Conheça as histórias em quadrinhos e de vida da ilustradora Rebeca Prado

Ruiva, de opinião forte, reclusa, mas, ao mesmo tempo, fofa e sem papas na língua. Essa poderia ser a descrição da pequena viking Lif, porém é de sua autora, Rebeca Prado, de quem falo. Não por coincidência ela carrega as mesmas características da protagonista da série de histórias em quadrinhos Navio Dragão.  "Todos os meus trabalhos tem muito de mim. Acho que o melhor personagem para se trabalhar é aquele que conhecemos melhor: a gente mesmo".

Criadora e criatura foram protagonistas de uma das mais surpreendentes campanhas de crowdfunding de 2015. O financiamento coletivo para levar as tirinhas do Navio Dragão da web para uma versão impressa ultrapassou em mais de 250% a meta inicial. Deixou para trás 5 metas estendidas, entre elas uma de “iniciar os planos de dominação mundial”.

Ok. A Rebeca pode não dominar ainda o mundo inteiro, mas começa a se destacar no mundo dos quadrinhos. “A principal diferença desde o crowdfunding é que agora eu existo”, brinca a quadrinista. “Antes a visibilidade do meu trabalho era mais na internet, porém ele ainda era visto como amador pelas pessoas. Depois da campanha do Navio Dragão no Catarse passei a ser tratada como a profissional que sou. Comecei a receber muitos convites para eventos, fui bastante procurada por editoras e entrei em contato com artistas que antes eram uma inspiração para mim. Meu projeto recebeu o apoio de pessoas que eu não imaginava, como o Sidão (Sidney Gusman da Maurício de Souza Produções) e da galera do Omelete”.

O sucesso da campanha foi realmente inesperado para Rebeca. Tanto que autora chegou a parar de compartilhar o crowdfunding em suas redes sociais. O motivo? Uma das metas estendidas era enviar como um presente extra para os apoiadores um gibi estrelado pelo cãozinho Carne, mascote da Lif. “Coloquei a meta com um valor que eu considerava que nunca ia alcançar. Foi mais numa de ‘quem sabe né’, nem tinha nada pronto para esse gibizinho. Quando vi que tava quase alcançando o valor me desesperei, até parei de compartilhar o projeto por um tempo”.

lif navio dragao rebeca prado 3 Algumas das recompensas que os apoiadores de Navio Dragão no Catarse receberam

Pelo visto não adiantou. A arrecadação não parou e a tiragem inicial foi de mil para 2 mil revistas. A artista teve de se espremer em casa e arranjar espaço para todas as publicações e os milhares de outros brindes que enviaria para os mais de 900 apoiadores do Catarse.

Nada mal para quem tinha o traço constantemente menosprezado por colegas e professores na Faculdade de Belas Artes da UFMG. Seu estilo artístico mais ligado aos quadrinhos era alvo de duras críticas por ser considerado muito figurativo. Ainda caloura ouviu de um professor: “o pano em que você está limpando o seu pincel está mais bonito que essa árvore de aquarela que você está pintando”. O detalhe é que o trabalho em questão nem era para a matéria dele.

Entretanto, se faltava apoio por um lado sobrava por outro. Os pais de Rebeca estavam ao seu lado incondicionalmente e incentivavam a filha a continuar os estudos na Casa dos Quadrinhos de Belo Horizonte, escola na qual hoje ela é professora. É lá aliás que os desenhos da quadrinista passam por uma criteriosa banca de avaliação: seus alunos de 6 a 9 anos.

“As crianças são extremamente sinceras. Sempre levo minhas produções para elas avaliarem o traço. Se não gostarem de algo falam na hora.”. A Lif antes usava armadura, mas os alunos logo começaram a questionar a “Tia” se não era desconfortável a pequena viking andar o tempo todo com aquilo. “Por causa deles hoje a personagem usa saia. Percebi que não tinha necessidade dela estar sempre de armadura que ainda por cima era uma peça cheia de detalhes e difícil de desenhar”. Graças a lógica da criançada também que hoje a viking não usa sapatos: “se a Turma da Mônica anda descalça, a Lif também pode uai” diziam.

Viver É Pesado é uma das séries de tirinhas que compõe Baleia #3 Viver É Pesado é uma das séries de tirinhas que compõe Baleia #3

Após ser aprovada pelo controle de qualidade da molecada chegou ao Catarse o novo projeto da ilustradora: o  Baleia 3, terceiro volume da publicação na qual a artista vai reunir algumas das suas melhores tirinhas. “Era a minha ideia inicial de financiamento coletivo. É muito mais autoral, pessoal mesmo, sabe? Tudo que está ali reflete a mim. Até o texto nas tirinhas. Não é fonte não viu. É minha letra mesmo. Escrevo à mão”.

O que a autora não imaginava é que ao escrever tirinhas que julgava extremamente pessoais ia expressar as pequenas neuras, dores e prazeres do cotidiano de todos nós, habitantes século XXI.

Se você quiser conhecer melhor o trabalho da Rebeca Prado, aproveita que ainda dá tempo de garantir sua edição de Baleia 3 através do Catarse. Clique aqui e apoie essa campanha de financiamento coletivo.
Anthony Ravoni
Consultor de Mídias Sociais e Captação de Recursos. Provavelmente escreveu as linhas tortas acima ao som de Charles Mingus, Manguebit e Gangsta Rap.

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Conheça as histórias em quadrinhos e de vida da ilustradora Rebeca Prado

Ruiva, de opinião forte, reclusa, mas, ao mesmo tempo, fofa e sem papas na língua. Essa poderia ser a descrição da pequena viking Lif, porém é de sua autora, Rebeca Prado, de quem falo. Não por coincidência ela carrega as mesmas características da protagonista da série de histórias em quadrinhos Navio Dragão.  "Todos os meus trabalhos tem muito de mim. Acho que o melhor personagem para se trabalhar é aquele que conhecemos melhor: a gente mesmo".

Criadora e criatura foram protagonistas de uma das mais surpreendentes campanhas de crowdfunding de 2015. O financiamento coletivo para levar as tirinhas do Navio Dragão da web para uma versão impressa ultrapassou em mais de 250% a meta inicial. Deixou para trás 5 metas estendidas, entre elas uma de “iniciar os planos de dominação mundial”.

Ok. A Rebeca pode não dominar ainda o mundo inteiro, mas começa a se destacar no mundo dos quadrinhos. “A principal diferença desde o crowdfunding é que agora eu existo”, brinca a quadrinista. “Antes a visibilidade do meu trabalho era mais na internet, porém ele ainda era visto como amador pelas pessoas. Depois da campanha do Navio Dragão no Catarse passei a ser tratada como a profissional que sou. Comecei a receber muitos convites para eventos, fui bastante procurada por editoras e entrei em contato com artistas que antes eram uma inspiração para mim. Meu projeto recebeu o apoio de pessoas que eu não imaginava, como o Sidão (Sidney Gusman da Maurício de Souza Produções) e da galera do Omelete”.

O sucesso da campanha foi realmente inesperado para Rebeca. Tanto que autora chegou a parar de compartilhar o crowdfunding em suas redes sociais. O motivo? Uma das metas estendidas era enviar como um presente extra para os apoiadores um gibi estrelado pelo cãozinho Carne, mascote da Lif. “Coloquei a meta com um valor que eu considerava que nunca ia alcançar. Foi mais numa de ‘quem sabe né’, nem tinha nada pronto para esse gibizinho. Quando vi que tava quase alcançando o valor me desesperei, até parei de compartilhar o projeto por um tempo”.

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Pelo visto não adiantou. A arrecadação não parou e a tiragem inicial foi de mil para 2 mil revistas. A artista teve de se espremer em casa e arranjar espaço para todas as publicações e os milhares de outros brindes que enviaria para os mais de 900 apoiadores do Catarse.

Nada mal para quem tinha o traço constantemente menosprezado por colegas e professores na Faculdade de Belas Artes da UFMG. Seu estilo artístico mais ligado aos quadrinhos era alvo de duras críticas por ser considerado muito figurativo. Ainda caloura ouviu de um professor: “o pano em que você está limpando o seu pincel está mais bonito que essa árvore de aquarela que você está pintando”. O detalhe é que o trabalho em questão nem era para a matéria dele.

Entretanto, se faltava apoio por um lado sobrava por outro. Os pais de Rebeca estavam ao seu lado incondicionalmente e incentivavam a filha a continuar os estudos na Casa dos Quadrinhos de Belo Horizonte, escola na qual hoje ela é professora. É lá aliás que os desenhos da quadrinista passam por uma criteriosa banca de avaliação: seus alunos de 6 a 9 anos.

“As crianças são extremamente sinceras. Sempre levo minhas produções para elas avaliarem o traço. Se não gostarem de algo falam na hora.”. A Lif antes usava armadura, mas os alunos logo começaram a questionar a “Tia” se não era desconfortável a pequena viking andar o tempo todo com aquilo. “Por causa deles hoje a personagem usa saia. Percebi que não tinha necessidade dela estar sempre de armadura que ainda por cima era uma peça cheia de detalhes e difícil de desenhar”. Graças a lógica da criançada também que hoje a viking não usa sapatos: “se a Turma da Mônica anda descalça, a Lif também pode uai” diziam.

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Após ser aprovada pelo controle de qualidade da molecada chegou ao Catarse o novo projeto da ilustradora: o  Baleia 3, terceiro volume da publicação na qual a artista vai reunir algumas das suas melhores tirinhas. “Era a minha ideia inicial de financiamento coletivo. É muito mais autoral, pessoal mesmo, sabe? Tudo que está ali reflete a mim. Até o texto nas tirinhas. Não é fonte não viu. É minha letra mesmo. Escrevo à mão”.

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