Eu queria escrever um post sobre o evento #ColaboraRio, que vai discutir entre 25 e 27 de abril no Centro Carioca de Design as soluções inovadoras para os desafios sistêmicos do Rio de Janeiro, mas travei. Chamei meu irmão pra colaborar (ou socorrer?). Escolhemos escrever sobre o porquê precisamos cooperar para achar soluções para a cidade do Rio de Janeiro.
Vamos assistir a transformações radicais nas cidades nos próximos 50 anos. O ritmo acelerado das interações cotidianas aumenta o tamanho e a velocidade das mudanças. Um mar de questionamentos já se encontram incubados nas conversas de bar, nos papos na fila de banco, nos burburinhos das universidades, na multitude de cartazes dos protestos, nos bizarros e nem tão bizarros assim papos nas mídias sociais. Basta uma faísca e questionamentos viram ação. Já vimos acontecer em 2013 e espero que esse processo se torne cada vez mais corriqueiro, ao ponto de virar prática coletiva, natural e disseminada. E a liga para essa prática diária é a colaboração.
Pois, no fim das contas, ações são realizadas por pessoas. E ações ficam melhores quando feitas em conjunto. Colaborar, do latin colaborare, trabalhar em conjunto. É o fio que tece toda a brincadeira. É a linha que costura, amarra, apara arestas e aproxima. Criar um ambiente onde possamos exercitar a prática da colaboração é o maior argumento para o #ColaboraRio acontecer. Mas, em última instância, o que queremos mesmo é facilitar a ignição de ações, através da construção de ambientes que propiciem o encontro entre pessoas e o surgimento de novos projetos.
No fundo, o que queremos saber em relação ao Rio de Janeiro é: Qual vai ser? Qual vai ser desse Rio de Janeiro que está no horizonte? Como vai ser, o que vai ser? Porque desejamos muita coisa, queremos muita coisa. Mas pra quem? E quem define ou definiu essas aspirações? Será que outras pessoas em outras cidades não se sentem da mesma forma? Não acho que a sociedade civil queira tomar poderes de assalto, acho o que desejamos é aumentar canais de interação, nos sentir vivos e empoderados para resolvermos nossos problemas. Posso responder por mim, e eu quero participar. Acho rico se outros o fizerem. Mais que participar, quero influir, interagir, incluir. Quero que tenhamos novos acessos e que fronteiras caiam. Queremos entender: de que forma nos relacionaremos com a cidade? Como o dinheiro público é e será gerido? Quem toma as decisões relevantes e como elas são tomadas? E não adianta se esconder atrás do mar de burocracia. Vamos colaborar para derrubar isso também, pois queremos cidades mais espertas, mais ágeis e eficientes.
Temos muito o que experimentar
Para nos prepararmos para essas mudanças (ou tentar empreendê-las, o que eu penso ser bem mais divertido), vamos ter que experimentar cada vez mais e amadurecer nossa colaboração. Aprender a lidar com o fracasso. Criar perfis em redes sociais. Deletá-los. Vamos trocar de emprego. Criar empresas. Fechar empresas. Se aproximar de pessoas. Ir a protestos. Protestar pelo facebook. Assistir ao fim do facebook. Transformar a cidade. Ignorar a política tradicional e não se sentir culpado por isso. Doar. Criar projetos em plataformas de financiamento coletivo. Plantar uma árvore. Nos engajar em processos de gestão compartilhada. Alterar um artigo no wikipedia. Trabalhar de casa. Em um co-working. Ser vegetariano. Deixar de ser vegetariano. Fazer trabalho voluntário. Dormir numa casa de um desconhecido que encontrar pela internet. Hospedar desconhecidos que conhecer pela internet. Mudar de cidade. Mudar de país. Mudar de propósito. Andar mais de bicicleta. Andar mais a pé.
Vamos estudar. Aprender fazendo. Ver surgir cada vez mais plataformas,espaços e modelos que estimulem o compartilhamento de recursos, sejam eles financeiros, sociais, ambientais ou econômicos. Não só no ambiente online, mas também os que operam essencialmente com a interação offline. Sempre, com os encontros.
E aí, qual vai ser?
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