lazzarin estávamos fazendo as malas para mudar para a Inglaterra. “Podemos ir junto?” foi o que eu respondi. E assim começou a Expedição Liberdade.

Nossos objetivos não eram os mesmos, mas todos tínhamos muita vontade de saber como a educação pode ser diferente da que já havíamos vivido nas estruturas tradicionais de escolas, colégios e universidades por onde passamos. O Larusso, muito mais envolvido do que nós, já tinha alguma experiência na área com o Nós.vc e com o Estaleiro Liberdade, projetos que ele co-fundou.

Eu, sempre em um vai e volta da academia para o mercado, nunca me convenci que me encontraria nem em um, nem no outro. E, então, buscava novos valores, novos formas de me aprofundar e inovar. A Mabel estava em um momento de mudanças e procurava encontrar nos espaços que visitamos inspiração para seus próximos passos.

Nós três já nos conhecíamos há mais ou menos 10 anos, e nos tempos de universidade havíamos feito muita coisa juntos, como por exemplo encontros locais, regionais e nacionais para estudantes de design. Nessas aventuras descobrimos o poder dos encontros. Descobrimos que aprendíamos muito uns com os outros. Sentíamos que o aprendizado dependia muito mais do interesse e da colaboração entre os estudantes do que das estruturas tradicionais da universidade.

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Isso já era o suficiente para nos motivar a embarcar juntos na Expedição. Já estaríamos todos na Inglaterra e o assunto muito nos interessava. Pensamos que talvez não fossemos os únicos interessados e, portanto, que seria legal poder compartilhar essa experiência com mais gente. Mas como fazer isso?

Todos nós temos nossos projetos, nossos trabalhos: o Larusso com o Estaleiro Liberdade e com seus encontros no Nós.vc. Eu com meu doutorado e com mais alguns projetos com os quais colaboro. A Mabel com seus cursos e freelas. Como acomodar nessas vidas atribuladas o tempo de “produção” de um material legal para compartilhar um pouco da nossa experiência na Expedição?

Foi isso que nos levou ao Catarse e ao financiamento coletivo.

A ideia era simples: quanto mais gente interessada, mais recursos teríamos para nos dedicar à produção desse material. Se fossem poucos interessados, teríamos pouco dinheiro e que correr atrás dos nossos projetos para pagar as contas, e, consequentemente, dedicaríamos menos tempo para contar como foi a Expedição. Se tivéssemos muitos interessados, provavelmente arrecadaríamos mais dinheiro e poderíamos desacelarar um pouco nossos outros projetos, para nos dedicar mais a contar como foi a Expedição.

Essa foi a forma que encontramos para perguntar ao mundo quem queria saber como seria a nossa Expedição. Propusemos uma meta simbólica de R$ 100 e deixamos claro que, quanto mais arrecadássemos, mais e melhor contaríamos nossa experiência. Na prática, a proposta era essa: se arrecadássemos a meta, R$ 100, faríamos posts contando sobre cada uma das visitas. Se chegássemos a R$ 500, ilustraríamos os posts com infográficos. Caso chegássemos a R$ 1.500, produziríamos minidocumentários. Alcançando R$ 3.000, faríamos um encontro aberto para interagir com todo mundo. A partir daí, cada R$ 1.000 arrecadados faria a gente se comprometer com mais um encontro aberto.

9265% da meta

Divulgamos pelas nossas redes sociais e falamos com um ou outro amigo que por ventura pudesse ter um interesse mais especial ou pontual. Tívemos um ótimo retorno. As pessoas se empolgaram com a nossa ideia e, no fim, foi um sucesso. Nenhum de nós (nem mesmo nossas mães-coruja) imaginava que alcançaríamos R$ 9.265 – ou seja, simplesmente 9265% da nossa meta.

Tudo isso graças a 110 apoiadores. Foi uma ótima surpresa. Nossas visitas não precisavam de apoio, nem de financiamento para acontecer, mas vimos que tinha muita gente no mesmo barco que a gente – muita gente querendo saber mais sobre novas propostas e espaços para aprendizagem. Levamos cada um dos nossos 110 apoiadores na mala durante as nove visitas que fizemos: Brockwood Park School, a General Assembly, a Hyper Island, a Kaospilot, a The School of Life, a Schumacher College, a Studio School, a Team Academy e a Trade School – todas na Inglaterra, salvo a Kaospilot que fica na Dinamarca. Estamos pensando em cada um dos apoiadores até hoje, enquanto estamos – enfim! – podendo contar como foi a Expedição.

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Com todo o apoio que conseguimos, nos encontramos – virtualmente – uma vez por semana para discutir os próximos passos dessa fase de compartilhamento da nossa experiência. Entre uma reunião e outra vamos retomando os gigas e mais gigas de fotos, aúdios e vídeos que temos da Expedição. Vamos revivendo tudo e construindo os textos e infográficos para que vocês possam conhecer nosso ponto de vista sobre cada uma das visitas.

Já foram ao ar 5 posts (com infográficos), e ainda temos 4 para terminar. Mais para frente vamos nos dedicar aos minidocumentários também. Recentemente eu e a Mabel tiramos um mês para se dedicar quase que exclusivamente à Expedição Fomos no Brasil para a parte mais legal das nossas entregas: os encontros presenciais. Propusemos dois tipos de encontros: quem contribuísse com R$ 100 teria direito a uma conversa individual com a gente (um momento para falar sobre o que o apoiador quisesse) e, além disso, como superamos a marca dos R$ 3.000, temos sete encontros abertos para fazer. Nessa ida ao Brasil fizemos quatro deles – em Porto Alegre, Floripa, São Paulo e Rio de Janeiro. Os outros três ficarão para o segundo semestre provavelmente.

Desde que o projeto foi ao ar, recebemos muitos apoios, e descobrimos que realmente não estávamos sozinhos. Encontramos gente interessada fazendo projetos semelhantes, como o Caindo no Brasil e o Educação Fora da Caixa. Vimos que nosso projeto despertou interesse por aí: falaram da gente no jornal O Globo, no IdeaFixa, no porvir, no Estudar Fora, e na Revista Clichê, por exemplo.

Os encontros

Mas o principal foram os encontros. Tivemos ótimos papos com nossos apoiadores nas “conversas individuais”, verdadeiros e ricos momentos de troca – ter um tempo de qualidade com essas pessoas foi tão importante quanto visitar as escolas. E tivemos ainda os encontros abertos, grandes grupos cheios de interesse que iam, com as perguntas e curiosidades, guiando nosso contar da história e nos levando a pensar de formas diferente sobre cada uma das escolas.

Foi ótimo poder ver o os olhos de alguns de vocês brilhando, querendo saber mais sobre as nossas impressões. Foi muito rico também conhecer gente que foi aluno e aluna das escolas que visitamos. E, ainda, pudemos ter discussões com pessoas que se dedicam a estudar educação há anos… Enfim, os encontros nos trouxeram a certeza de que nosso projeto – era verdade – não interessava somente a gente.

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E a gente mesmo se surpreendeu com o tanto que aprendemos. Claro que esperávamos aprender muito, mas esse projeto nos tocou com uma intensidade muito forte, nos instigou a repensar muitas escolhas de vida, a escolher caminhos, a tomar decisões. Não acho que faça sentido pensar em outra Expedição Liberdade, mas é importante não deixar de pensar em alternativas para a educação tradicional. Pode ser com outras Expedições? Pode. Mas pode ser com outros projetos (como o Caindo no Brasil, o Educação Fora da Caixa, a Volta ao Mundo em 12 Escolas), pode ser com outras pessoas, em outros espaços. O importante é que vimos que existem muitas propostas alternativas: existe muita vontade de se afastar de um modelo industrial de educação, de um modelo que parte da certeza sobre o que deve ser aprendido, de um modelo, centrado na “aquisição” e mensuramento de um conhecimento pré-estabelecido.

Por fim, posso dizer que eu e a Mabel, além de tudo isso, ficamos orgulhosos ao fazer parte dessa reflexão junto com o Larusso e com o Estaleiro Liberdade. Nas palavras dele:

“Conhecer outras realidades me motivou profundamente. Por um lado, me fez reconhecer que o que a gente faz é único, especial e muito importante no cenário mundial. Por outro, me fez ter certeza de que temos muito a fazer. Temos que ser tão livres quanto seguros nas nossas atividades. Tão fluidos quanto concretos. Tão subjetivos quanto objetivos. Tão caóticos quanto organizados. Não há uma escolha entre um caminho ou outro. Temos que dançar entre as polaridades e saber acolher os extremos. O Estaleiro Liberdade é um negócio feito com amor e muito poderoso.”

Assim vamos, aos poucos, entendendo o que a Expedição foi para cada um de nós.

Alguns desencontros foram uma pena. Algumas pessoas que nos apoiaram desde o início tiveram o azar de ter outros compromissos nas datas desse primeiro round de encontros. Escrevemos email para todos os apoiadores que aguardavam encontros abertos e conversas individuais, mas não conseguimos conhecer todos eles ainda. Talvez alguns emails se perderam, talvez a pessoa estivesse muito ocupada, talvez não tivesse tão interessada assim. Se você se encaixa em algum desses casos e quiser combinar algo com a gente, sinta-se a vontade para nos puxar pela orelha!

Estamos nos esforçando para retribuir toda a força que nossos apoiadores nos deram. Todo os posts, infográficos e, futuramente, minidocumentários serão colocados no blog do Estaleiro Liberdade. Criamos um canal de comunicação que é o nosso grupo no Facebook. Lá pode tudo: postamos os links para os conteúdos e encontros da Expedição, compartilhamos materiais sobre o projeto e o espaço é aberto para que qualquer um poste qualquer conteúdo pertinente ao nosso tema. Se tivemos 110 apoiadores no Catarse, no grupo já temos 350 pessoas – o que é ótimo!

O projeto foi muito rico por tudo isso: além de conseguirmos financiar a produção do material para compartilhar as experiências da Expedição, descobrimos muita gente no mesmo barco, fizemos amigos, descobrimos lições e histórias de vida com nossos apoiadores. Criamos um compromisso super saudável de, através do nosso projeto, se esforçar em questionar a educação nossa de cada dia. Por tudo isso, muito obrigado! E – mais uma vez – um muito obrigado para lá de especial a cada um dos nossos 110 apoiadores, a cada uma das pessoas que se dispuseram a conversar conosco e abrir as portas de seus espaços para nos receber, e a nossos parceiros Estaleiro Liberdade, Nós.vc, Vilaj Coworking, Laboriosa 89 e IdeaFixa. Sem vocês, nada disso teria acontecido!

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