“Como você se sente sendo uma pessoa negra na CCXP?”

Por Rafael Cruz, membro do time de Atendimento do Catarse

O título parece ter uma crítica direcionada, mas esse não é, nem de longe, o objetivo deste texto. Acho que mais do que apontar a presença de corpos negros aqui ou ali especificamente, gostaria de te convidar a pensar como essa presença se dá.

Na semana passada (dez/19), estive com um amigo na CCXP19, em São Paulo. Fui a trabalho, e sei que só consegui ir pois houve um convite para que a gente entrasse em contato com alguns dos realizadores e realizadoras que passaram aqui no Catarse durante este ano. Foram ótimos dias de muito trabalho, fotos, vídeos, conversas, apertos de mãos e abraços (ainda que separados pelas mesas que expunham as obras).

Eu não poderia estar mais grato a esta experiência.

 

Foram diversas realizadoras e realizadores que cruzaram o meu caminho durante os dias em que visitei a CCXP19. Uma sensação incrível que ainda renderá frutos. (Foto: arquivo pessoal) Foram diversas realizadoras e realizadores que cruzaram o meu caminho durante os dias em que visitei a CCXP19. Uma sensação incrível que ainda renderá frutos. (Fotos: arquivo pessoal)

Como pessoa que acredita na economia colaborativa e apoia tantos projetos quanto consegue, é muito gostoso ter o contato assim de pertinho de tanta gente talentosa e competente, que faz da arte seu ganha-pão e ajuda a colorir e dar voz a tantos sentimentos que vivemos todos os dias.

Em uma dessas conversas, buscando as impressões sobre as campanhas realizadas no Catarse, o ilustrador Robson Moura me perguntou como eu me sentia sendo um homem negro em um evento daquela grandeza. Mais do que isso: como eu me sentia sendo alguém que trabalha em uma plataforma que ajuda a fomentar cultura. Fui pego de surpresa, e a conversa que veio daí foi ótima.

Mas antes, deixa só eu comentar uma coisa aqui: eu costumo me apresentar como “psicopompo” e um possível significado desse termo é “guia de almas”. Gosto dele porque acredito que, das coisas que gosto e sei fazer, a que eu melhor desempenho é apresentar caminhos (ainda que não sejam novos) às pessoas. Guarda essa informação, tá?

Acho que dá para começar a rascunhar uma resposta separando alguns pontos. O primeiro tem a ver com o que é o Catarse. Em resumo, uma plataforma de financiamento coletivo. É reunir dinheiro e gente ao redor de um objetivo, para vê-lo realizado. Sabe aquele rateio que a gente faz no final do churrasco quando acaba a cerveja? É mais ou menos por aí.

A lógica da economia colaborativa é juntar pessoas. A gente costuma dizer que é mais crowd que funding, e isso só ocorre porque embora a grana seja o bem palpável e direto nesse modelo, é a comunidade formada ao redor disso que realmente faz a coisa funcionar. Tratando-se da maravilhosa comunidade de quadrinhos, isso não poderia estar mais certo.

Leandro (Comunicação Catarse) e eu, durante o segundo dia de CCXP19 Leandro (Comunicação Catarse) e eu, durante o segundo dia de CCXP19. (Foto: arquivo pessoal)

Acho que o Catarse é uma boa casa para a comunidade e é palco de muitos projetos que, sem esse modelo, talvez nunca sairiam do (ou, no caso, seriam impressos no) papel. E isso diz muito sobre o quanto publicações mais tradicionais podem normatizar corpos e histórias em potencial. E, olha, não é um processo fácil. Planejamento, estudo sem fim, respirar a campanha todos os dias. Fazer parte de uma minoria política só piora o quadro, afinal não é esperada a produção desse tipo de conteúdo.

É ficar naquele dilema de “só falar” do sofrimento que se sente na pele (sim, foi proposital), ao mesmo tempo em que esse tipo de produção acaba sendo a com maior repercussão. Se torna cada vez mais importante estar nos lugares contando nossas histórias, todas elas. É sintomático ver a presença (maior?) de corpos negros em eventos, numa posição de consumo e produção.

“Corpos negros no trono, me sinto olhando o espelho”, como o Djonga diz em Falcão.

Sempre que participo de eventos de cultura pop/nerd em geral, acabo fazendo o teste do pescoço. O resultado na maioria das vezes é bem desanimador. É extremamente comum ver pessoas negras trabalhando na segurança e na limpeza, longe de áreas de liderança ou de destaque. São trabalhos honrados e honestos e, num país onde o desemprego está crescendo a passos largos, é um feito incrível. Mas será que a gente deve ficar relegada apenas a esses trabalhos?

Como plataforma, vejo que o Catarse não tem braço suficiente para uma maior proatividade nesse assunto. Não acho que seja uma culpa da empresa, inclusive. Seria de certa forma até injusta a promoção de projetos que favoreçam uma minoria em detrimento de outra, pois acirra-se uma competição que não existe (e que não deveria existir). Em vez disso, fico pensando se conseguimos fomentar uma maior participação negra na comunidade. Seja como produção, seja como consumo, seja como força de trabalho. Já existe muita coisa sendo feita, mas obviamente não é o suficiente, e não há problema nenhum em saber disso.

O Robson comentou sobre ser bom ver mais gente preta produzindo e expondo seu trabalho, ocupando espaços. Complemento que isso ajuda a pensar em novas histórias, em revisitar antigos comportamentos e vivências, e realmente diversificar a arte. Ele disse também que ficou feliz de ter esse contato presencial com o Catarse, e especialmente numa conversa com uma pessoa negra.

E esse aqui é o meu segundo ponto: como é ser negro e trabalhar numa startup?

Antes de a gente seguir nesse caminho, eu preciso reforçar: este texto é obviamente pessoal, e não pretende dar conta de todos os homens negros e nerds e que trabalham em startups. Usei dois ‘e’, mas você pode e deve alterá-los para ‘ou’ quando quiser. Aqui falo sobre minha negritude, e sobre como ela é atravessada por tudo isso. Ah, e eu falo um pouco mais sobre ela aqui. Hoje eu mudaria algumas coisas no texto, mas a maioria permanece a mesma.

Tive muita sorte em trabalhar com coisas que gosto ou me identifico de alguma forma. Gosto da definição de startups como forças de soluções disruptivas. O problema é que, no geral, esse tipo de organização (mais descolada, legal e moderninha) tem pouco ou nenhum lugar para pessoas negras. E isso ocorre porque, bom, tendo um histórico avassalador de pobreza, não há qualquer espaço para uma pessoa negra pensar num trabalho que fuja do modelo convencional. Nem espaço, nem formação, nem contatos para isso.

E a lógica é mais ou menos por aqui: pessoas com muitos recursos e provavelmente frequentadoras de faculdades de ponta se juntam com amigos para ‘resolver um problema’. Elas chamam outras pessoas, provavelmente amigos de curso que podem bancar essa ideia inicial, seja com dinheiro, seja com força de trabalho. Como essas vagas iniciais tendem a ser por proximidade (especialmente financeira), acaba sendo natural que o perfil das pessoas que compõem esse grupo seja parecido. Acaba sendo necessário um movimento para pensar e ir atrás de pessoas fora dessa bolha. E, ou nem toda empresa está disposta a isso, ou a forma de ingresso não é das mais convidativas.

Estar no Catarse me faz pensar que eu tenho acesso a projetos (e, por consequência, pessoas e ideias) com muito potencial e que buscam alguma chance de realizar seus sonhos. O que eu faço com esse acesso?

Esse ano tenho pensado e repensado muitas coisas sobre a minha vida, sobre o protagonismo que eu exerço sobre minha própria história. E o meu fazer diário também é alvo desses pensamentos que teimam em ficar na cabeça. Não quero carregar nenhum peso da responsabilidade única de um fardo que não é apenas meu, mas talvez eu possa fazer um pouco mais, sabe?

Encontrei duas quadrinistas na CCXP (a MajorKup e a Lhaiza Morena) e eu não consegui não expressar o quão feliz eu estava em ver duas mulheres negras expondo num evento como aquele. Foi uma conversa simples e rápida, mas houve um sentimento bem único. Elas não eram as únicas lá, mas como seria bom no futuro ver mais. Tantos e tantas mais.

Major e Lhaiza dividiram uma mesa no Artists' Alley do evento Majorkup e Lhaiza Morena dividiram uma mesa no Artists' Alley do evento (Foto: arquivo Instagram)

Legal, Rafa. Você falou e falou, deu voltas e nós. Qual o objetivo?

O objetivo é fomentar a discussão. É fazer essa discussão, de alguma forma, virar ação. Ainda não sei o que é possível fazer, mas sei que não tô sozinho nesse sentimento de ver mais pessoas negras produzindo e sendo reconhecidas por isso.

Então, se você é uma pessoa negra e pretende lançar um quadrinho no Catarse (ou se tem vontade de conhecer a plataforma), me manda um alô. Pode ser por aqui, pode ser no twitter, ou no catar.se/ajuda. A gente pode conversar e pensar juntos e juntas algo mais a ser feito no futuro à frente.

“Tudo, tudo, tudo que nós tem é nós”, diz o Emicida em Principia, né?

Imagem Rafa 2

O autor

Rafael Cruz é viajante de realidades, uma por vez. Estrategista de planos quase infalíveis. Leal e Neutro. Psicopompo da Comunidade no Catarse. Mais de seus textos podem ser lidos no Medium.

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“Como você se sente sendo uma pessoa negra na CCXP?”

Por Rafael Cruz, membro do time de Atendimento do Catarse

O título parece ter uma crítica direcionada, mas esse não é, nem de longe, o objetivo deste texto. Acho que mais do que apontar a presença de corpos negros aqui ou ali especificamente, gostaria de te convidar a pensar como essa presença se dá.

Na semana passada (dez/19), estive com um amigo na CCXP19, em São Paulo. Fui a trabalho, e sei que só consegui ir pois houve um convite para que a gente entrasse em contato com alguns dos realizadores e realizadoras que passaram aqui no Catarse durante este ano. Foram ótimos dias de muito trabalho, fotos, vídeos, conversas, apertos de mãos e abraços (ainda que separados pelas mesas que expunham as obras).

Eu não poderia estar mais grato a esta experiência.

 

Foram diversas realizadoras e realizadores que cruzaram o meu caminho durante os dias em que visitei a CCXP19. Uma sensação incrível que ainda renderá frutos. (Foto: arquivo pessoal) Foram diversas realizadoras e realizadores que cruzaram o meu caminho durante os dias em que visitei a CCXP19. Uma sensação incrível que ainda renderá frutos. (Fotos: arquivo pessoal)

Como pessoa que acredita na economia colaborativa e apoia tantos projetos quanto consegue, é muito gostoso ter o contato assim de pertinho de tanta gente talentosa e competente, que faz da arte seu ganha-pão e ajuda a colorir e dar voz a tantos sentimentos que vivemos todos os dias.

Em uma dessas conversas, buscando as impressões sobre as campanhas realizadas no Catarse, o ilustrador Robson Moura me perguntou como eu me sentia sendo um homem negro em um evento daquela grandeza. Mais do que isso: como eu me sentia sendo alguém que trabalha em uma plataforma que ajuda a fomentar cultura. Fui pego de surpresa, e a conversa que veio daí foi ótima.

Mas antes, deixa só eu comentar uma coisa aqui: eu costumo me apresentar como “psicopompo” e um possível significado desse termo é “guia de almas”. Gosto dele porque acredito que, das coisas que gosto e sei fazer, a que eu melhor desempenho é apresentar caminhos (ainda que não sejam novos) às pessoas. Guarda essa informação, tá?

Acho que dá para começar a rascunhar uma resposta separando alguns pontos. O primeiro tem a ver com o que é o Catarse. Em resumo, uma plataforma de financiamento coletivo. É reunir dinheiro e gente ao redor de um objetivo, para vê-lo realizado. Sabe aquele rateio que a gente faz no final do churrasco quando acaba a cerveja? É mais ou menos por aí.

A lógica da economia colaborativa é juntar pessoas. A gente costuma dizer que é mais crowd que funding, e isso só ocorre porque embora a grana seja o bem palpável e direto nesse modelo, é a comunidade formada ao redor disso que realmente faz a coisa funcionar. Tratando-se da maravilhosa comunidade de quadrinhos, isso não poderia estar mais certo.

Leandro (Comunicação Catarse) e eu, durante o segundo dia de CCXP19 Leandro (Comunicação Catarse) e eu, durante o segundo dia de CCXP19. (Foto: arquivo pessoal)

Acho que o Catarse é uma boa casa para a comunidade e é palco de muitos projetos que, sem esse modelo, talvez nunca sairiam do (ou, no caso, seriam impressos no) papel. E isso diz muito sobre o quanto publicações mais tradicionais podem normatizar corpos e histórias em potencial. E, olha, não é um processo fácil. Planejamento, estudo sem fim, respirar a campanha todos os dias. Fazer parte de uma minoria política só piora o quadro, afinal não é esperada a produção desse tipo de conteúdo.

É ficar naquele dilema de “só falar” do sofrimento que se sente na pele (sim, foi proposital), ao mesmo tempo em que esse tipo de produção acaba sendo a com maior repercussão. Se torna cada vez mais importante estar nos lugares contando nossas histórias, todas elas. É sintomático ver a presença (maior?) de corpos negros em eventos, numa posição de consumo e produção.

“Corpos negros no trono, me sinto olhando o espelho”, como o Djonga diz em Falcão.

Sempre que participo de eventos de cultura pop/nerd em geral, acabo fazendo o teste do pescoço. O resultado na maioria das vezes é bem desanimador. É extremamente comum ver pessoas negras trabalhando na segurança e na limpeza, longe de áreas de liderança ou de destaque. São trabalhos honrados e honestos e, num país onde o desemprego está crescendo a passos largos, é um feito incrível. Mas será que a gente deve ficar relegada apenas a esses trabalhos?

Como plataforma, vejo que o Catarse não tem braço suficiente para uma maior proatividade nesse assunto. Não acho que seja uma culpa da empresa, inclusive. Seria de certa forma até injusta a promoção de projetos que favoreçam uma minoria em detrimento de outra, pois acirra-se uma competição que não existe (e que não deveria existir). Em vez disso, fico pensando se conseguimos fomentar uma maior participação negra na comunidade. Seja como produção, seja como consumo, seja como força de trabalho. Já existe muita coisa sendo feita, mas obviamente não é o suficiente, e não há problema nenhum em saber disso.

O Robson comentou sobre ser bom ver mais gente preta produzindo e expondo seu trabalho, ocupando espaços. Complemento que isso ajuda a pensar em novas histórias, em revisitar antigos comportamentos e vivências, e realmente diversificar a arte. Ele disse também que ficou feliz de ter esse contato presencial com o Catarse, e especialmente numa conversa com uma pessoa negra.

E esse aqui é o meu segundo ponto: como é ser negro e trabalhar numa startup?

Antes de a gente seguir nesse caminho, eu preciso reforçar: este texto é obviamente pessoal, e não pretende dar conta de todos os homens negros e nerds e que trabalham em startups. Usei dois ‘e’, mas você pode e deve alterá-los para ‘ou’ quando quiser. Aqui falo sobre minha negritude, e sobre como ela é atravessada por tudo isso. Ah, e eu falo um pouco mais sobre ela aqui. Hoje eu mudaria algumas coisas no texto, mas a maioria permanece a mesma.

Tive muita sorte em trabalhar com coisas que gosto ou me identifico de alguma forma. Gosto da definição de startups como forças de soluções disruptivas. O problema é que, no geral, esse tipo de organização (mais descolada, legal e moderninha) tem pouco ou nenhum lugar para pessoas negras. E isso ocorre porque, bom, tendo um histórico avassalador de pobreza, não há qualquer espaço para uma pessoa negra pensar num trabalho que fuja do modelo convencional. Nem espaço, nem formação, nem contatos para isso.

E a lógica é mais ou menos por aqui: pessoas com muitos recursos e provavelmente frequentadoras de faculdades de ponta se juntam com amigos para ‘resolver um problema’. Elas chamam outras pessoas, provavelmente amigos de curso que podem bancar essa ideia inicial, seja com dinheiro, seja com força de trabalho. Como essas vagas iniciais tendem a ser por proximidade (especialmente financeira), acaba sendo natural que o perfil das pessoas que compõem esse grupo seja parecido. Acaba sendo necessário um movimento para pensar e ir atrás de pessoas fora dessa bolha. E, ou nem toda empresa está disposta a isso, ou a forma de ingresso não é das mais convidativas.

Estar no Catarse me faz pensar que eu tenho acesso a projetos (e, por consequência, pessoas e ideias) com muito potencial e que buscam alguma chance de realizar seus sonhos. O que eu faço com esse acesso?

Esse ano tenho pensado e repensado muitas coisas sobre a minha vida, sobre o protagonismo que eu exerço sobre minha própria história. E o meu fazer diário também é alvo desses pensamentos que teimam em ficar na cabeça. Não quero carregar nenhum peso da responsabilidade única de um fardo que não é apenas meu, mas talvez eu possa fazer um pouco mais, sabe?

Encontrei duas quadrinistas na CCXP (a MajorKup e a Lhaiza Morena) e eu não consegui não expressar o quão feliz eu estava em ver duas mulheres negras expondo num evento como aquele. Foi uma conversa simples e rápida, mas houve um sentimento bem único. Elas não eram as únicas lá, mas como seria bom no futuro ver mais. Tantos e tantas mais.

Major e Lhaiza dividiram uma mesa no Artists' Alley do evento Majorkup e Lhaiza Morena dividiram uma mesa no Artists' Alley do evento (Foto: arquivo Instagram)

Legal, Rafa. Você falou e falou, deu voltas e nós. Qual o objetivo?

O objetivo é fomentar a discussão. É fazer essa discussão, de alguma forma, virar ação. Ainda não sei o que é possível fazer, mas sei que não tô sozinho nesse sentimento de ver mais pessoas negras produzindo e sendo reconhecidas por isso.

Então, se você é uma pessoa negra e pretende lançar um quadrinho no Catarse (ou se tem vontade de conhecer a plataforma), me manda um alô. Pode ser por aqui, pode ser no twitter, ou no catar.se/ajuda. A gente pode conversar e pensar juntos e juntas algo mais a ser feito no futuro à frente.

“Tudo, tudo, tudo que nós tem é nós”, diz o Emicida em Principia, né?

Imagem Rafa 2

O autor

Rafael Cruz é viajante de realidades, uma por vez. Estrategista de planos quase infalíveis. Leal e Neutro. Psicopompo da Comunidade no Catarse. Mais de seus textos podem ser lidos no Medium.

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