Para fechar nossa viagem por Brasília, depois de falar de um grande mecenas e de vários fazedores, eu trago uma série de lugares que me transformaram nessa viagem. Das artes à engenharia, foram muitas experiências incríveis em espaços marcantes.
Arte ao ar livre
O primeiro lugar que destaco é o Espaço AVI, onde encontrei Maurício Chades no fim de tarde frio de domingo, na edição julina do Ateliê Aberto. Lá pude aproveitar uma mostra da residente Fernanda Lago e a exibição do filme "Quando Deus dá Asa a Cobra", de Ana C. Matias e Igor Z. Cerqueira em uma tela instalada no jardim externo do espaço, entre duas árvores, em frente a uma fogueira e com uma sonoplastia inesperada de cães da casa ao lado. Só pela foto, acho que já dá pra sentir o clima.
A tecnologia como trampolim da transformação social
Quem navega nas ruas da universidade de Brasíla não imagina que em um dos laboratórios está sendo concebido o equipamento para a única participação brasileira nas próximas Olimpíadas. Não, não a do Rio, mas sim as Olimpíadas Biônicas, nome carinhosamente dado à competição Cybathlon: primeira competição entre pessoas com deficiência em que se incentiva o uso das tecnologias mais avançadas. Ali uma equipe multidisciplinar de engenheiros e fisioterapeutas prepara o EMA Trike, um triciclo adaptado para que uma pessoa com lesão medular possa pedalar com suas próprias pernas através da estimulação elétrica. Eles estão com uma campanha aberta no Catarse para ajudar a levar o Brasil (o advogado/atleta Estevão é o nosso representante) até a competição que acontecerá na Suíça.
Encontrei por lá o engenheiro Lucas da Fonseca e, pra explicar como funciona esse sistema de estimulação, me ofereci como cobaia:
Outro engenheiro do projeto, o George Brindeiro, participou da nossa oficina no Co-Piloto compartilhando a experiência deles nesta campanha (palmas pra ele que se ofereceu pra estar lá e de quebra já divulgou o projeto para 50 novas pessoas). Cada vez mais o crowdfunding tem fortalecido projetos de pesquisa e inovação, permitindo que as pessoas ajudem ativamente a construir as tecnologias que transformarão a sociedade.
50 pilotos no avião
Enquanto sonhos são desfeitos e refeitos, a cidade pulsa, e no ano passado o espaço de coworking Co-Piloto nasceu na Asa Sul, compartilhando o prédio com a loja colaborativa Endossa. Foi lá que conheci a Heloisa Rocha, que está a frente do espaço e foi quem nos recepcionou para a oficina que fizemos para 45 pessoas e ainda agilizou os comes e bebes!
Durante as 3 horas compartilhamos diversos conteúdos sobre como fazer uma campanha de crowdfunding de sucesso e tiramos dúvidas de quem pensa em dar seus primeiros passos no Catarse.
No final da oficina tive uma surpresa incrivelmente grata. A Carolina Ramalhete fez um lindo trabalho de facilitação gráfica e ajudou a organizar o conteúdo que passamos.
Se eu fosse você pensaria duas vezes em fazer um evento em Brasília sem chamá-la. O contato tá aqui, ó: https://www.artedaconversa.com.br/ .Um palco de revoluções transitórias
Eu tive a infelicidade de nunca ter conhecido o Balaio Café, talvez o espaço mais ativista que Brasília já teve. Já li muitas histórias desse espaço que sediou duas das nossas oficinas em 2015, e nenhuma me pegou tanto quanto esse relato-manifesto da Yaso, escrito assim que o Balaio fechou, no fim do ano passado, após 10 anos de funcionamento. A definição que ela fez despertou em mim toda a nostalgia inexistente de nunca ter ido ao espaço: o Balaio era um "bar, que também era cineclube, boate, lan house, restaurante e espaço para esportes, também já foi consultório psiquiátrico, bunker anarquista, espaço de artes e palco de vários artistas do Brasil, além de casa de muita gente desajustada, inconformada e revolucionária de Brasília.”.
No Catarse a gente acredita que espaços onde as pessoas se encontram são grandes ferramentas de mudança do mundo, nós somos um espaço virtual para que esses encontros aconteçam. Esses espaços fazem sentido se eles são movidos pela alma de quem os dirige. É por isso que eu estava entusiasmado pra conhecer a Jul Pagul, uma ativista e sonhadora que pensa em como possibilitar que o Balaio se transforme em outros espaços, talvez não como café, bar, mas em ser uma TV, em virar um livro.
Quem são outros protagonistas de Brasília?
Em menos de 3 dias, 14 pessoas me ajudaram a entender um pouco mais da capital federal e, é claro, essas não são as únicas pessoas que estão fazendo a diferença na cidade, mas é uma ótima amostra do que Brasília tem a oferecer. Só no Catarse, 87 projetos de Brasília já foram financiados coletivamente, a Fundação Athos Bulcão, por exemplo, já realizou 3 campanhas e está indo para a quarta esse ano.
Como trabalhamos ativamente pra aumentar essa rede de gente que faz, nos digam: da próxima vez que formos pra Brasília, quem são os empreendedores criativos, os agitadores culturais, os ativistas sociais que deveríamos conhecer?