A Editora Ex Machina apostou na reunião do cerne da produção de H. P. Lovecraft em seu primeiro financiamento coletivo. Depois de 4 anos de um árduo esforço em pesquisas, traduções, organização e edição, o lançamento do
Contos Reunidos do Mestre do Horror Cósmico foi um sucesso: toda a tiragem inicial esgotou-se antes do fim da campanha.
Nós batemos um papo com Bruno Costa, da Editora Ex Machina, por conta da nossa
página especial sobre Publicações de Livros e Revistas Independentes, para saber como foi sua experiência de arrecadar mais de R$39 mil com a ajuda de 510 pessoas com uma campanha de financiamento coletivo no Catarse. Ele dividiu conosco o porquê de escolher o financiamento coletivo, os desafios de se publicar um livro independente e os aprendizados gerados nessa jornada. Confira a entrevista abaixo:
1 - Por que você escolheu fazer um Catarse ao invés de buscar outra forma de financiamento (grana própria, editais, patrocinadores)?
Nosso principal objetivo era testar a plataforma de financiamento como “interface” com os nossos potenciais leitores/apoiadores: entender o que eles esperavam da edição; que recompensas, além do livro, seriam mais interessantes; compreender melhor o público do livro e as suas expectativas, além de conversar diretamente com os apoiadores, o que faz toda a diferença. O Catarse, nesse sentido, representou para nós um incrível balão de ensaio editorial. Além disso, podemos testar com menos risco a aceitação de projetos mais experimentais.
2 - Qual o principal impacto do crowdfunding no mercado editorial?
Em setembro do ano passado, eu e vários outros editores independentes discutimos essa notícia “HowKickstarter became one of the biggest powers in publishing”. Nós já estávamos convencidos do enorme potencial das plataformas de financiamento coletivo para a área de publicações, e não apenas para os autores independentes, mas também para as pequenas editoras, independentes ou não, com projetos audaciosos. Agora que as principais redes de livraria brasileiras estão em crise e que a Amazon pode fincar os dois pés por aqui em breve, com consequências imprevisíveis, é fundamental que as pequenas editoras entendam que elas precisam buscar espaço fora das livrarias (há algumas parceiras, é verdade...), e começar a investir mais no seu próprio e-commerce, em divulgação nas redes sociais, na busca de outros canais de venda e de comunicação com seu público. A verdade é que as livrarias se tornaram canais de venda ineficientes e caríssimos para as pequenas editoras. No Brasil, o financiamento coletivo para publicações está só começando e seu futuro é mais do que auspicioso!
3 - Quais os medos que vocês tinham antes de lançar a campanha e como fizeram para encará-los e superá-los?
O temor inicial é não saber como as pessoas vão reagir ao seu projeto, à sua campanha. E, claro, se a sua divulgação está dando resultados. À medida em que a sua campanha começa a decolar, você começa a se preocupar mais em tocar a campanha e aprender com os apoiadores.
4 - Qual foi o sentimento de vocês quando o projeto bateu a meta?
O sentimento de alívio, de que nossa premissa inicial estava certa e que havia demanda por aquele projeto!
5 - Qual foi o maior aprendizado com o processo da campanha?
Ainda estamos estudando as estatísticas e vendo como a campanha poderia ter sido melhor elaborada. Vamos aprender com o erros dessa campanha e errar menos nas próximas. Em todo caso, para nós, o maior aprendizado foi entender a importância dos “experimentos controlados”. Pesquisar, conversar com o público, perguntar, entender, tudo isso é fundamental.
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