RPG em cena: as origens do fenômeno e projetos em alta

Você já pensou como seria se você pudesse fazer parte de uma história? 

Muito antes de realidade virtual e mundos digitais, a maneira mais eficiente de nos fazer entrar na história com um maior peso e influência nas decisões diretas no rumo desse enredo, foram os RPGs (Role-Playing Game). 

A ideia nasceu nos Estados Unidos em 1971 com a criação do “the fantasy game” um jogo de tabuleiro que misturava aventuras medievais, guerras e conflitos políticos de um mundo fantasioso repleto de magias e encantos. Este que futuramente se tornou o mais famoso dos RPGs, Dungeons and Dragons. Se você pensou em Senhor dos Aneis, este com certeza foi uma das inspirações, além dos clássicos da literatura de Tolkien, outros materiais como quadrinhos, mangás e filmes, inspirados pelas obras de Katsuhiro Otomo, Bram Stoker e até Homero, inspirados em seus respectivos universos: Akira, Drácula e A Odisseia entre muitos outros que nutriram uma vasta variedade de temáticas, personagens e possibilidades, desde Elfos até Orcs, de magos à androides ou também, deuses e vampiros. 

Mesmo bebendo dessas fontes, os RPGs tiveram sua emancipação até mesmo da ideia de ser um simples jogo: com enredos e sistemas próprios em histórias que duram horas, às vezes até dias, são chamados de campanhas, guiadas por um mestre que, além narrar o enredo, cria situações e desafios para os integrantes. 

Pensando nisso, convidei um dos meus mestres de campanha, o historiador Marcel Kosugi, a partilhar um pouco da sua experiência nesse universo, principalmente no cenário Brasileiro: 

“Eu tinha 13 anos quando tive meu primeiro contato com RPG, uma idade ótima, pois a imaginação de um pré-adolescente apaixonado por cultura pop é um terreno extremamente fértil. Para minha sorte, conheci justamente um sistema e um cenário brasileiro: Tormenta! Um universo que nasceu nas páginas da revista Dragão Brasil, assim como o sistema que o acompanhava, o lendário 3D&T.”

Quando sabemos que é possível fazer associações do que consumimos com algumas práticas da nossa rotina, minha pergunta foi como ele integrou essas inspirações à sua própria:

“Mais de 20 anos se passaram desde que mestrei minha primeira campanha no universo de Tormenta. Conheci outros sistemas, desbravei outros reinos e consegui trazer o RPG para dentro da minha vida profissional. Formei-me professor de História e, o que antes era somente um passatempo, transformou-se em uma ferramenta didática para apaixonar meus alunos pelos temas da matéria que lecionava.”

Os RPGs chegaram ao Brasil através de livros importados de jogatina no final dos anos 80 por jovens universitários que estudavam fora e, ao retornarem, começaram a distribuir entre o grupo de amigos. Posteriormente, em 1991, os editores da GSA criaram o TAGMAR, o primeiro RPG 100% desenvolvido no Brasil. Mesmo enfrentando um preconceito enorme pela resistência dos leigos, foi importante para que novos jogos fossem abraçados e popularizados por aqui.

“Meus olhos brilham ao ver como o jogo cresceu e superou o “pânico satânico” que o perseguiu nos anos 90. Hoje, obras midiáticas de sucesso, como Stranger Things e Borderlands, citam o RPG em suas narrativas, e vários outros cenários nacionais surgiram, como Ruff Ghanor e Ordem Paranormal. Isso me encanta, pois toda uma nova geração de RPGistas tem descoberto esse universo por meio de produções brasileiras, e não apenas por publicações importadas.” - Marcel Kosugi

Depois dessa troca de ideia com um mestre do RPG (literalmente), reservamos algumas indicações para vocês:

  • Aproveitando o gancho na citação de Tormenta, a Jambo Editora está com o projeto aqui no catarse em comemoração aos seus 25 anos de publicações ininterruptas! Diversos níveis de apoio esperam sua participação, com os livros das campanhas, materiais de apoio, dados e cards, até um busto de um de seus herois está disponível como recompensa desse universo consagrado pelos deuses e herois! 

  • Outro portal aberto que solicita sua presença, é o ShadowDark, pela editora Laser Head Press. Com um sistema mais simplificado para jogadores iniciantes e elementos clássicos para viajantes experientes em um universo original, pensado nos mínimos detalhes com ampla diversidade de, armas, magias, clãs e monstros. Um dos maiores destaques é o estilo visual, a equipe de ilustração tem um trabalho incrível, o conceito de cenários e personagens ganham vida nas artes com sombras chapadas e degradês em hachuras similares às obras dos quadrinistas Gustave Doré e Ernie Chan (O Corvo/Conan, O Bárbaro). 

  • Se você é fã de ficção científica e gosta de personalizar seu universo e seus personagens com uma vasta combinação, FalloutBR é a sua próxima aventura! Recheado de referências de outros materiais, citações que deixam a experiência mais criativa conforme as combinações de cenário e personagem se apresentam ao longo da campanha. A Editora Retropunk apresenta um catálogo experiente em projetos coletivos de RPGs, e uma vez mais conta com sua presença em campo. 

Escolham suas Skins, verifiquem seus slots, recarregue sua mana, afiem suas espadas, por que nossa jornada está só começando. Antes de continuarmos, vale uma última citação do nosso guia: 

“O RPG pode ser entretenimento, uma ferramenta didática, uma forma de interagir e socializar… Em suma, o RPG tem infinitas possibilidades. E nós, brasileiros, provamos por A + B que sabemos aproveitar todo o potencial que essa linguagem tem a oferecer.” - Marcel Kosugi

Manoel Taylor
Ilustrador, pesquisador e criador de conteúdo que aborda estudos socioculturais nos quadrinhos e mangás.

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Você já pensou como seria se você pudesse fazer parte de uma história? 

Muito antes de realidade virtual e mundos digitais, a maneira mais eficiente de nos fazer entrar na história com um maior peso e influência nas decisões diretas no rumo desse enredo, foram os RPGs (Role-Playing Game). 

A ideia nasceu nos Estados Unidos em 1971 com a criação do “the fantasy game” um jogo de tabuleiro que misturava aventuras medievais, guerras e conflitos políticos de um mundo fantasioso repleto de magias e encantos. Este que futuramente se tornou o mais famoso dos RPGs, Dungeons and Dragons. Se você pensou em Senhor dos Aneis, este com certeza foi uma das inspirações, além dos clássicos da literatura de Tolkien, outros materiais como quadrinhos, mangás e filmes, inspirados pelas obras de Katsuhiro Otomo, Bram Stoker e até Homero, inspirados em seus respectivos universos: Akira, Drácula e A Odisseia entre muitos outros que nutriram uma vasta variedade de temáticas, personagens e possibilidades, desde Elfos até Orcs, de magos à androides ou também, deuses e vampiros. 

Mesmo bebendo dessas fontes, os RPGs tiveram sua emancipação até mesmo da ideia de ser um simples jogo: com enredos e sistemas próprios em histórias que duram horas, às vezes até dias, são chamados de campanhas, guiadas por um mestre que, além narrar o enredo, cria situações e desafios para os integrantes. 

Pensando nisso, convidei um dos meus mestres de campanha, o historiador Marcel Kosugi, a partilhar um pouco da sua experiência nesse universo, principalmente no cenário Brasileiro: 

“Eu tinha 13 anos quando tive meu primeiro contato com RPG, uma idade ótima, pois a imaginação de um pré-adolescente apaixonado por cultura pop é um terreno extremamente fértil. Para minha sorte, conheci justamente um sistema e um cenário brasileiro: Tormenta! Um universo que nasceu nas páginas da revista Dragão Brasil, assim como o sistema que o acompanhava, o lendário 3D&T.”

Quando sabemos que é possível fazer associações do que consumimos com algumas práticas da nossa rotina, minha pergunta foi como ele integrou essas inspirações à sua própria:

“Mais de 20 anos se passaram desde que mestrei minha primeira campanha no universo de Tormenta. Conheci outros sistemas, desbravei outros reinos e consegui trazer o RPG para dentro da minha vida profissional. Formei-me professor de História e, o que antes era somente um passatempo, transformou-se em uma ferramenta didática para apaixonar meus alunos pelos temas da matéria que lecionava.”

Os RPGs chegaram ao Brasil através de livros importados de jogatina no final dos anos 80 por jovens universitários que estudavam fora e, ao retornarem, começaram a distribuir entre o grupo de amigos. Posteriormente, em 1991, os editores da GSA criaram o TAGMAR, o primeiro RPG 100% desenvolvido no Brasil. Mesmo enfrentando um preconceito enorme pela resistência dos leigos, foi importante para que novos jogos fossem abraçados e popularizados por aqui.

“Meus olhos brilham ao ver como o jogo cresceu e superou o “pânico satânico” que o perseguiu nos anos 90. Hoje, obras midiáticas de sucesso, como Stranger Things e Borderlands, citam o RPG em suas narrativas, e vários outros cenários nacionais surgiram, como Ruff Ghanor e Ordem Paranormal. Isso me encanta, pois toda uma nova geração de RPGistas tem descoberto esse universo por meio de produções brasileiras, e não apenas por publicações importadas.” - Marcel Kosugi

Depois dessa troca de ideia com um mestre do RPG (literalmente), reservamos algumas indicações para vocês:

  • Aproveitando o gancho na citação de Tormenta, a Jambo Editora está com o projeto aqui no catarse em comemoração aos seus 25 anos de publicações ininterruptas! Diversos níveis de apoio esperam sua participação, com os livros das campanhas, materiais de apoio, dados e cards, até um busto de um de seus herois está disponível como recompensa desse universo consagrado pelos deuses e herois! 

  • Outro portal aberto que solicita sua presença, é o ShadowDark, pela editora Laser Head Press. Com um sistema mais simplificado para jogadores iniciantes e elementos clássicos para viajantes experientes em um universo original, pensado nos mínimos detalhes com ampla diversidade de, armas, magias, clãs e monstros. Um dos maiores destaques é o estilo visual, a equipe de ilustração tem um trabalho incrível, o conceito de cenários e personagens ganham vida nas artes com sombras chapadas e degradês em hachuras similares às obras dos quadrinistas Gustave Doré e Ernie Chan (O Corvo/Conan, O Bárbaro). 

  • Se você é fã de ficção científica e gosta de personalizar seu universo e seus personagens com uma vasta combinação, FalloutBR é a sua próxima aventura! Recheado de referências de outros materiais, citações que deixam a experiência mais criativa conforme as combinações de cenário e personagem se apresentam ao longo da campanha. A Editora Retropunk apresenta um catálogo experiente em projetos coletivos de RPGs, e uma vez mais conta com sua presença em campo. 

Escolham suas Skins, verifiquem seus slots, recarregue sua mana, afiem suas espadas, por que nossa jornada está só começando. Antes de continuarmos, vale uma última citação do nosso guia: 

“O RPG pode ser entretenimento, uma ferramenta didática, uma forma de interagir e socializar… Em suma, o RPG tem infinitas possibilidades. E nós, brasileiros, provamos por A + B que sabemos aproveitar todo o potencial que essa linguagem tem a oferecer.” - Marcel Kosugi

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