Criadores Respondem: SPolifônica

Arrá! A série Criadores Respondem, onde a gente conhece um pouquinho mais sobre as entrelinhas dos projetos criativos que circulam pelo Catarse, está de volta.   A Letícia Arcoverde e a Cecília Cussioli são estudantes do último ano de jornalismo da UFSC e tiveram a sensacional e ousada ideia de capturar sons de São Paulo e criar um projeto colaborativo pautado na ideia de redescobrir a cidade através dos seus sons, o SPolifônica.   Deliciem-se com o bate-papo.

1 - Posso estar enganado, mas jornalismo colaborativo não deve ser o tema da maioria dos trabalhos de conclusão de curso por aí, certo? De onde veio a motivação pra fazer esse trabalho? Alguém já achou que vocês eram meio doidas por escolherem esse tema?

É verdade, não sabemos de muitos TCCs de jornalismo na área. Mas a ideia surgiu muito naturalmente, assim que decidimos que fazer o trabalho para a web, que é um meio de que sempre gostamos, e que sabemos que só tem a crescer no jornalismo. Ao longo desses quatro anos de curso estudamos muito sobre os impactos que a internet teve no área, a crise nos jornais impressos e o futuro da profissão num mundo em que a informação não tem mais dono. Mas eram poucos os professores que viam a  produção colaborativa como uma saída para isso. Ainda aprendemos um modelo muito tradicional, que está cada vez mais perto de desaparecer. Foi importante estudá-lo, é lógico, e as bases do jornalismo sempre serão as mesmas - contar histórias, dar vozes as pessoas, que é o objetivo principal do nosso trabalho - mas na hora de produzir o TCC sentimos que era o momento de tentar outro caminho.

Não só nós, mas a geração que está na universidade hoje e está se formando agora é feita de pessoas que já vivem completamente integradas nesse mundo digital, e já estão acostumadas a produzir coletivamente. Não usamos a wikipedia como fonte de pesquisa, ou rimos de memes que não têm dono e se espalham e se modificam com uma rapidez imensa? Sem nem ir muito longe, o próprio Catarse e o sucesso que ele está tendo é um exemplo disso. É muito natural para a gente criar e remixar informação. Queríamos produzir jornalismo justamente para esse contexto, e percebemos na hora que não dá para fazê-lo sozinho.

Um projeto interessante que também foi desenvolvido como tcc  na UFSC é o Comunicasa, um site para discussões sobre redes sociais onde qualquer um pode colaborar com artigos. Seria legal ver mais projetos assim daqui pra frente, e esperamos que o nosso sirva como exemplo para quem está se formando nos próximos anos.

2 - No blog do projeto, vocês disseram que já reuniram mais de 20 horas de vídeo. Algumas delas com certeza surpreenderam vocês certo? Qual dos sons e situações de São Paulo vocês acharam mais esquisitos?

Gostamos de achar alguns sons inusitados, que só existem mesmo em São Paulo. Como a pianista que toca por doze horas de madrugada numa igreja do centro, uma vez por semana, ou o professor de matemática que encontramos no meio da rua e que queríamos ter achado antes (tipo antes do vestibular. como boas jornalistas, matemática nunca foi nosso forte). O bacana também foi pensar em sons e ruídos em toda a sua amplitude, por exemplo, no silêncio, que não deixa de fazer parte da sinfonia da cidade. Para retratar isso encontramos com os monges que meditam em cima do Copan (e a visão que eles têm de barulho e silêncio é incrível).

3 - E como vocês fizeram pra escolher essas pessoas e sons que vocês gravaram nos últimos meses?   Nós tínhamos pensado em algumas pautas antes de vir para São Paulo, e quando chegamos aqui achamos mais inúmeras só de andar pela rua. Tentamos escolher sons que caracterizem São Paulo tanto por serem parte do dia a dia (como a buzina dos motoboys), tanto por serem inusitados e diferentes (como os que eu descrevi na outra pergunta). São Paulo é uma cidade incrível e vibrante nesse sentido, e poderíamos ter colhido muito mais material, se tivéssemos tempo. Mas por isso que sabemos ter acertado em fazer esse trabalho colaborativo: quem melhor do que quem vive e circula na cidade para contar essa história?

4 - Como vocês enxergam - lá na frente, com o site pronto, com várias contribuições de gente de todos os cantos de São Paulo - que vai ser a experiência de quem entrar no São Paulo Polifônica?

Queremos que seja uma forma de redescobrir São Paulo, e que mesmo quem anda por ela diariamente possa entrar no site e pensar “nossa, nunca tinha reparado nisso!”. Às vezes não paramos para prestar atenção no que vimos e ouvimos ao nosso redor, principalmente se estivermos num lugar muito familiar. Queremos que o site seja um mapa dessas pequenas coisas que às vezes deixamos passar, e que podem ser histórias incríveis, afinal a cidade, assim como o mundo, é formada de histórias.

Gostou do projeto? Faça ele acontecer. Clique aqui e apoie o SPolifônica.

Equipe São Paulo Polifônica  www.spolifonica.com
Catarse
A comunidade de financiamento coletivo mais charmosa do Brasil! Desde 17 de janeiro de 2011 contribuimos para que, cada vez mais, um monte de projetos fabulosos possam acontecer no Brasil e no mundo.

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Criadores Respondem: SPolifônica

Arrá! A série Criadores Respondem, onde a gente conhece um pouquinho mais sobre as entrelinhas dos projetos criativos que circulam pelo Catarse, está de volta.   A Letícia Arcoverde e a Cecília Cussioli são estudantes do último ano de jornalismo da UFSC e tiveram a sensacional e ousada ideia de capturar sons de São Paulo e criar um projeto colaborativo pautado na ideia de redescobrir a cidade através dos seus sons, o SPolifônica.   Deliciem-se com o bate-papo.

1 - Posso estar enganado, mas jornalismo colaborativo não deve ser o tema da maioria dos trabalhos de conclusão de curso por aí, certo? De onde veio a motivação pra fazer esse trabalho? Alguém já achou que vocês eram meio doidas por escolherem esse tema?

É verdade, não sabemos de muitos TCCs de jornalismo na área. Mas a ideia surgiu muito naturalmente, assim que decidimos que fazer o trabalho para a web, que é um meio de que sempre gostamos, e que sabemos que só tem a crescer no jornalismo. Ao longo desses quatro anos de curso estudamos muito sobre os impactos que a internet teve no área, a crise nos jornais impressos e o futuro da profissão num mundo em que a informação não tem mais dono. Mas eram poucos os professores que viam a  produção colaborativa como uma saída para isso. Ainda aprendemos um modelo muito tradicional, que está cada vez mais perto de desaparecer. Foi importante estudá-lo, é lógico, e as bases do jornalismo sempre serão as mesmas - contar histórias, dar vozes as pessoas, que é o objetivo principal do nosso trabalho - mas na hora de produzir o TCC sentimos que era o momento de tentar outro caminho.

Não só nós, mas a geração que está na universidade hoje e está se formando agora é feita de pessoas que já vivem completamente integradas nesse mundo digital, e já estão acostumadas a produzir coletivamente. Não usamos a wikipedia como fonte de pesquisa, ou rimos de memes que não têm dono e se espalham e se modificam com uma rapidez imensa? Sem nem ir muito longe, o próprio Catarse e o sucesso que ele está tendo é um exemplo disso. É muito natural para a gente criar e remixar informação. Queríamos produzir jornalismo justamente para esse contexto, e percebemos na hora que não dá para fazê-lo sozinho.

Um projeto interessante que também foi desenvolvido como tcc  na UFSC é o Comunicasa, um site para discussões sobre redes sociais onde qualquer um pode colaborar com artigos. Seria legal ver mais projetos assim daqui pra frente, e esperamos que o nosso sirva como exemplo para quem está se formando nos próximos anos.

2 - No blog do projeto, vocês disseram que já reuniram mais de 20 horas de vídeo. Algumas delas com certeza surpreenderam vocês certo? Qual dos sons e situações de São Paulo vocês acharam mais esquisitos?

Gostamos de achar alguns sons inusitados, que só existem mesmo em São Paulo. Como a pianista que toca por doze horas de madrugada numa igreja do centro, uma vez por semana, ou o professor de matemática que encontramos no meio da rua e que queríamos ter achado antes (tipo antes do vestibular. como boas jornalistas, matemática nunca foi nosso forte). O bacana também foi pensar em sons e ruídos em toda a sua amplitude, por exemplo, no silêncio, que não deixa de fazer parte da sinfonia da cidade. Para retratar isso encontramos com os monges que meditam em cima do Copan (e a visão que eles têm de barulho e silêncio é incrível).

3 - E como vocês fizeram pra escolher essas pessoas e sons que vocês gravaram nos últimos meses?   Nós tínhamos pensado em algumas pautas antes de vir para São Paulo, e quando chegamos aqui achamos mais inúmeras só de andar pela rua. Tentamos escolher sons que caracterizem São Paulo tanto por serem parte do dia a dia (como a buzina dos motoboys), tanto por serem inusitados e diferentes (como os que eu descrevi na outra pergunta). São Paulo é uma cidade incrível e vibrante nesse sentido, e poderíamos ter colhido muito mais material, se tivéssemos tempo. Mas por isso que sabemos ter acertado em fazer esse trabalho colaborativo: quem melhor do que quem vive e circula na cidade para contar essa história?

4 - Como vocês enxergam - lá na frente, com o site pronto, com várias contribuições de gente de todos os cantos de São Paulo - que vai ser a experiência de quem entrar no São Paulo Polifônica?

Queremos que seja uma forma de redescobrir São Paulo, e que mesmo quem anda por ela diariamente possa entrar no site e pensar “nossa, nunca tinha reparado nisso!”. Às vezes não paramos para prestar atenção no que vimos e ouvimos ao nosso redor, principalmente se estivermos num lugar muito familiar. Queremos que o site seja um mapa dessas pequenas coisas que às vezes deixamos passar, e que podem ser histórias incríveis, afinal a cidade, assim como o mundo, é formada de histórias.

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