Se a matéria-prima do seu trabalho é intangível – envolve seu conhecimento, criatividade, imaginação – é bem provável que você tenha dificuldade e até vergonha de cobrar por ela. Principalmente se você for mulher.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), realizada em 2018 pelo IBGE, mostram que mais de 9 milhões de mulheres estão à frente de negócios no Brasil, sendo que 45% delas são chefes de família, ou seja, têm a principal renda em seus lares. Neste mesmo ano, os empreendedores brasileiros registraram rendimento mensal médio de R$ 2.344. Já as empreendedoras, R$ 1.831 por mês.
Desde a chegada da pandemia de COVID-19 no Brasil, em fevereiro de 2020, a gente sabe que essas estatísticas pioraram. Só na indústria criativa, por exemplo, perdemos mais de 691 mil postos de trabalho, segundo o Painel de Dados do Observatório Itaú Cultural.
Há muitos estudos sobre a relação das lutas feministas e o capitalismo e sobre como esse regime oprime sobretudo as mulheres mais pobres e negras – procure pelas obras de autoras como Silvia Federici, Bell Hooks, Riane Eisler e Angela Davis.
Não é sujo, não é feio, não é pouco nobre precisar de dinheiro para botar de pé uma ideia. É com ele que pagamos internet, aulas de programação ou de balé para as crianças, a impressão do nosso primeiro livro, um colchão para dormir melhor. Dinheiro também compra tempo para se divertir, para estudar, pesquisar e ter boas ideias em paz.
Quem deu essa letra – há mais de cem anos! – foi Virginia Woolf no clássico feminista Um Teto Todo Seu (1929). Segundo a palestra de Virginia na Universidade de Cambridge (que deu origem ao livro): "a mulher precisa ter dinheiro e um teto todo dela se pretende mesmo escrever ficção". Sem condições básicas de saúde, educação, renda e moradia (de preferência com um cômodo só para ela), é muito mais difícil haver produção intelectual.
Na prática, é por isso que é tão mais complicado para uma mulher idealizar e executar um projeto de HQ, por exemplo, quando ela precisa lavar o banheiro, o uniforme das crianças e o xixi dos cachorros antes de sentar à mesa de desenho – e o marido dela não.
É muito mais difícil destravar o intelecto para produzir livros, webcomics, músicas e jogos, quando a mente fértil dessa mulher está ocupada com as implicações da falta de dinheiro.
Mulheres criadoras precisam de apoio, likes, orientação e também precisam ser pagas pelos seus trabalhos. Só assim elas conseguem seguir criando.
Há várias formas de engrossar o caldo das lutas feministas hoje: participando de manifestações, grupos e associações em suas cidades, ouvindo mais as histórias das mulheres da sua família ou divulgando essa lista de projetos incríveis – e necessários –, idealizados com muito esforço e dedicação por criadoras do Catarse.
Ah, estão todos no ar – aproveite para apoiar:⠀⠀⠀⠀
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1) Revista AzMina, Carolina Oms (Thais Folego - Equipe AzMina)
Política, sexualidade, economia, saúde... AzMina acredita que todo assunto é assunto de mulher e merece ser abordado com responsabilidade, sem reforçar preconceitos e estereótipos. Com a campanha recorrente no Catarse, ela continua produzindo reportagens exclusivas sobre a situação da mulher no Brasil – principalmente frente ao atual contexto político brasileiro.
2) Assinaturas Rebeca Prado
Dá vontade de morar nas ilustras da Rebeca Prado, né? Pois agora é a nossa chance de, ao menos, sonhar mais com isso: a ilustradora, roteirista e quadrinista tem uma campanha de Assinaturas para chamar de sua! Segundo Rebeca, a ideia é evoluir aos poucos, de acordo com o valor arrecadado, produzindo mais ilustrações, tirinhas e, quem sabe, até uma graphic novel no futuro.
3) Uma Repórter Mulher na Fórmula 1 (Julianne Cerasoli)
Grande conhecedora de automobilismo, a jornalista Julianne Cerasoli é uma das principais e únicas repórteres brasileiras a cobrir as últimas temporadas da Fórmula 1, produzindo conteúdo multimídia relevante, sem intermediários e direto dos bastidores. No Catarse, ela segue em campanha recorrente para a manutenção de suas atividades durante a temporada 2021 do esporte.
4) Editora Diário Macabro (Nathalia Sorgon)
A Diário Macabro é uma editora dedicada inteiramente a gêneros literários que desde sempre nadaram contra a corrente: o fantástico, o terror em todas as suas vertentes e a ficção científica. Capitaneada por Nathalia Sorgon, a editora está no ar com sua 17ª campanha no Catarse: uma edição caprichada do romance A cidade dos Amaldiçoados, de John Wyndham.
5) Arquitetura na Periferia (Carina Guedes)
O projeto reúne e capacita mulheres da periferia para a independência de instalar, reformar e construir a sua própria casa. Elas são apresentadas às práticas e técnicas de projeto e planejamento de obras, e recebendo um microfinanciamento para que conduzam com autonomia e sem desperdícios as reformas de suas casas.
6) Clube Leituras Decoloniais
Camilla Dias, Isa Souza, Maria Ferreira e Pétala Souza são as curadoras do clube Leituras Decoloniais. Por meio da campanha recorrente, os apoiadores podem participar de ciclos de leituras coletivas e, assim, ajudar a financiar produções de conteúdo sobre temas como sistemas de poder, raça, gênero e sociedade.
7) Assinaturas Editora Wish
Referência na comunidade criativa do Catarse, a editora Wish é especializada em descobrir raridades e resgatar clássicos da fantasia mundial. Com uma equipe integralmente feminina e 16 campanhas de sucesso no currículo, Marina Ávila e Valquíria Vlad também comandam no Catarse um clube do livro digital, por meio da campanha recorrente Sociedade das Relíquias Literárias.
8) Ampliando o Debate Qualificado Sobre Equidade de Gênero (Grupo Gênero e Número)
O grupo faz jornalismo comprometido com os fatos, respaldado por fontes qualificadas e produzido a partir de dados e vozes diversas e legítimas para o debate sobre a equidade de gênero. O seu propósito, trabalhando em diferentes formatos, é gerar e repercutir informação qualificada para embasar discursos de mudança.
9) Jornalismo com Perspectiva de Gênero (Portal Catarinas)
O portal luta pela democratização da mídia, pluralização das vozes silenciadas e abertura de espaço ao contraditório acerca das demandas políticas das mulheres (com atenção especial às desigualdades de gênero, raça e classe). É um veículo de mídia independente voltado aos feminismos, questões de gênero e direitos humanos.
10) Mafagafo Revista & Faísca (Jana Bianchi)
Além do seu trabalho como escritora, tradutora e podcaster, Jana Bianchi capitaneia no Catarse uma revista de contos de fantasia e ficção científica, além de uma newsletter semanal com ficções relâmpago, por meio de uma campanha de Assinaturas.
11) Crioula Curadoria Alimentar
Fundada pela nutricionista e comunicadora popular Bruna Oliveira, a Crioula – Curadoria Alimentar tem o objetivo de contribuir para a criação de soluções ecológicas nos diferentes sistemas alimentares: da semente ao prato, da produção ao consumo, do campo à cidade. Um espaço de cura entre as relações que estabelecemos com as pessoas, as plantas, os animais e nós mesmos pela alimentação.
12) Literature-se
Há 10 anos promovendo o universo literário na internet com seu blog, Mell Ferraz se tornou uma das principais influenciadoras do gênero no Brasil, construindo uma comunidade apaixonada por literatura e todas as suas possibilidades. E para ficar ainda melhor, agora ela também apresenta a sua campanha recorrente no Catarse. Uma forma de não apenas manter a continuidade de todos os projetos, como também oferecer conteúdos exclusivos aos apoiadores.
*Lembrou de alguma campanha que merecia estar na lista? Deixe um comentário pra gente.