Mais arte, menos coisas: Revoltirinhas pela valorização do artista

Campanhas de financiamento coletivo trazem consigo histórias, causas, bandeiras. É exatamente o caso de Revoltirinhas - Lado B. Buscando a valorização do trabalho do artista, Jorge Luis Garcia decidiu redesenhar e transformar em livro as tirinhas já publicadas em sua página no facebook, agora com as histórias por trás delas, o instigante lado B. Mas essa publicação não é o clássico papel pólen, lombada quadrada, muito pelo contrário: o projeto é 100% digital. Quem explica a mudança de paradigma trazida pelo livro digital, especialmente em uma de financiamento coletivo é o próprio autor:

Texto de Jorge Luis Garcia, artista criador do Revoltirinhas.

O revoltirinhas foi criado para incomodar os acomodados. Desde o início questionamos comportamentos frágeis e destituídos de real utilidade. E não poderia ser diferente quando pensamos em lançar nosso primeiro livro, escolhemos desde o princípio o formato digital. Mas por quê? Porque você já deve ter visto os gráficos de orçamento das campanhas de livros físicos no catarse: 100% para cobrir a produção gráfica, envio e recompensas e nada (ZERO) pra pagar o cara que teve o maior trabalho nisso tudo: o artista.

O começo da jornada no Catarse

Escolhemos o financiamento coletivo no Catarse por ser uma plataforma com uma ideologia que prestigia o artista independente, valorizando nosso trabalho, cortando intermediários e facilitando nossa vida na gestão e progresso da pré-venda de um projeto.

A primeira campanha não deu certo pois subestimamos o tamanho tabu e falta de informação do público quanto ao meio digital (apesar de estarmos vivendo o auge da era do digital... irônico, não?).

Aprendizados aplicados à segunda campanha

Ao percebermos a magnitude da coisa, trabalhamos pesado na conscientização e esclarecimento, demos ênfase em nos aproximarmos daqueles que demonstravam uma atitude mais crítica e menos dogmática na maneira de consumir quadrinhos e deu muito certo, a campanha atingiu a meta antes da metade do prazo e estamos indo rumo aos 200%. Nesse processo procuramos trabalhar mais com tirinhas críticas, reflexivas, filosóficas, por percebermos que, apesar do menor alcance, ela chegava nas pessoas mais capazes de enxergar o ideal por trás do nosso projeto

Conseguimos fortes aliados com essa valorização da parte que mais admiramos no nosso público: a parte questionadora, inquieta, pensante. Vários leitores nos ajudaram a sondar a situação, a propagar nossa desconstrução do conservadorismo na maneira de consumir livros e convidar mais pessoas a pensar. Essa mudança fez com que passássemos a mostrar um ideal antes de um mero produto, o produto como consequência desse ideal, finalmente conseguimos mostrar que por trás desse livro, existia uma alma autêntica que sempre foi presente no revoltirinhas como um todo.

A conexão com o público

Fizemos isso colocando convites impactantes nas tirinhas de maior alcance: "se você realmente lê as tirinhas como um questionador, entre em nosso grupo", sem nunca deixar o link, apenas o nome do grupo. Pois queríamos pessoas suficientemente interessadas a ponto de pesquisar o grupo e solicitar a entrada. Lá dentro eu propunha discussões, postava tirinhas de conscientização, textos, matérias, conversava diretamente com os leitores.

É muito importante se posicionar quando você está em busca de algo, deixar bem claro o que você busca e o que você não busca. Isso está totalmente relacionado ao público. Quando se tenta agradar a todos, você dificilmente conseguirá fazer algo autêntico e com algum resultado concreto. Agora, quando você aprende a dizer o "não", a prezar pelo valor do seu próprio trabalho, você chamará a atenção dos que de fato farão toda a diferença.

O público que nos interessa recepcionou o formato com uma mistura de curiosidade e questionamentos, que foi um grande prazer esclarecer e dialogar a respeito de maneira construtiva. Descobrimos que não estamos sozinhos na luta pela valorização da Arte e o melhor: conseguimos mais aliados nessa causa.

O projeto está indo para os 320 apoiadores, 320 leitores que levaram o projeto do revoltirinhas a outro patamar.

Como Tobias fala numa das minhas tirinhas preferidas: "O que seria dos seguidores de pegadas, se não houvesse os que abrem caminhos?"

E vem mais por aí!

O revoltirinhas lado B volume I é apenas o primeiro volume de uma série que irá contemplar todo o tempo de existência do revoltirinhas. Até agora serão 4 volumes, mas creio que até o lançamento do quarto, estaremos com tirinhas suficientes para lançar um quinto ou sexto. Esperamos com o sucesso dessa primeira campanha, inspirar quadrinistas e escritores a apostarem no formato digital. O mundo sem Arte é uma casca vazia e o digital escancara portas que o físico vive fechando irremediavelmente. Mais Arte, menos coisas!

 
Colaborador
Este texto foi escrito por um colaborador do Catarse! Quer ser um colaborador? Mande um email para comunicacao@catarse.me com a sua sugestão de pauta. ;)

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Mais arte, menos coisas: Revoltirinhas pela valorização do artista

Campanhas de financiamento coletivo trazem consigo histórias, causas, bandeiras. É exatamente o caso de Revoltirinhas - Lado B. Buscando a valorização do trabalho do artista, Jorge Luis Garcia decidiu redesenhar e transformar em livro as tirinhas já publicadas em sua página no facebook, agora com as histórias por trás delas, o instigante lado B. Mas essa publicação não é o clássico papel pólen, lombada quadrada, muito pelo contrário: o projeto é 100% digital. Quem explica a mudança de paradigma trazida pelo livro digital, especialmente em uma de financiamento coletivo é o próprio autor:

Texto de Jorge Luis Garcia, artista criador do Revoltirinhas.

O revoltirinhas foi criado para incomodar os acomodados. Desde o início questionamos comportamentos frágeis e destituídos de real utilidade. E não poderia ser diferente quando pensamos em lançar nosso primeiro livro, escolhemos desde o princípio o formato digital. Mas por quê? Porque você já deve ter visto os gráficos de orçamento das campanhas de livros físicos no catarse: 100% para cobrir a produção gráfica, envio e recompensas e nada (ZERO) pra pagar o cara que teve o maior trabalho nisso tudo: o artista.

O começo da jornada no Catarse

Escolhemos o financiamento coletivo no Catarse por ser uma plataforma com uma ideologia que prestigia o artista independente, valorizando nosso trabalho, cortando intermediários e facilitando nossa vida na gestão e progresso da pré-venda de um projeto.

A primeira campanha não deu certo pois subestimamos o tamanho tabu e falta de informação do público quanto ao meio digital (apesar de estarmos vivendo o auge da era do digital... irônico, não?).

Aprendizados aplicados à segunda campanha

Ao percebermos a magnitude da coisa, trabalhamos pesado na conscientização e esclarecimento, demos ênfase em nos aproximarmos daqueles que demonstravam uma atitude mais crítica e menos dogmática na maneira de consumir quadrinhos e deu muito certo, a campanha atingiu a meta antes da metade do prazo e estamos indo rumo aos 200%. Nesse processo procuramos trabalhar mais com tirinhas críticas, reflexivas, filosóficas, por percebermos que, apesar do menor alcance, ela chegava nas pessoas mais capazes de enxergar o ideal por trás do nosso projeto

Conseguimos fortes aliados com essa valorização da parte que mais admiramos no nosso público: a parte questionadora, inquieta, pensante. Vários leitores nos ajudaram a sondar a situação, a propagar nossa desconstrução do conservadorismo na maneira de consumir livros e convidar mais pessoas a pensar. Essa mudança fez com que passássemos a mostrar um ideal antes de um mero produto, o produto como consequência desse ideal, finalmente conseguimos mostrar que por trás desse livro, existia uma alma autêntica que sempre foi presente no revoltirinhas como um todo.

A conexão com o público

Fizemos isso colocando convites impactantes nas tirinhas de maior alcance: "se você realmente lê as tirinhas como um questionador, entre em nosso grupo", sem nunca deixar o link, apenas o nome do grupo. Pois queríamos pessoas suficientemente interessadas a ponto de pesquisar o grupo e solicitar a entrada. Lá dentro eu propunha discussões, postava tirinhas de conscientização, textos, matérias, conversava diretamente com os leitores.

É muito importante se posicionar quando você está em busca de algo, deixar bem claro o que você busca e o que você não busca. Isso está totalmente relacionado ao público. Quando se tenta agradar a todos, você dificilmente conseguirá fazer algo autêntico e com algum resultado concreto. Agora, quando você aprende a dizer o "não", a prezar pelo valor do seu próprio trabalho, você chamará a atenção dos que de fato farão toda a diferença.

O público que nos interessa recepcionou o formato com uma mistura de curiosidade e questionamentos, que foi um grande prazer esclarecer e dialogar a respeito de maneira construtiva. Descobrimos que não estamos sozinhos na luta pela valorização da Arte e o melhor: conseguimos mais aliados nessa causa.

O projeto está indo para os 320 apoiadores, 320 leitores que levaram o projeto do revoltirinhas a outro patamar.

Como Tobias fala numa das minhas tirinhas preferidas: "O que seria dos seguidores de pegadas, se não houvesse os que abrem caminhos?"

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