"Não basta montar a campanha e esperar que o dinheiro caia do céu. Isso não existe. Você precisa se dedicar de alma e corpo para o projeto em função da campanha". A afirmação de Matteo Gavazzi dá uma prévia das razões pelas quais o projeto Prédios de São Paulo Vol. 2 alcançou a meta em apenas 24 horas.
Batemos um papo com esse romano apaixonado por arquitetura para entender como esse hobby encarado com seriedade profissional já deu origem a três campanhas de financiamento coletivo bem-sucedidas.
De onde surgiu o interesse pela arquitetura de São Paulo?
Eu venho de Roma, uma cidade cheia de história, onde o patrimônio está sempre em pauta e onde temos mania de conservação por aquela que é nossa história.
Chegando em São Paulo vi que aqui também havia coisas lindas a serem preservadas mas que muitas vezes não se dá o devido valor e não se fala o suficiente sobre. O meu interesse pela arquitetura nasceu da vontade de fazer algo para evitar que parte dela fosse desconsiderada, demolida, tratada com descaso. Minha maneira de ajudar foi criar o projeto Prédios de São Paulo e contar essas histórias.
Teve algum momento em que você efetivamente percebeu que a página do facebook tinha potencial para se tornar algo além das redes sociais? Como foi esse processo?
Desde o primeiro momento o interesse pela página superou toda e qualquer expectativa minha. Até porque eu não tinha grandes expectativas. Estava fazendo por paixão mesmo independente de ser seguido por 5 ou 100 pessoas.
Acho que tive um "click", sim. A epifania aconteceu durante a primeira campanha do livro. Não esperava que tantas pessoas contribuíssem e dessem uma mão para que o projeto saísse do papel. Sabíamos que tínhamos muitos fãs e apoiadores mas foi incrível conseguir bater a meta da primeira campanha em menos de 1 semana. Não esperávamos por isso.
Respondendo sua pergunta, só me dei conta que iria além, dentro do processo que nos levou para além. Como se diz, quem arrisca não petisca, e ao mesmo tempo tínhamos feito desde o início um trabalho cuidadoso e atento para que o projeto tivesse uma grande qualidade mesmo se tratando de um passatempo. Sempre teve uma pegada profissional e sempre estivemos bem comprometidos. Acho que isso fez a diferença na hora de pedir ajuda para o financiamento coletivo.
De onde veio a iniciativa de financiar o primeiro livro do Prédios de São Paulo coletivamente? Você já conhecia o modelo? Tinha algum receio?
A gente já tinha jogado uma enquete no ar perguntado se a galera gostava da ideia de fazermos um livro e tinha sido acolhida positivamente. Ao mesmo tempo o Caio da plataforma Startando também gostava da ideia e estava procurando por projetos relevantes. Foi desse casamento que nasceu a primeira campanha. Conhecia o modelo porque sou fã da economia colaborativa, acho que um projeto como o nosso teria poucas chances de existir no modelo convencional editorial pois demandaria investimentos muito mais altos do que conseguimos bolar com grande paixão acima de tudo. Receio eu só tinha de não conseguir captar... não lido bem com objetivos não alcançados. Por sorte e graças a muita dedicação esse cenário não veio ao caso.
O Prédios de São Paulo 2 é seu primeiro projeto no Catarse. Quais foram os maiores desafios de mudar de plataforma de financiamento coletivo? Quais foram as vantagens? Valeu a pena?
Não…. Brincadeira! (risos)
Valeu sim. Creio que o único problema de ficar mudando de plataforma é confundir os apoiadores, nem todos tem costume de apoiar em lugares diferentes e cada site trabalha de um jeito.
A principal vantagem foi o parcelamento em 3x no cartão que é algo que nossos próprios apoiadores nos pediam. Muitos são jovens, fazem faculdade ou estão no início de suas carreiras e nosso livro mesmo não sendo "caro", constitui um gasto substancial nas economias dos nossos fãs. Sempre ficamos muito perto deles.
Eu respondo pessoalmente todos os inboxes e e-mail e são centenas. Mesmo assim, dificilmente deixo de responder a sequer uma pergunta. Acho importantíssimo , porque o projeto só existe graças às pessoas que apoiam. Com base nisso a questão do parcelamento era vital e o projeto só existe para os apoiadores. Não tenho interesse em fazer algo que não esteja em linha com eles. Faço por eles, com grande dedicação.
Sobre o valer a pena, hmmmmmmmm, deixe-me pensar... considerando que batemos nosso próprio recorde de financiamento coletivo acho que sim, vai! (risos)
Você já teve 3 projetos de financiamento coletivo. Quais foram os maiores aprendizados? O que mudou de um para outro?
Acho que o maior aprendizado disso é que nada é impossível. Se alguém dissesse pra mim antes que isso iria acontecer eu não iria acreditar. E não porque não acredito no projeto mas porque são número altos. Produzimos muitos livros e tivemos muitos apoiadores. Milhares de milhares. O maior aprendizado é descobrir realmente como isso funciona. É um trabalho, não é uma brincadeira. Não basta montar a campanha e esperar que o dinheiro caia do céu. Isso não existe. Você precisa se dedicar de alma e corpo para o projeto em função da campanha, todos os dias de campanha são dias de 24 horas por dia bolando estratégias, apresentando o projeto, contatando aqueles que você sabe poderiam gostar, tentando novas parcerias e basicamente recebendo um monte de "nãos" para conseguir a quantidade necessária e suficiente de "sims" que permitem o projeto deslanchar.
A primeira vez você simplesmente pula no escuro. A segunda vez você já vai mais preparado para a experiência. Na terceira você tenta fazer tesouro de tudo que aprendeu nas outras, bolar uma estratégia precisa, ter cronogramas. A coisa que toda campanha pra mim tem em comum é o frio na barriga. Sempre dá uma ansiedade antes da campanha começar, mas por sorte e com muito trabalho ainda não passamos por dificuldades no quesito "bater a meta".
Sempre digo que experiência é melhor do que dinheiro e no caso de uma campanha de financiamento coletivo é a mesma coisa.
O Prédios de São Paulo Vol. 2 bateu a meta de arrecadação em menos de 24 horas. Resumidamente, quais foram os principais fatores para tamanho sucesso?
Se eu te contar agora, que graça tem? Quem quiser saber a resposta para essa pergunta precisa aparecer online na terça dia 25 às 20.00 na página do Catarse ou do Prédios de São Paulo para conferir a resposta ao vivo!