São Paulo: 500 projetos de reflexão, intervenção e criação sobre a cidade

Foto: Cidade para as Pessoas

O Catarse foi fundado por cinco pessoas das capitais de três estados do Brasil: Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. As redes mais próximas dessas pessoas foram as primeiras a entrar em contato com a ferramenta e a usá-la para financiar suas ideias. Com o seu gigantismo, a maior cidade do Brasil, das Américas e do hemisfério sul fez valer o lema presente em seu brasão oficial, "Não sou conduzido, conduzo", e assumiu o protagonismo na plataforma. Nesta semana, São Paulo chegou à marca de 500 projetos finalizados, quase 30% de todas as 1.707 campanhas que chegaram ao fim até hoje.

Para se ter uma ideia, Rio e Porto Alegre são o segundo e o terceiro lugar com 275 e 87 projetos finalizados respectivamente. Dos 500 projetos de São Paulo, 291 alcançaram a meta de arrecadação, uma taxa de sucesso de 58%, bem perto da média da plataforma de 56%.

A arrecadação dos projetos da cidade é igualmente representativa no total do Catarse. A soma é de R$ 5,22 milhões, ou 36% dos R$14,5 milhões já girados pela plataforma.

Grandes projetos de uma grande cidade

Dois meses depois do lançamento do Catarse, um dos primeiros projetos financiados através da plataforma era uma série de reportagens para pensar como tornar São Paulo um lugar melhor para seus habitantes a partir do exemplo de 12 cidades do mundo. O projeto Cidades para Pessoas, da jornalista Natália Garcia, abriu no financiamento coletivo a trilha da reflexão sobre a metrópole que seria seguida por muitas outras iniciativas. O São Paulo Polifônica procurou ouvir os sons, os ruídos e as vozes da cidade, ao passo que o Sampa do Amor quis contar os romances que emergem entre os prédios.

A Arquitetura da Gentrificação, da Repórter Brasil, buscou investigar como o poder público municipal agiu na expulsão de moradores pobres da região central, enquanto o Coletivo Garapa, através do projeto Morar, tentou registrar num jornal a memória das famílias entre os despejos e as demolições em função da “amnésia autoimposta” pela cidade. O filme Cidade Cinza financiou sua distribuição para mostrar ao Brasil a guerra travada entre a prefeitura e os grafiteiros pelos muros e pela alma de São Paulo.   

Da reflexão para a intervenção

Os projetos não apenas refletiram sobre a cidade, mas também foram para a ação intervir diretamente no espaço urbano. O Tiquatira em construção fez uma instalação num muro do bairro da zona leste para discutir o público e o privado. O Banco União Sampaio levantou uma grana para aumentar o giro da sua moeda alternativa e fomentar a economia do Jardim Maria Sampaio, localidade da zona sul. O Pimp My Carroça reformou a carrinho dos catadores de material reciclável para chamar a atenção dos paulistanos para a importância desses trabalhadores responsáveis por quase a totalidade do pouquíssimo lixo reciclado na cidade.

O Baixo Centro financiou duas edições (primeira e segunda) do festival para ocupar as ruas dos bairros em torno do Minhocão com arte e cultura. O Minhocão sozinho inspirou uma festa junina e um piscinão

O Lab Augusta fez uma série de intervenções para repensar como aproveitar melhor a cidade, enquanto o Pompeia que se quer propôs oficinas com moradores e frequentadores da vizinhança para fazer uma mapa dos sonhos da Pompeia e  elaborar um plano de bairro.

Cenário para a ficção catártica

A metrópole também inspirou as mentes criativas que vieram até o Catarse reunir pessoas para financiar suas obras com São Paulo como cenário, na maioria das vezes, violento. No quadrinho Apagão, a lei e a civilização foram embora junto com a energia elétrica e a cidade foi dominada por gangues. A HQ São paulo dos Mortos traz histórias de zumbis ambientadas na cidade.

O curta Estripador mostra o embate entre uma sedutora e secular vampira que usa a Rua Augusta e a profissão de prostituta como fachadas para conseguir alimento fácil na noite paulistana e um serial killer que está matando as profissionais do sexo na região. No curta Quase Consolação a ideia é acompanhar o último dia de trabalho de uma médica legista no lugar onde toda a violência de São Paulo deságua, o IML na Av. Dr. Arnaldo, quase esquina com a Consolação.

Presente igualmente gigante

Atualmente, existem 40 campanhas de arrecadação abertas oriundas de São Paulo e com as quais você pode colaborar. Projetos tão bons quanto os que já passaram e que apontam um caminho inspirador para os próximos 500 que vierem! 

Arte da Vila - 13ª edição do evento anual para abrir as portas de cerca de 40 ateliês da Vila Madalena.

Teatro do Incêndio - A Cia. Teatro do Incêndio tem 18 anos de estrada e quer reconstruir sua sede na Rua da Consolação, alagada em fevereiro

Homens-placa, Cidade-torre – O que os “homens-placa” e o uso do seus corpos para anunciar os novos empreendimentos imobiliários de São Paulo nos revelam sobre o país e a cidade que estamos construindo? Quem são, de onde vem, quanto ganham, como trabalham? O que este estágio avançado do ser tornado coisa nos diz sobre a cidade tornada torre?
Felipe Caruso
Missionário do coletivismo e jornalista com doses de poesia, ceticismo e pragmatismo

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Foto: Cidade para as Pessoas

O Catarse foi fundado por cinco pessoas das capitais de três estados do Brasil: Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. As redes mais próximas dessas pessoas foram as primeiras a entrar em contato com a ferramenta e a usá-la para financiar suas ideias. Com o seu gigantismo, a maior cidade do Brasil, das Américas e do hemisfério sul fez valer o lema presente em seu brasão oficial, "Não sou conduzido, conduzo", e assumiu o protagonismo na plataforma. Nesta semana, São Paulo chegou à marca de 500 projetos finalizados, quase 30% de todas as 1.707 campanhas que chegaram ao fim até hoje.

Para se ter uma ideia, Rio e Porto Alegre são o segundo e o terceiro lugar com 275 e 87 projetos finalizados respectivamente. Dos 500 projetos de São Paulo, 291 alcançaram a meta de arrecadação, uma taxa de sucesso de 58%, bem perto da média da plataforma de 56%.

A arrecadação dos projetos da cidade é igualmente representativa no total do Catarse. A soma é de R$ 5,22 milhões, ou 36% dos R$14,5 milhões já girados pela plataforma.

Grandes projetos de uma grande cidade

Dois meses depois do lançamento do Catarse, um dos primeiros projetos financiados através da plataforma era uma série de reportagens para pensar como tornar São Paulo um lugar melhor para seus habitantes a partir do exemplo de 12 cidades do mundo. O projeto Cidades para Pessoas, da jornalista Natália Garcia, abriu no financiamento coletivo a trilha da reflexão sobre a metrópole que seria seguida por muitas outras iniciativas. O São Paulo Polifônica procurou ouvir os sons, os ruídos e as vozes da cidade, ao passo que o Sampa do Amor quis contar os romances que emergem entre os prédios.

A Arquitetura da Gentrificação, da Repórter Brasil, buscou investigar como o poder público municipal agiu na expulsão de moradores pobres da região central, enquanto o Coletivo Garapa, através do projeto Morar, tentou registrar num jornal a memória das famílias entre os despejos e as demolições em função da “amnésia autoimposta” pela cidade. O filme Cidade Cinza financiou sua distribuição para mostrar ao Brasil a guerra travada entre a prefeitura e os grafiteiros pelos muros e pela alma de São Paulo.   

Da reflexão para a intervenção

Os projetos não apenas refletiram sobre a cidade, mas também foram para a ação intervir diretamente no espaço urbano. O Tiquatira em construção fez uma instalação num muro do bairro da zona leste para discutir o público e o privado. O Banco União Sampaio levantou uma grana para aumentar o giro da sua moeda alternativa e fomentar a economia do Jardim Maria Sampaio, localidade da zona sul. O Pimp My Carroça reformou a carrinho dos catadores de material reciclável para chamar a atenção dos paulistanos para a importância desses trabalhadores responsáveis por quase a totalidade do pouquíssimo lixo reciclado na cidade.

O Baixo Centro financiou duas edições (primeira e segunda) do festival para ocupar as ruas dos bairros em torno do Minhocão com arte e cultura. O Minhocão sozinho inspirou uma festa junina e um piscinão

O Lab Augusta fez uma série de intervenções para repensar como aproveitar melhor a cidade, enquanto o Pompeia que se quer propôs oficinas com moradores e frequentadores da vizinhança para fazer uma mapa dos sonhos da Pompeia e  elaborar um plano de bairro.

Cenário para a ficção catártica

A metrópole também inspirou as mentes criativas que vieram até o Catarse reunir pessoas para financiar suas obras com São Paulo como cenário, na maioria das vezes, violento. No quadrinho Apagão, a lei e a civilização foram embora junto com a energia elétrica e a cidade foi dominada por gangues. A HQ São paulo dos Mortos traz histórias de zumbis ambientadas na cidade.

O curta Estripador mostra o embate entre uma sedutora e secular vampira que usa a Rua Augusta e a profissão de prostituta como fachadas para conseguir alimento fácil na noite paulistana e um serial killer que está matando as profissionais do sexo na região. No curta Quase Consolação a ideia é acompanhar o último dia de trabalho de uma médica legista no lugar onde toda a violência de São Paulo deságua, o IML na Av. Dr. Arnaldo, quase esquina com a Consolação.

Presente igualmente gigante

Atualmente, existem 40 campanhas de arrecadação abertas oriundas de São Paulo e com as quais você pode colaborar. Projetos tão bons quanto os que já passaram e que apontam um caminho inspirador para os próximos 500 que vierem! 

Arte da Vila - 13ª edição do evento anual para abrir as portas de cerca de 40 ateliês da Vila Madalena.

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