Catarse eleito pela Galileu entre os 25 mais influentes da internet em 2013

A edição de dezembro da revista Galileu elegeu os 25 mais influentes da internet brasileira em 2013. Representados por Luis Otávio Ribeiro e Diego Reeberg, ficamos muito orgulhosos de termos sido lembrados em um ano tão importante para cultura digital brasileira por um juri com vários profissionais de grandes veículos da internet nacional: caderno Link do Estadão, caderno Tec da Folha, G1, R7, infoExame, editora Globo, Hypeness, IDG Now, Gizmodo, Bluebus, Youpix, NE10 e outros.

Interessante observar também que, assim como Catarse, também foram destacados o trabalho e a atuação de outros coletivos, como Movimento Passe Livre, a Mídia Ninja e o Porta dos Fundos. Para nós, isso revela uma evolução da internet no Brasil, com a percepção da sua força coletiva e social, inerente a esse meio.

Achamos que seria interessante compartilhar com vocês a íntegra das respostas que enviamos à revista no início de novembro. Entendemos que o espaço no veículo impresso é restrito e que o conteúdo produzido pode gerar valor para a comunidade. Fizemos um balanço do ano de 2013 e falamos sobre algumas particularidades do Catarse, ferramentas de gestão, o dia-a-dia do trabalho, a internet e a perspectiva de futuro.

Lamentamos pelas pessoas que ainda só consideram editais públicos, empréstimos bancários, fundo de investimento, leis de incentivos e patrocínio de empresas como sendo as únicas maneiras de tirar suas ideias criativas do papel

Luis Otávio Ribeiro

O que nos uniu e é a base do que acreditamos é que confiar nas pessoas e no potencial delas reunidas em um propósito em comum é o que realmente move o mundo e faz com que as pessoas vivam intensamente.

Diego Reeberg

Galileu: Porque vocês acham que foram indicados como um dos nomes mais influentes da internet em 2013?

O ano de 2013 foi importante para a consolidação do financiamento coletivo como alternativa para viabilizar ideias criativas no Brasil. Nossa previsão é de terminarmos o ano com 400 projetos bem-sucedidos, um aumento de quase 44% em relação a 2012. Perto dos três anos de atuação, já passaram pelo Catarse 1.350 projetos, dos quais 740 (55%) atingiram a meta de arrecadação. Além disso, há 145 projetos no ar no momento. Até agora, 95 mil pessoas contribuíram com R$ 11,6 milhões para essas iniciativas. São ações que possivelmente não sairiam do papel antes do advento do financiamento coletivo através da internet.

O Catarse ocupou uma grande falha dos sistemas tradicionais de financiamentos culturais, científicos, jornalísticos, empreendedores etc. Uma grande demanda reprimida por falta de financiamento encontrou menos burocracia, risco quase zero, mais agilidade e independência, além de um potencial de financiamento ilimitado.

Como esse novo modelo fomenta a produção, envolve cada vez mais pessoas nesse processo e circula o resultado dos projetos pelas diferentes comunidades entramos num círculo virtuoso de expansão, tornando a produção mais acessível e aquecendo a cena independente no país. Além da plataforma em si, os próprios projetos financiados usaram a versatilidade do novo modelo para assumir posições de vanguarda, inovação e relevância em diversas áreas da sociedade.

Tudo isso junto com uma produção de conteúdo relevante sobre a temática crowd no Brasil e no mundo e um posicionamento de transparência e abertura (open source) levaram o Catarse a se tornar referência no setor e uma voz a ser ouvida na internet.

 - Que saldo vocês tiram desse ano? Foi positivo? Um dos melhores da vida de vocês e da empresa?

O ano foi de consolidação do modelo e preparação para decolar em 2014. A equipe saltou de seis pessoas para 15! Isso tudo exige adaptação, estabelecimento de fluxos internos, construção da cultura da empresa e documentação dos processos. Estamos arrumando a casa para a grande expansão que vislumbramos e planejamos. O melhor ano é sempre o próximo.

- Dentro da empresa, quais foram as grandes conquistas este ano? A plataforma vai completar três anos, o que mudou, o que mais orgulha vocês?

O que mais nos orgulha sempre foi e sempre será os projetos que são realizados através da plataforma. O crescimento e a qualidade dos projetos de quadrinhos. O impacto dos projetos de Comunidade, como o Teto e o Pimp My Carroça Curitiba, que nos levou a criar a categoria de Negócios Sociais. A adesão de pessoas com amplo reconhecimento do seu trabalho como Raimundos e Caco Galhardo em busca de independência. A Agência Pública  desbravar novas formas de se fazer, financiar e distribuir jornalismo com pautas investigativas de fôlego e interesse público. Enfim, a descoberta do financiamento coletivo por certos nichos e o amadurecimento de outros.

- O crowdfunding evoluiu no Brasil. Talvez seja este o ano em que esse formato se firmou de vez? O que vocês sentiram, não só no Catarse, mas no geral? Ainda é preciso explicar o que é o financiamento coletivo?

Sim. Foi um ano de consolidação e preparação para crescer mais. São quase 100 mil usuários. Um número bacana, mas relativamente pequeno diante do cenário criativo do país. Queremos levar a possibilidade do financiamento coletivo para toda e qualquer pessoa que tiver uma ideia criativa no Brasil. E para isso, ainda precisaremos explicar o que é financiamento coletivo por um bom tempo.

- Queria que vocês comentassem sobre as parcerias que o Catarse realiza, como a empresa se insere em iniciativas além da plataforma?

O Catarse é uma ferramenta através da qual se pode viabilizar financeiramente ideias criativas. Estamos interessados em parcerias que nos ajudem a levar esse novo modelo para todo o Brasil. Como plataforma, procuramos aliar a pluralidade da comunidade com a independência editorial para destacarmos os projetos com os quais nos identificamos.

- E a parte dos trabalhos sociais? Como foi o surgimento do Canal Asas e esse foco em ajudar trabalhos que envolvam o aspecto social e de transformação? Vocês sempre destacaram que queriam manter o Catarse com projetos que vocês acreditassem e não qualquer projetinho, né?

A categoria Comunidade, inexistente, por exemplo, no Kickstarter, é a terceira maior do Catarse em total arrecadado. Já são 104 projetos, 47 bem-sucedidos e 8.000 apoiadores que contribuíram com quase R$ 1 milhão. Entre as razões para a expressividade dessa categoria está a própria natureza da plataforma. O que veio a se tornar o Catarse começou a ser concebido em discussões coletivas e abertas no blog crowdfunding BR. Meses depois, o site foi para o ar com uma rede forte formada e com gosto por projetos de impacto e que provocam transformação. E esse tipo de iniciativa tinha muita carência de recursos devido ao desinteresse comercial e falta de opções de financiamento. Esse novo modelo serve a projetos pelos quais o mercado não se interessa ou que não se interessam pelo mercado.

Apenas 30% dos projetos enviados ao Catarse efetivamente vão para captação. Isso ocorre principalmente pela falta de adequação à proposta da plataforma de aceitar projetos criativos, finitos e bem definidos. Nossa curadoria tem o objetivo de ajudar o realizador a formatar o projeto da melhor forma para entrar em campanha de financiamento coletivo. É um trabalho de construção de cultura. Queremos distribuir cada vez mais esse trabalho de curadoria, deixando que a própria comunidade avalie e molde os projetos que devem ir para captação. Além de ajudar na distribuição da curadoria, o canal Asas agregar valor ao aprofundar a atuação nos projetos de impacto social com um sistema de gatilho da campanha. É um exemplo de como as empresas podem se engajar no financiamento coletivo, interagir com outros apoiadores e sair da posição de grande patrocinador.

- Em entrevistas esse ano, qual foi a pergunta que vocês mais responderam e cansou um pouco?

Propomos um modelo novo e perguntas são comuns para as pessoas entenderem. Se elas se repetem, é sinal de que estamos nos comunicando mal. Em vez disso, preferimos falar de uma pergunta que recentemente sumiu das entrevistas. Antes, sempre nos questionavam como garantiríamos que os projetos seriam realizados. Algumas pessoas se assustavam ou não entendiam quando respondíamos que não dávamos garantia nenhuma da realização do projeto. Nossa proposta sempre foi a de permitir o desenvolvimento de comunidades autogestionadas em que os próprios apoiadores do projeto se unissem para ajudar e fiscalizar o realizador do projeto. O sistema tem se mostrado bem resistente a fraudes, justamente pela proximidade do realizador com os apoiadores. O sumiço dessa pergunta denota um amadurecimento da sociedade diante do financiamento coletivo e do empoderamento dos indivíduos.

- Queria que você contasse um pouco sobre a rotina de cada um e como ela é moldada pela internet/redes sociais? Como é um dia no escritório do Catarse?

Luis:Por trabalharmos em várias pessoas espalhadas em quatro cidades brasileiras, a internet e as midias sociais são fundamentais. Toda nossa gestão acontece em ferramentas como Google Hangout, Google Docs, Trello, Pivotal Tracker e Hipchat. Além disso, toda a interação dos milhares de usuários no Catarse acontece através da plataforma, minha rotina não é moldada pela internet, minha rotina é a internet.

Diego: Um dia no escritório do Catarse é, com certeza, bem diferente do próximo dia. Primeiro que ninguém tem a obrigação de ir ao escritório. Ainda mais por termos acostumados a trabalhar de forma remota, mesmo as pessoas da mesma cidade não se veem todo dia. Depende da vontade delas de querer sair de casa. Às vezes o que dá vontade é de fazer o que for do trabalho de baixo do cobertor, e isso é valorizado por aqui.

Parte da rotina envolve deixar várias abas do navegador e programas abertos no computador pra todo mundo conversar e colaborar nos diversos projetos que tocamos.

- Queria que vocês contassem um pouco sobre a origem de cada um e como se encontram para fundar a empresa. Como a história de vocês progrediu? Vocês ainda decidem tudo sozinhos na empresa?

O Catarse nasce em janeiro de 2011 a partir do encontro de diferentes grupos com o interesse comum em empreender no financiamento coletivo. Inspirados pelas plataformas Kickstarter e Indiegogo, os administradores recém-formados Luis Otávio Ribeiro e Diego Reeberg criaram o blog Crowdfunding Brasil para discutir o tema no país. Através da internet conhecem o programador Daniel Weinmann, de Porto Alegre, e os irmãos Rodrigo e Thiago Maia, um jornalista e um designer do Rio de Janeiro. Os três grupos já estavam desenvolvendo as suas plataformas quando vislumbraram a possibilidade de uma atuação inicial forte nas três cidades e decidiram se juntar para oferecer a alternativa do financiamento coletivo para os inúmeros projetos que ficavam engavetados por falta de oportunidades no Brasil. Desses fundadores, hoje, apenas Luis, Diego e Rodrigo trabalham na equipe de 15 pessoas que levam o dia a dia da plataforma. Além deles, o desenvolvedor Diogo Biazus também faz parte da sociedade. O Catarse, portanto, nasce coletivamente e até hoje esse espírito perpassa toda a plataforma.

Diego: O que a gente menos faz é decidir alguma coisa sozinho. A empresa ser coletiva e colaborativa não é algo do modelo de negócio, é nossa essência.

Sou do noroeste do Paraná, vim pra São Paulo depois de largar a faculdade de engenharia pra experimentar viver em SP. Acabei estudando a administração na FGV, mesmo sem algum motivo relevante pra ter escolhido essa faculdade. Eu e o Luís estudamos juntos e a amizade fez com que esses valores fossem naturais quando resolvemos empreender.

O que nos uniu e é a base do que acreditamos é que confiar nas pessoas e no potencial delas reunidas em um propósito em comum é o que realmente move o mundo e faz com que as pessoas vivam intensamente.

- Na lista de desejos de 2013, qual foi aquele vocês realizaram e quais acabaram ignorando?

Não fizemos uma lista de desejos para 2013.

- Que assunto mais instigou vocês na internet - cite alguma polêmica virtual que tirou vocês do sério? Pode ser algum comportamento online que assustou também.

Acreditamos que o mais espetacular da internet esse ano tem sido a cobertura independente das grandes manifestações de rua. Além de uma ampla discussão política que podemos ver por todos os cantos da internet desde então.

- Quem vocês colocariam na lista pessoal de pessoas mais influentes da internet em 2013 e por quê?

Eu colocaria o restante do time do Catarse: Rodrigo Maia, Diogo Biazus, Felipe Caruso, Andressa Zanette, Renato Garcia, Elaine Rodrigues, Luciana Masini, Pedro Marins, Anthony Ravoni, Bia Bouskela, Antônio Roberto, Adriano Benin, Caio Tendolini

- Qual a aposta de vocês de algum nome para 2014? Alguém que será destaque.

Luis: Essa perspectiva de uma pessoa, de um nome é bem ruim. A internet é coletiva e só é possível devido a interação entre as pessoas, ou seja, ela é inerentemente social. Buscar um destaque é deixar de lado o que a internet tem de mais incrível: a possibilidade de todos serem destaque.

Diego: Robinho.  =P (just kidding!)

- Nem tudo é positivo. Que momento vocês mais lamentam em 2013? Uma perda, decepção, alguém que se foi.

Lamentamos pelas pessoas que ainda só consideram editais públicos, empréstimos bancários, fundo de investimento, leis de incentivos e patrocínio de empresas como sendo as únicas maneiras de tirar suas ideias criativas do papel.
Felipe Caruso
Missionário do coletivismo e jornalista com doses de poesia, ceticismo e pragmatismo

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Catarse eleito pela Galileu entre os 25 mais influentes da internet em 2013

A edição de dezembro da revista Galileu elegeu os 25 mais influentes da internet brasileira em 2013. Representados por Luis Otávio Ribeiro e Diego Reeberg, ficamos muito orgulhosos de termos sido lembrados em um ano tão importante para cultura digital brasileira por um juri com vários profissionais de grandes veículos da internet nacional: caderno Link do Estadão, caderno Tec da Folha, G1, R7, infoExame, editora Globo, Hypeness, IDG Now, Gizmodo, Bluebus, Youpix, NE10 e outros.

Interessante observar também que, assim como Catarse, também foram destacados o trabalho e a atuação de outros coletivos, como Movimento Passe Livre, a Mídia Ninja e o Porta dos Fundos. Para nós, isso revela uma evolução da internet no Brasil, com a percepção da sua força coletiva e social, inerente a esse meio.

Achamos que seria interessante compartilhar com vocês a íntegra das respostas que enviamos à revista no início de novembro. Entendemos que o espaço no veículo impresso é restrito e que o conteúdo produzido pode gerar valor para a comunidade. Fizemos um balanço do ano de 2013 e falamos sobre algumas particularidades do Catarse, ferramentas de gestão, o dia-a-dia do trabalho, a internet e a perspectiva de futuro.

Lamentamos pelas pessoas que ainda só consideram editais públicos, empréstimos bancários, fundo de investimento, leis de incentivos e patrocínio de empresas como sendo as únicas maneiras de tirar suas ideias criativas do papel

Luis Otávio Ribeiro

O que nos uniu e é a base do que acreditamos é que confiar nas pessoas e no potencial delas reunidas em um propósito em comum é o que realmente move o mundo e faz com que as pessoas vivam intensamente.

Diego Reeberg

Galileu: Porque vocês acham que foram indicados como um dos nomes mais influentes da internet em 2013?

O ano de 2013 foi importante para a consolidação do financiamento coletivo como alternativa para viabilizar ideias criativas no Brasil. Nossa previsão é de terminarmos o ano com 400 projetos bem-sucedidos, um aumento de quase 44% em relação a 2012. Perto dos três anos de atuação, já passaram pelo Catarse 1.350 projetos, dos quais 740 (55%) atingiram a meta de arrecadação. Além disso, há 145 projetos no ar no momento. Até agora, 95 mil pessoas contribuíram com R$ 11,6 milhões para essas iniciativas. São ações que possivelmente não sairiam do papel antes do advento do financiamento coletivo através da internet.

O Catarse ocupou uma grande falha dos sistemas tradicionais de financiamentos culturais, científicos, jornalísticos, empreendedores etc. Uma grande demanda reprimida por falta de financiamento encontrou menos burocracia, risco quase zero, mais agilidade e independência, além de um potencial de financiamento ilimitado.

Como esse novo modelo fomenta a produção, envolve cada vez mais pessoas nesse processo e circula o resultado dos projetos pelas diferentes comunidades entramos num círculo virtuoso de expansão, tornando a produção mais acessível e aquecendo a cena independente no país. Além da plataforma em si, os próprios projetos financiados usaram a versatilidade do novo modelo para assumir posições de vanguarda, inovação e relevância em diversas áreas da sociedade.

Tudo isso junto com uma produção de conteúdo relevante sobre a temática crowd no Brasil e no mundo e um posicionamento de transparência e abertura (open source) levaram o Catarse a se tornar referência no setor e uma voz a ser ouvida na internet.

 - Que saldo vocês tiram desse ano? Foi positivo? Um dos melhores da vida de vocês e da empresa?

O ano foi de consolidação do modelo e preparação para decolar em 2014. A equipe saltou de seis pessoas para 15! Isso tudo exige adaptação, estabelecimento de fluxos internos, construção da cultura da empresa e documentação dos processos. Estamos arrumando a casa para a grande expansão que vislumbramos e planejamos. O melhor ano é sempre o próximo.

- Dentro da empresa, quais foram as grandes conquistas este ano? A plataforma vai completar três anos, o que mudou, o que mais orgulha vocês?

O que mais nos orgulha sempre foi e sempre será os projetos que são realizados através da plataforma. O crescimento e a qualidade dos projetos de quadrinhos. O impacto dos projetos de Comunidade, como o Teto e o Pimp My Carroça Curitiba, que nos levou a criar a categoria de Negócios Sociais. A adesão de pessoas com amplo reconhecimento do seu trabalho como Raimundos e Caco Galhardo em busca de independência. A Agência Pública  desbravar novas formas de se fazer, financiar e distribuir jornalismo com pautas investigativas de fôlego e interesse público. Enfim, a descoberta do financiamento coletivo por certos nichos e o amadurecimento de outros.

- O crowdfunding evoluiu no Brasil. Talvez seja este o ano em que esse formato se firmou de vez? O que vocês sentiram, não só no Catarse, mas no geral? Ainda é preciso explicar o que é o financiamento coletivo?

Sim. Foi um ano de consolidação e preparação para crescer mais. São quase 100 mil usuários. Um número bacana, mas relativamente pequeno diante do cenário criativo do país. Queremos levar a possibilidade do financiamento coletivo para toda e qualquer pessoa que tiver uma ideia criativa no Brasil. E para isso, ainda precisaremos explicar o que é financiamento coletivo por um bom tempo.

- Queria que vocês comentassem sobre as parcerias que o Catarse realiza, como a empresa se insere em iniciativas além da plataforma?

O Catarse é uma ferramenta através da qual se pode viabilizar financeiramente ideias criativas. Estamos interessados em parcerias que nos ajudem a levar esse novo modelo para todo o Brasil. Como plataforma, procuramos aliar a pluralidade da comunidade com a independência editorial para destacarmos os projetos com os quais nos identificamos.

- E a parte dos trabalhos sociais? Como foi o surgimento do Canal Asas e esse foco em ajudar trabalhos que envolvam o aspecto social e de transformação? Vocês sempre destacaram que queriam manter o Catarse com projetos que vocês acreditassem e não qualquer projetinho, né?

A categoria Comunidade, inexistente, por exemplo, no Kickstarter, é a terceira maior do Catarse em total arrecadado. Já são 104 projetos, 47 bem-sucedidos e 8.000 apoiadores que contribuíram com quase R$ 1 milhão. Entre as razões para a expressividade dessa categoria está a própria natureza da plataforma. O que veio a se tornar o Catarse começou a ser concebido em discussões coletivas e abertas no blog crowdfunding BR. Meses depois, o site foi para o ar com uma rede forte formada e com gosto por projetos de impacto e que provocam transformação. E esse tipo de iniciativa tinha muita carência de recursos devido ao desinteresse comercial e falta de opções de financiamento. Esse novo modelo serve a projetos pelos quais o mercado não se interessa ou que não se interessam pelo mercado.

Apenas 30% dos projetos enviados ao Catarse efetivamente vão para captação. Isso ocorre principalmente pela falta de adequação à proposta da plataforma de aceitar projetos criativos, finitos e bem definidos. Nossa curadoria tem o objetivo de ajudar o realizador a formatar o projeto da melhor forma para entrar em campanha de financiamento coletivo. É um trabalho de construção de cultura. Queremos distribuir cada vez mais esse trabalho de curadoria, deixando que a própria comunidade avalie e molde os projetos que devem ir para captação. Além de ajudar na distribuição da curadoria, o canal Asas agregar valor ao aprofundar a atuação nos projetos de impacto social com um sistema de gatilho da campanha. É um exemplo de como as empresas podem se engajar no financiamento coletivo, interagir com outros apoiadores e sair da posição de grande patrocinador.

- Em entrevistas esse ano, qual foi a pergunta que vocês mais responderam e cansou um pouco?

Propomos um modelo novo e perguntas são comuns para as pessoas entenderem. Se elas se repetem, é sinal de que estamos nos comunicando mal. Em vez disso, preferimos falar de uma pergunta que recentemente sumiu das entrevistas. Antes, sempre nos questionavam como garantiríamos que os projetos seriam realizados. Algumas pessoas se assustavam ou não entendiam quando respondíamos que não dávamos garantia nenhuma da realização do projeto. Nossa proposta sempre foi a de permitir o desenvolvimento de comunidades autogestionadas em que os próprios apoiadores do projeto se unissem para ajudar e fiscalizar o realizador do projeto. O sistema tem se mostrado bem resistente a fraudes, justamente pela proximidade do realizador com os apoiadores. O sumiço dessa pergunta denota um amadurecimento da sociedade diante do financiamento coletivo e do empoderamento dos indivíduos.

- Queria que você contasse um pouco sobre a rotina de cada um e como ela é moldada pela internet/redes sociais? Como é um dia no escritório do Catarse?

Luis:Por trabalharmos em várias pessoas espalhadas em quatro cidades brasileiras, a internet e as midias sociais são fundamentais. Toda nossa gestão acontece em ferramentas como Google Hangout, Google Docs, Trello, Pivotal Tracker e Hipchat. Além disso, toda a interação dos milhares de usuários no Catarse acontece através da plataforma, minha rotina não é moldada pela internet, minha rotina é a internet.

Diego: Um dia no escritório do Catarse é, com certeza, bem diferente do próximo dia. Primeiro que ninguém tem a obrigação de ir ao escritório. Ainda mais por termos acostumados a trabalhar de forma remota, mesmo as pessoas da mesma cidade não se veem todo dia. Depende da vontade delas de querer sair de casa. Às vezes o que dá vontade é de fazer o que for do trabalho de baixo do cobertor, e isso é valorizado por aqui.

Parte da rotina envolve deixar várias abas do navegador e programas abertos no computador pra todo mundo conversar e colaborar nos diversos projetos que tocamos.

- Queria que vocês contassem um pouco sobre a origem de cada um e como se encontram para fundar a empresa. Como a história de vocês progrediu? Vocês ainda decidem tudo sozinhos na empresa?

O Catarse nasce em janeiro de 2011 a partir do encontro de diferentes grupos com o interesse comum em empreender no financiamento coletivo. Inspirados pelas plataformas Kickstarter e Indiegogo, os administradores recém-formados Luis Otávio Ribeiro e Diego Reeberg criaram o blog Crowdfunding Brasil para discutir o tema no país. Através da internet conhecem o programador Daniel Weinmann, de Porto Alegre, e os irmãos Rodrigo e Thiago Maia, um jornalista e um designer do Rio de Janeiro. Os três grupos já estavam desenvolvendo as suas plataformas quando vislumbraram a possibilidade de uma atuação inicial forte nas três cidades e decidiram se juntar para oferecer a alternativa do financiamento coletivo para os inúmeros projetos que ficavam engavetados por falta de oportunidades no Brasil. Desses fundadores, hoje, apenas Luis, Diego e Rodrigo trabalham na equipe de 15 pessoas que levam o dia a dia da plataforma. Além deles, o desenvolvedor Diogo Biazus também faz parte da sociedade. O Catarse, portanto, nasce coletivamente e até hoje esse espírito perpassa toda a plataforma.

Diego: O que a gente menos faz é decidir alguma coisa sozinho. A empresa ser coletiva e colaborativa não é algo do modelo de negócio, é nossa essência.

Sou do noroeste do Paraná, vim pra São Paulo depois de largar a faculdade de engenharia pra experimentar viver em SP. Acabei estudando a administração na FGV, mesmo sem algum motivo relevante pra ter escolhido essa faculdade. Eu e o Luís estudamos juntos e a amizade fez com que esses valores fossem naturais quando resolvemos empreender.

O que nos uniu e é a base do que acreditamos é que confiar nas pessoas e no potencial delas reunidas em um propósito em comum é o que realmente move o mundo e faz com que as pessoas vivam intensamente.

- Na lista de desejos de 2013, qual foi aquele vocês realizaram e quais acabaram ignorando?

Não fizemos uma lista de desejos para 2013.

- Que assunto mais instigou vocês na internet - cite alguma polêmica virtual que tirou vocês do sério? Pode ser algum comportamento online que assustou também.

Acreditamos que o mais espetacular da internet esse ano tem sido a cobertura independente das grandes manifestações de rua. Além de uma ampla discussão política que podemos ver por todos os cantos da internet desde então.

- Quem vocês colocariam na lista pessoal de pessoas mais influentes da internet em 2013 e por quê?

Eu colocaria o restante do time do Catarse: Rodrigo Maia, Diogo Biazus, Felipe Caruso, Andressa Zanette, Renato Garcia, Elaine Rodrigues, Luciana Masini, Pedro Marins, Anthony Ravoni, Bia Bouskela, Antônio Roberto, Adriano Benin, Caio Tendolini

- Qual a aposta de vocês de algum nome para 2014? Alguém que será destaque.

Luis: Essa perspectiva de uma pessoa, de um nome é bem ruim. A internet é coletiva e só é possível devido a interação entre as pessoas, ou seja, ela é inerentemente social. Buscar um destaque é deixar de lado o que a internet tem de mais incrível: a possibilidade de todos serem destaque.

Diego: Robinho.  =P (just kidding!)

- Nem tudo é positivo. Que momento vocês mais lamentam em 2013? Uma perda, decepção, alguém que se foi.

Lamentamos pelas pessoas que ainda só consideram editais públicos, empréstimos bancários, fundo de investimento, leis de incentivos e patrocínio de empresas como sendo as únicas maneiras de tirar suas ideias criativas do papel.

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