O financiamento coletivo que vem das ruas

*Artigo escrito pela colaboradora convidada Mariana Bartz, consultora de crowdfuding.

Em 2013, a banda Picanha de Chernobill saiu de Porto Alegre e mudou-se definitivamente para São Paulo. Em março do ano seguinte, começou a tocar na rua e tornou-se conhecida de quem frequenta o Vale do Anhangabaú durante a semana ou a Avenida Paulista aos domingos. Ao todo, já são mais de 400 shows pela cidade de São Paulo, sem contar festivais como a Virada Cultural e o SP na Rua. Com a venda do segundo álbum, “O Velho e o Bar”, foi possível financiar o processo de gravação do novo disco “O Conto, a Selva e o Fim”. Porém, para que ele seja finalizado e prensado, a banda criou uma campanha de financiamento coletivo.

A ideia é transportar a experiência bem-sucedida das ruas para o Catarse. “A rua tem sido um local incrível, pois é onde a verdadeira cidade se encontra. É no espaço público que temos o privilégio de nos apresentarmos para o povo, independente de classe social, cor, credo ou opção sexual. Essa forma democrática, aberta e livre cria na Picanha de Chernobill laços de pertencimento a São Paulo e nos ajuda a divulgar nosso trabalho para um novo público”, conta Chico Rigo, guitarrista da banda. “O que nos motivou a tocar na rua foi, primeiramente, o fato de a gente chegar em uma cidade onde ninguém nos conhecia, em um momento histórico em que a prefeitura abre espaço pros artistas se apresentarem nas ruas e também pela nossa condição financeira, de precisar de grana pra sobreviver. Foi uma combinação de sorte com força de vontade”, complementa.

picanha_4

Assim como na rua, o financiamento coletivo também é cheio de imprevistos. Não foi uma nem duas vezes que a banda se reuniu, começou a tocar e a chuva chegou sem avisar. Ou no meio de um show alguém ligou reclamando que o som estava muito alto. Ou vazou aquele áudio denunciando um grande esquema de corrupção (o que torna muito difícil a divulgação da campanha nas redes sociais). Ou aquele apoiador que tinha a sua contribuição garantida deu pra trás. Muitas vezes, você se sente obrigado a recolher os equipamentos (ou desligar o computador) e deixar para o dia seguinte.

Felizmente, boas surpresas também aparecem. Tocar na rua possibilitou à banda formar um público fiel, que segue a Picanha nas suas apresentações. Em todos os shows é possível ver gente filmando e fotografando a banda, o que resultou em centenas de materiais disponíveis na internet. Da mesma forma, o financiamento coletivo possibilitou uma nova aproximação com os fãs: “A gente conseguiu ver que tem muita gente que tem carinho pela banda, mesmo que não tenha condições de dar uma ajuda, porque tá numa situação financeira difícil. Como o Matheus diz, sozinho a gente não é nada. Isso nos dá ânimo pra continuar fazendo música”, afirma Chico.

A campanha ainda não acabou, mas já dá pra notar algumas mudanças nos integrantes. “A campanha nos trouxe mais responsabilidade em relação ao disco. Quando tu pede a ajuda das pessoas para participarem de uma coisa tão importante que é um álbum pra uma banda, temos a responsabilidade de criar um material legal. Quando chegar o CD e elas derem o play, quero que elas fiquem satisfeitas. É o principal de tudo isso. Nos momentos em que a gente estiver mais cansado, vai nos dar energia pra continuar”, reflete Chico.

Gif da Banda Picanha de Chernobill

Vale lembrar que a campanha ainda não acabou. O objetivo é atingir R$ 17.329,00 até o dia sete de junho. Acesse a página da campanha e dê a sua contribuição para que o novo álbum da Picanha de Chernobill se torne realidade e chegue aos ouvidos do público de forma independente e colaborativa.

Colaborador
Este texto foi escrito por um colaborador do Catarse! Quer ser um colaborador? Mande um email para comunicacao@catarse.me com a sua sugestão de pauta. ;)

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O financiamento coletivo que vem das ruas

*Artigo escrito pela colaboradora convidada Mariana Bartz, consultora de crowdfuding.

Em 2013, a banda Picanha de Chernobill saiu de Porto Alegre e mudou-se definitivamente para São Paulo. Em março do ano seguinte, começou a tocar na rua e tornou-se conhecida de quem frequenta o Vale do Anhangabaú durante a semana ou a Avenida Paulista aos domingos. Ao todo, já são mais de 400 shows pela cidade de São Paulo, sem contar festivais como a Virada Cultural e o SP na Rua. Com a venda do segundo álbum, “O Velho e o Bar”, foi possível financiar o processo de gravação do novo disco “O Conto, a Selva e o Fim”. Porém, para que ele seja finalizado e prensado, a banda criou uma campanha de financiamento coletivo.

A ideia é transportar a experiência bem-sucedida das ruas para o Catarse. “A rua tem sido um local incrível, pois é onde a verdadeira cidade se encontra. É no espaço público que temos o privilégio de nos apresentarmos para o povo, independente de classe social, cor, credo ou opção sexual. Essa forma democrática, aberta e livre cria na Picanha de Chernobill laços de pertencimento a São Paulo e nos ajuda a divulgar nosso trabalho para um novo público”, conta Chico Rigo, guitarrista da banda. “O que nos motivou a tocar na rua foi, primeiramente, o fato de a gente chegar em uma cidade onde ninguém nos conhecia, em um momento histórico em que a prefeitura abre espaço pros artistas se apresentarem nas ruas e também pela nossa condição financeira, de precisar de grana pra sobreviver. Foi uma combinação de sorte com força de vontade”, complementa.

picanha_4

Assim como na rua, o financiamento coletivo também é cheio de imprevistos. Não foi uma nem duas vezes que a banda se reuniu, começou a tocar e a chuva chegou sem avisar. Ou no meio de um show alguém ligou reclamando que o som estava muito alto. Ou vazou aquele áudio denunciando um grande esquema de corrupção (o que torna muito difícil a divulgação da campanha nas redes sociais). Ou aquele apoiador que tinha a sua contribuição garantida deu pra trás. Muitas vezes, você se sente obrigado a recolher os equipamentos (ou desligar o computador) e deixar para o dia seguinte.

Felizmente, boas surpresas também aparecem. Tocar na rua possibilitou à banda formar um público fiel, que segue a Picanha nas suas apresentações. Em todos os shows é possível ver gente filmando e fotografando a banda, o que resultou em centenas de materiais disponíveis na internet. Da mesma forma, o financiamento coletivo possibilitou uma nova aproximação com os fãs: “A gente conseguiu ver que tem muita gente que tem carinho pela banda, mesmo que não tenha condições de dar uma ajuda, porque tá numa situação financeira difícil. Como o Matheus diz, sozinho a gente não é nada. Isso nos dá ânimo pra continuar fazendo música”, afirma Chico.

A campanha ainda não acabou, mas já dá pra notar algumas mudanças nos integrantes. “A campanha nos trouxe mais responsabilidade em relação ao disco. Quando tu pede a ajuda das pessoas para participarem de uma coisa tão importante que é um álbum pra uma banda, temos a responsabilidade de criar um material legal. Quando chegar o CD e elas derem o play, quero que elas fiquem satisfeitas. É o principal de tudo isso. Nos momentos em que a gente estiver mais cansado, vai nos dar energia pra continuar”, reflete Chico.

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Vale lembrar que a campanha ainda não acabou. O objetivo é atingir R$ 17.329,00 até o dia sete de junho. Acesse a página da campanha e dê a sua contribuição para que o novo álbum da Picanha de Chernobill se torne realidade e chegue aos ouvidos do público de forma independente e colaborativa.

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