Conheça a Pinard: a editora que usa o Catarse para promover as belezas da literatura latino-americana

Já reparou como, muitas vezes, a gente acaba focando sempre nos mesmos tipos de livros, seja por gênero literário ou até mesmo por nacionalidade? Há várias camadas por trás dessas escolhas, algumas conscientes e outras nem tanto, que envolvem questões sociais, linguísticas e influência do mercado editorial.

Mas que tal abrir espaço na estante e na mente para mudar isso? E se começar explorando e conhecendo autores latino-americanos? Se você tem dúvida de onde encontrar títulos que passaram por um refinado processo editorial, precisa conhecer a Pinard, que veio justamente para isso: apresentar histórias que vão te surpreender e expandir seus horizontes literários.

Pinard e o orgulho latino-americano

Viver e sentir o orgulho de nossa identidade latino-americana se reflete em diversos aspectos da vida de muitas pessoas. Para alguns, isso se manifesta na música, na arte, na culinária, e para outros, na literatura. Esse orgulho é um sentimento profundo de celebração e conexão com nossa herança cultural, que nos impulsiona não só a criar, mas também a explorar narrativas que refletem e valorizam a diversidade que nos define.

E se abrir espaço para novas narrativas é importante, conhecer quem está por trás dessas escolhas é fundamental. Afinal, os bastidores de cada título há história, empenho e muito trabalho. Uma das pessoas à frente desse processo na Pinard é Igor Miranda, que, junto com sua equipe, se dedica a trazer obras que carregam a essência e a diversidade da América Latina. 

De leitor a editor: a trajetória e visão por trás das publicações da Pinard

Lorena: O que motivou e quando surgiu a criação da Pinard? Pergunto, pois ela foi inaugurada em um contexto pandêmico, em 2020, um momento, inclusive, em que o mercado editorial estava ainda mais imprevisível e fragilizado por inúmeros fatores.

Igor: A Pinard nasceu através da minha interação com o Paulo, meu sócio, via Instagram. Eu tinha o perfil “@aestanteemmim”, e como sempre gostei de organizar leituras temáticas, decidi focar na literatura latino-americana em uma dessas leituras, pois o Gabriel García Márquez é meu autor favorito. Convidei o Paulo (@lendoarte) e o André, marido dele, para participarem. Fiz uma pesquisa de títulos, o Paulo ajudou a complementar a lista, e ao buscar os livros, percebi que muitos não estavam disponíveis em português. Alguns tinham edições apenas da década de 30 e 40, e foi frustrante ver que obras tão importantes, como Dona Bárbara, o maior livro da Venezuela, não estavam acessíveis.

Como alguém fora do mercado editorial, essa lacuna me chamou a atenção. Sugeri ao Paulo que fizéssemos uma campanha de financiamento coletivo para lançar Dona Bárbara. A ideia de criar a editora surgiu de forma natural a partir dessa campanha inicial. Movidos pela paixão pela literatura latino-americana e pelo desejo de preencher essa ausência no mercado, a Pinard nasceu.

Lorena: Qual é a importância da curadoria no catálogo da Pinard?

Igor: É importante em diversos aspectos. Acredito que pelo fato de criarmos campanhas de financiamento coletivo, termos que contar uma história que seja importante o bastante para que as pessoas queiram participar daquilo, faz com que a gente tenha cuidado na seleção, em nossa curadoria. Às vezes arriscamos um pouco mais, às vezes, menos.

Lorena: Como definem os critérios de curadoria para garantir que a Pinard tenha um olhar latino-americano autêntico?

Igor: Acredito que isso se relaciona com a pergunta anterior, inclusive. Até porque temos um outro ponto: lançar um clássico ou um autor renomado é mais fácil. Já publicamos prêmios Nobel, por exemplo, e é mais “simples” vender livros de autores como Astúrias ou Mistral, mesmo sendo uma poetisa.

No entanto, como mencionei, o nosso objetivo é contar boas histórias e explorar a diversidade da América Latina, procuramos incluir países e culturas variadas. Por exemplo, ao abordar o Peru, consideramos a conexão com os povos originários e a cultura peruana; a mesma coisa no México e afins, pois sempre tratamos de entender a cultura específica. Na Pinard, tentamos nos aprofundar nessas culturas e contar essas histórias através dos nossos projetos de financiamento.

Levando isso em consideração, não temos um processo definido ou um padrão fixo para nossas escolhas. Eu e o Paulo lemos diversas obras, fazemos pesquisas e consultamos especialistas. A partir do entusiasmo pela literatura latino-americana, buscamos trazer livros e autores que ainda não chegaram ao Brasil.

💡Confira: aprofunde ainda mais sobre a importância da linha editorial de uma editora

O desafio de representar a diversidade da América Latina

Lorena: Quais são os maiores desafios ao fazer uma curadoria que reflete a diversidade e complexidade da América Latina?

Igor: O maior desafio em fazer essas curadorias e refletir realmente tudo o que há de mais diverso. É preciso entender que tudo é uma questão de disponibilidade. O que não está disponível no Brasil, nós queremos. Mas o que é disponibilizado em cada um dos países também passa por um filtro, e às vezes um filtro injusto. A gente sabe que muitas mulheres não foram publicadas, autores negros e indígenas não foram publicados. Então, muitas vezes, temos que ir mais a fundo, porque, se eu simplesmente buscar a lista dos melhores autores de cada um dos países, por mais que eu consiga extrair um nível de diversidade, ainda estou passando por alguns filtros que talvez escondam talentos.

Temos conexões com alguns pesquisadores de países, e essas pessoas às vezes vão nos indicando autores, de forma que conseguimos fugir do óbvio. Agora, por exemplo, estamos fechando contato com um autor da Colômbia, que nunca veio ao Brasil. Ele é um autor negro colombiano que traz alguns elementos que, se eu pegasse uma lista dos maiores livros colombianos, muito dominada pelo García Márquez, às vezes surgiria outro nome, como María, de Jorge Isaacs.

Eu acho que o maior desafio nessa busca pela diversidade não é só o fato de estarmos distantes disso, mas também o aprendizado sobre esses países. Precisamos realmente cavar, porque as listas, os artigos e os livros de teoria latino-americana disponíveis geralmente puxam para algo muito centrado no homem branco. Acho que estamos dando grandes passos agora, principalmente, indo mais em direção ao Caribe e buscando diversidade não só na América Latina hispânica, mas também na América Latina holandesa, francesa, e algumas ilhas que tiveram domínio britânico. Estamos trazendo elementos de uma América Latina que não é apenas a dominada pelo espanhol e as ilhas, então isso traz elementos novos para todo esse cuidado e desafio de buscar a diversidade.

Outro ponto que acho relevante é que a América Latina é complicada, apesar de muito rica. Um dos desafios dessa busca por diversidade é que, uma vez que encontro um autor, como eu entro em contato com a família, como me conecto, como faço um contrato com esse autor? É muito difícil. Eu realmente preciso ir ao LinkedIn, ao Facebook, mandar uma mensagem. Muitas vezes demora, às vezes ninguém vê, e temos que tentar por outros caminhos.

Lorena: Como o público recebeu o catálogo da Pinard até agora?

Igor: Bom, eu me surpreendo muito com a recepção do catálogo da Pinard pelo público. Como mencionei, é um pouco mais fácil vender clássicos, pois eles já têm uma reputação estabelecida. Por exemplo, Eu o supremo, apesar de ser uma leitura desafiadora, é um nome de peso e acaba se vendendo bem. No entanto, há autores como RJuana Manso, que não tinham publicações no Brasil, e tivemos que contar sua história para superar esse desafio.

Alguns livros que achamos que enfrentariam dificuldades acabam sendo muito bem recebidos. Um exemplo é Huasipungo, de Jorge Icaza, o maior livro da literatura equatoriana, que não é muito conhecido, mas tem sido muito bem recebido pelos leitores. As pessoas realmente interagem e gostam desse livro, o que me surpreende positivamente.

Sinto que a Pinard tem um certo culto e é reconhecida como uma editora latino-americana importante no Brasil no momento. É claro que existem outras editoras que fazem um trabalho excelente, mas acredito que a nossa diferença está no nível de interação e no próprio modelo de financiamento coletivo que utilizamos.

Lorena: Vocês sentiram uma conexão especial com os leitores por conta do olhar latino-americano?

Igor: Sim, acredito que há uma conexão especial devido ao fato de sermos uma editora com uma forte identidade latino-americana. É um orgulho para nós representarmos e celebrar a América Latina, especialmente considerando os desafios que enfrentamos na região. Conseguir extrair e destacar o orgulho pela nossa cultura e sua riqueza é algo muito significativo para as pessoas.

O diferencial da Pinard: financiamento coletivo e engajamento

Lorena: O que diferencia a Pinard de outras editoras que também valorizam e publicam literatura latino-americana?

Igor: Acredito realmente que o que nos diferencia é o financiamento coletivo. Trabalhar dessa forma permite que as pessoas vejam seus nomes nos projetos e se sintam parte da criação, não apenas como consumidores, mas como cocriadores da editora.

A Pinard não vende seus livros em livrarias, uma decisão que tomamos e que deve mudar em breve. Planejamos ter livrarias em algum momento, mas inicialmente queríamos criar um modelo de negócios que não dependesse completamente desse canal. Nosso foco era construir uma conexão mais direta com a comunidade, começando no Catarse e expandindo através das nossas comunicações.

Acreditamos que nossa abordagem diferencia a Pinard, não apenas pelo catálogo ou pela mensagem, mas pelo nosso método de trabalho. Nos esforçamos para ser mais do que uma editora que disponibiliza livros; buscamos educar e interagir com nossos leitores por semanas, até que o livro se torne uma realidade. Esse envolvimento profundo é o que realmente nos distingue.

🤔 Quer entender melhor sobre financiamento coletivo? Confira porque campanhas são modelos de negócios sustentáveis

Lorena: Quais são as expectativas para o futuro da Pinard em termos de expansão do catálogo e visibilidade?

Igor: Estamos em um momento muito positivo. Eu e o Paulo decidimos dedicar mais energia à Pinard, com o objetivo de lançar mais livros e realizar todos os nossos projetos. Nos últimos tempos, fechei vários contratos e pretendo continuar fazendo isso. Além disso, temos planos para criar novos produtos para a Pinard, como cursos relacionados à literatura latino-americana, e estamos desenvolvendo outras formas de conexão com nosso público, que estarão disponíveis em breve.

Acredito que, até o final do próximo ano, teremos muitas novidades. Esperamos publicar muito mais livros do que temos feito normalmente – atualmente publicamos cerca de três por ano e pretendemos dobrar esse número. Temos planos e surpresas para o futuro. A Pinard vai completar cinco anos agora, e estamos animados com as novas iniciativas que virão. Queremos expandir nossa comunidade e fazer uma diferença significativa para a literatura latino-americana no Brasil.

Nossa ambição é que a Pinard se torne a editora latino-americana por excelência. Se um autor latino-americano quiser entrar no mercado brasileiro, queremos que isso aconteça através da Pinard. Estamos comprometidos em fortalecer nossa marca e torná-la cada vez mais relevante nesse contexto.

Embarque em uma jornada literária latino-americana

Curtiu conhecer ou saber mais sobre a Pinard? Então não deixa de conferir as duas campanhas que estão no ar, aqui no Catarse, e mais detalhes do catálogo da editora. E o melhor de tudo: com a certeza de que a curadoria é realmente refinada.

Avalovara de Osman Lins, primeiro autor brasileiro a integrar a coleção Prosa Latino-Americana

Reimpressão de Middlemarch, de George Elliot, um dos livros mais importantes já escritos em língua inglesa

Todos os títulos publicados pela Pinard

Aventure-se lendo e conhecendo autores latino-americanos por meio de suas biografias

Lorena Camilo
Mestra em Estudos Literários na área de pesquisa Literaturas Modernas e Contemporâneas; e bacharel em Letras em duas ênfases, Estudos sobre Edição com formação complementar em Comunicação Social e em Estudos Literários pela UFMG. É editora, revisora e redatora, além de aficionada por arte e cultura pop.

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Mas que tal abrir espaço na estante e na mente para mudar isso? E se começar explorando e conhecendo autores latino-americanos? Se você tem dúvida de onde encontrar títulos que passaram por um refinado processo editorial, precisa conhecer a Pinard, que veio justamente para isso: apresentar histórias que vão te surpreender e expandir seus horizontes literários.

Pinard e o orgulho latino-americano

Viver e sentir o orgulho de nossa identidade latino-americana se reflete em diversos aspectos da vida de muitas pessoas. Para alguns, isso se manifesta na música, na arte, na culinária, e para outros, na literatura. Esse orgulho é um sentimento profundo de celebração e conexão com nossa herança cultural, que nos impulsiona não só a criar, mas também a explorar narrativas que refletem e valorizam a diversidade que nos define.

E se abrir espaço para novas narrativas é importante, conhecer quem está por trás dessas escolhas é fundamental. Afinal, os bastidores de cada título há história, empenho e muito trabalho. Uma das pessoas à frente desse processo na Pinard é Igor Miranda, que, junto com sua equipe, se dedica a trazer obras que carregam a essência e a diversidade da América Latina. 

De leitor a editor: a trajetória e visão por trás das publicações da Pinard

Lorena: O que motivou e quando surgiu a criação da Pinard? Pergunto, pois ela foi inaugurada em um contexto pandêmico, em 2020, um momento, inclusive, em que o mercado editorial estava ainda mais imprevisível e fragilizado por inúmeros fatores.

Igor: A Pinard nasceu através da minha interação com o Paulo, meu sócio, via Instagram. Eu tinha o perfil “@aestanteemmim”, e como sempre gostei de organizar leituras temáticas, decidi focar na literatura latino-americana em uma dessas leituras, pois o Gabriel García Márquez é meu autor favorito. Convidei o Paulo (@lendoarte) e o André, marido dele, para participarem. Fiz uma pesquisa de títulos, o Paulo ajudou a complementar a lista, e ao buscar os livros, percebi que muitos não estavam disponíveis em português. Alguns tinham edições apenas da década de 30 e 40, e foi frustrante ver que obras tão importantes, como Dona Bárbara, o maior livro da Venezuela, não estavam acessíveis.

Como alguém fora do mercado editorial, essa lacuna me chamou a atenção. Sugeri ao Paulo que fizéssemos uma campanha de financiamento coletivo para lançar Dona Bárbara. A ideia de criar a editora surgiu de forma natural a partir dessa campanha inicial. Movidos pela paixão pela literatura latino-americana e pelo desejo de preencher essa ausência no mercado, a Pinard nasceu.

Lorena: Qual é a importância da curadoria no catálogo da Pinard?

Igor: É importante em diversos aspectos. Acredito que pelo fato de criarmos campanhas de financiamento coletivo, termos que contar uma história que seja importante o bastante para que as pessoas queiram participar daquilo, faz com que a gente tenha cuidado na seleção, em nossa curadoria. Às vezes arriscamos um pouco mais, às vezes, menos.

Lorena: Como definem os critérios de curadoria para garantir que a Pinard tenha um olhar latino-americano autêntico?

Igor: Acredito que isso se relaciona com a pergunta anterior, inclusive. Até porque temos um outro ponto: lançar um clássico ou um autor renomado é mais fácil. Já publicamos prêmios Nobel, por exemplo, e é mais “simples” vender livros de autores como Astúrias ou Mistral, mesmo sendo uma poetisa.

No entanto, como mencionei, o nosso objetivo é contar boas histórias e explorar a diversidade da América Latina, procuramos incluir países e culturas variadas. Por exemplo, ao abordar o Peru, consideramos a conexão com os povos originários e a cultura peruana; a mesma coisa no México e afins, pois sempre tratamos de entender a cultura específica. Na Pinard, tentamos nos aprofundar nessas culturas e contar essas histórias através dos nossos projetos de financiamento.

Levando isso em consideração, não temos um processo definido ou um padrão fixo para nossas escolhas. Eu e o Paulo lemos diversas obras, fazemos pesquisas e consultamos especialistas. A partir do entusiasmo pela literatura latino-americana, buscamos trazer livros e autores que ainda não chegaram ao Brasil.

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O desafio de representar a diversidade da América Latina

Lorena: Quais são os maiores desafios ao fazer uma curadoria que reflete a diversidade e complexidade da América Latina?

Igor: O maior desafio em fazer essas curadorias e refletir realmente tudo o que há de mais diverso. É preciso entender que tudo é uma questão de disponibilidade. O que não está disponível no Brasil, nós queremos. Mas o que é disponibilizado em cada um dos países também passa por um filtro, e às vezes um filtro injusto. A gente sabe que muitas mulheres não foram publicadas, autores negros e indígenas não foram publicados. Então, muitas vezes, temos que ir mais a fundo, porque, se eu simplesmente buscar a lista dos melhores autores de cada um dos países, por mais que eu consiga extrair um nível de diversidade, ainda estou passando por alguns filtros que talvez escondam talentos.

Temos conexões com alguns pesquisadores de países, e essas pessoas às vezes vão nos indicando autores, de forma que conseguimos fugir do óbvio. Agora, por exemplo, estamos fechando contato com um autor da Colômbia, que nunca veio ao Brasil. Ele é um autor negro colombiano que traz alguns elementos que, se eu pegasse uma lista dos maiores livros colombianos, muito dominada pelo García Márquez, às vezes surgiria outro nome, como María, de Jorge Isaacs.

Eu acho que o maior desafio nessa busca pela diversidade não é só o fato de estarmos distantes disso, mas também o aprendizado sobre esses países. Precisamos realmente cavar, porque as listas, os artigos e os livros de teoria latino-americana disponíveis geralmente puxam para algo muito centrado no homem branco. Acho que estamos dando grandes passos agora, principalmente, indo mais em direção ao Caribe e buscando diversidade não só na América Latina hispânica, mas também na América Latina holandesa, francesa, e algumas ilhas que tiveram domínio britânico. Estamos trazendo elementos de uma América Latina que não é apenas a dominada pelo espanhol e as ilhas, então isso traz elementos novos para todo esse cuidado e desafio de buscar a diversidade.

Outro ponto que acho relevante é que a América Latina é complicada, apesar de muito rica. Um dos desafios dessa busca por diversidade é que, uma vez que encontro um autor, como eu entro em contato com a família, como me conecto, como faço um contrato com esse autor? É muito difícil. Eu realmente preciso ir ao LinkedIn, ao Facebook, mandar uma mensagem. Muitas vezes demora, às vezes ninguém vê, e temos que tentar por outros caminhos.

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Igor: Bom, eu me surpreendo muito com a recepção do catálogo da Pinard pelo público. Como mencionei, é um pouco mais fácil vender clássicos, pois eles já têm uma reputação estabelecida. Por exemplo, Eu o supremo, apesar de ser uma leitura desafiadora, é um nome de peso e acaba se vendendo bem. No entanto, há autores como RJuana Manso, que não tinham publicações no Brasil, e tivemos que contar sua história para superar esse desafio.

Alguns livros que achamos que enfrentariam dificuldades acabam sendo muito bem recebidos. Um exemplo é Huasipungo, de Jorge Icaza, o maior livro da literatura equatoriana, que não é muito conhecido, mas tem sido muito bem recebido pelos leitores. As pessoas realmente interagem e gostam desse livro, o que me surpreende positivamente.

Sinto que a Pinard tem um certo culto e é reconhecida como uma editora latino-americana importante no Brasil no momento. É claro que existem outras editoras que fazem um trabalho excelente, mas acredito que a nossa diferença está no nível de interação e no próprio modelo de financiamento coletivo que utilizamos.

Lorena: Vocês sentiram uma conexão especial com os leitores por conta do olhar latino-americano?

Igor: Sim, acredito que há uma conexão especial devido ao fato de sermos uma editora com uma forte identidade latino-americana. É um orgulho para nós representarmos e celebrar a América Latina, especialmente considerando os desafios que enfrentamos na região. Conseguir extrair e destacar o orgulho pela nossa cultura e sua riqueza é algo muito significativo para as pessoas.

O diferencial da Pinard: financiamento coletivo e engajamento

Lorena: O que diferencia a Pinard de outras editoras que também valorizam e publicam literatura latino-americana?

Igor: Acredito realmente que o que nos diferencia é o financiamento coletivo. Trabalhar dessa forma permite que as pessoas vejam seus nomes nos projetos e se sintam parte da criação, não apenas como consumidores, mas como cocriadores da editora.

A Pinard não vende seus livros em livrarias, uma decisão que tomamos e que deve mudar em breve. Planejamos ter livrarias em algum momento, mas inicialmente queríamos criar um modelo de negócios que não dependesse completamente desse canal. Nosso foco era construir uma conexão mais direta com a comunidade, começando no Catarse e expandindo através das nossas comunicações.

Acreditamos que nossa abordagem diferencia a Pinard, não apenas pelo catálogo ou pela mensagem, mas pelo nosso método de trabalho. Nos esforçamos para ser mais do que uma editora que disponibiliza livros; buscamos educar e interagir com nossos leitores por semanas, até que o livro se torne uma realidade. Esse envolvimento profundo é o que realmente nos distingue.

🤔 Quer entender melhor sobre financiamento coletivo? Confira porque campanhas são modelos de negócios sustentáveis

Lorena: Quais são as expectativas para o futuro da Pinard em termos de expansão do catálogo e visibilidade?

Igor: Estamos em um momento muito positivo. Eu e o Paulo decidimos dedicar mais energia à Pinard, com o objetivo de lançar mais livros e realizar todos os nossos projetos. Nos últimos tempos, fechei vários contratos e pretendo continuar fazendo isso. Além disso, temos planos para criar novos produtos para a Pinard, como cursos relacionados à literatura latino-americana, e estamos desenvolvendo outras formas de conexão com nosso público, que estarão disponíveis em breve.

Acredito que, até o final do próximo ano, teremos muitas novidades. Esperamos publicar muito mais livros do que temos feito normalmente – atualmente publicamos cerca de três por ano e pretendemos dobrar esse número. Temos planos e surpresas para o futuro. A Pinard vai completar cinco anos agora, e estamos animados com as novas iniciativas que virão. Queremos expandir nossa comunidade e fazer uma diferença significativa para a literatura latino-americana no Brasil.

Nossa ambição é que a Pinard se torne a editora latino-americana por excelência. Se um autor latino-americano quiser entrar no mercado brasileiro, queremos que isso aconteça através da Pinard. Estamos comprometidos em fortalecer nossa marca e torná-la cada vez mais relevante nesse contexto.

Embarque em uma jornada literária latino-americana

Curtiu conhecer ou saber mais sobre a Pinard? Então não deixa de conferir as duas campanhas que estão no ar, aqui no Catarse, e mais detalhes do catálogo da editora. E o melhor de tudo: com a certeza de que a curadoria é realmente refinada.

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