A data de 22 de setembro foi adotada em diversas cidades ao redor do globo como o “O Dia Mundial Sem Carro”. São 24 horas onde o lugar do automóvel como principal meio de locomoção é questionado através de diversas atividades promovidas pela sociedade civil e o poder público. A ideia é que ao menos nesse dia a população não use o carro em seu deslocamento, e troque as quatro rodas por bicicletas, transporte público e caminhadas. A iniciativa ainda divide opiniões e ainda não conseguiu uma adesão massiva da população.
No Catarse essa discussão nunca ficou restrita apenas ao dia 22 de setembro, tanto que temos uma categoria apenas para projetos do gênero, a
Mobilidade e Transporte. Mas diversos projetos de diferentes tipos já recorreram ao financiamento coletivo para viabilizarem ações que trazem à tona a discussão sobre o uso egoísta que damos aos automóveis. São intervenções que estimulam saídas saudáveis e criativas para o deslocamento nos grandes centros urbanos. Da bike ao bom e velho busão. Conheça algumas delas:
Cidades Para Pessoas
Uma das primeiras ideias financiadas através do Catarse já trazia em seu cerne a discussão sobre as políticas públicas que mais favorecem os carros do que o transporte coletivo. Os mais de 25 mil reais arrecadados pela jornalista Natália Garcia permitiram um estudo jornalístico das soluções de planejamento urbano encontradas em 12 diferentes cidades. Uma das inspirações apresentadas por Natália é um polêmico e bem-sucedido projeto do arquiteto Jan Gehl que impediu carros de circularem por uma das principais avenidas comerciais de Copenhagen.
Bike AnjoAo perceber que muitas pessoas acabam não integrando a bicicleta em sua rotina por medo de acidentes, um grupo de ciclistas fundou o Bike Anjo. A ideia é simples: o iniciante preenche um pequeno cadastro no site do projeto, com algumas informações como o dia e horário em que quer pedalar, o local onde está e o trajeto que vai fazer. Então um ciclista experiente entra em contato e presta assistência para escolher os melhores trajetos para se fazer, acompanha o ciclista iniciante em suas primeiras pedaladas, dá dicas de segurança e se for o caso, até ensina como andar de bicicleta.
Que ônibus passa aqui?Um projeto que pela sua simplicidade
já foi destaque nesse blog. Em 2012 o coletivo Shoot the Shit fez uma campanha no Catarse para sinalizar os pontos de ônibus de Porto Alegre com adesivos em branco preenchidos colaborativamente com as linhas que passam pelo local. Uma forma simples de ajudar coletivamente todo mundo que dependesse do transporte rodoviário para se locomover. Porém, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) não curtiu muito a ideia e ameaçou enquadrar os realizadores do projeto como pichadores. A prefeitura porém interviu, e prometeu que adotaria a ideia. Disse que até a Copa todas as paradas teriam todas as informações sobre os ônibus. Final feliz né? Ainda não. A prefeitura não cumpriu a promessa, e antes da Copa
o projeto voltou ao Catarse para reconvocar a força do coletivo para colar e preencher colaborativamente os adesivos não só nos pontos de Porto Alegre, mas também em todo o Brasil. Que papelão do Sr. Poder Público né?
Fórum Mundial da BicicletaEm 25 de fevereiro de 2011, a capital do Rio Grande do Sul foi palco de um atropelamento em massa de dezenas de ciclistas durante uma “bicicletada”. Esse dia se tornou um simbolo de luta para o movimento cicloativista brasileiro. E já no ano seguinte Porto Alegre foi escolhida para abrigar o
Primeiro Fórum Mundial de Bicicleta na mesma data. O evento é voltado para se discutir a bicicleta em todos os seus aspectos: mobilidade urbana, integração comunitária, bem-estar pessoal e social, como esporte, questões econômicas, etc. Além da primeira edição, as outras duas edições do Fórum também foram financiadas coletivamente através o Catarse, a de
2013 também em Porto Alegre e a de
2014 em Curitiba. Sua campanha de arrecadação já é quase uma tradição em nossa plataforma. Seguindo o seu exemplo, outros eventos que debatem mobilidade urbana e ciclismo também tiveram suas realizações viabilizadas através do site. É o caso dos nordestinos
Mês da Mobilidade de Fortaleza e
II Fórum Sergipano da Bicicleta.
Passo a PassoCom apenas dois mil reais, um grupo de estudantes de Porto Alegre achou um jeito prático de incentivar que a população preferisse realizar caminhadas em vez do carro em pequenos percursos. Eles confeccionaram 400 placas que indicam a direção, a duração e a quantidade de calorias gastas em cada trajeto a pé. As placas sinalizarão os locais de maior procura e frequência entre os moradores da região. Assim como “Que Ônibus Passa Aqui”, essa é uma ideia simples que pode ser espalhada por todas as cidades do país, até mesmo na sua ;)
Bike ArteE para encerrar, uma campanha que ainda está no ar em busca de ser financiada coletivamente. Realizado de maneira independente desde 201, o Bike Arte é um festival que propõe levar para as ruas de São Paulo um debate aberto sobre como tornar a cidade mais amigável aos ciclistas e ao mesmo tempo proporcionar entretenimento. O evento convida as pessoas a ocuparem todo o espaço urbano que é tomado diariamente pelos veículos automotores. Com exposição, shows, atividades sobre ciclismo e gastronomia, o projeto propõe levar para as ruas um debate aberto sobre como tornar a cidade mais amigável as pessoas.