Chega de Fiu-fiu: como transformar uma polêmica em um projeto de crowdfunding de sucesso

Chega de fiu fiu

Por Luísa Ferreira

“Gostosa”, “Princesa”, “Ô lá em casa”… Cantada, elogio ou assédio? A polêmica acerca do assunto ajudou as jornalistas Juliana Faria, Amanda Kamanchek,  Fernanda Frazão e Camila Biau a arrecadarem quase R$65 mil para a realização do Documentário Chega de Fiu-Fiu. O filme surgiu como uma continuação da campanha homônima lançada por Juliana e pela, também jornalista, Karin Hueck, em 2013. A pesquisa publicada por Juliana e Karin mostrava que, entre as quase oito mil mulheres entrevistadas, 99,6% diziam já ter recebido cantadas, e 83% delas disseram não ter gostado desse tipo de interação.

O objetivo do documentário é entender melhor o universo que compõe esse tipo de abordagem, estabelecendo um diálogo entre as vítimas, aqueles que praticam o assédio e especialistas no tema. A ideia é que mulheres de todo o Brasil percorram seus trajetos diários munidas de óculos equipados com microcamêras. Ao serem assediadas, em vez de ignorar, elas irão interpelar seu ofensor e entender o por quê da abordagem.

Para tirar o projeto do papel as amigas precisavam arrecadar R$ 80 mil. Depois de tentativas sem sucesso de levantar esse dinheiro através de editais públicos e patrocínios, elas resolveram contar com a ajuda dos amigos e da comunidade do Think Olga (Think thank feminista liderado por Juliana).

Sem querer assustar os possíveis apoiadores com o valor total da produção, estipularam como meta inicial arrecadar 25% do orçamento. Os R$20 mil permitiriam o desenvolvimento do projeto, o envio do óculos para outros estados, e a pré-produção e divulgação do mesmo. O restante do valor foi dividido em metas extras, caso o montante inicial fosse alcançado antes do fim da campanha.

O que elas não esperavam é que a meta inicial fosse alcançada em apenas 19 horas, tornando o filme o 4º projeto que mais arrecadou em seu primeiro dia em toda a história do Catarse.  O apoio massivo em tão pouco tempo impulsionou a divulgação das outras metas do projeto, de R$50 e R$80 mil. Para isso, valia até promessa - cumprida - de sorteio de recompensas extras entre os apoiadores.

"É uma conquista enorme, pois trata-se de um projeto feminista, que fala sobre violência contra a mulher, tópicos que normalmente geram polêmica" – Juliana Faria

A campanha durou 60 dias e mobilizou 1.219 pessoas que, juntas, contribuíram com R$ 64.448. Para Juliana Faria, o mais importante foi ver um tema polêmico, que muitas vezes gera reações negativas, mobilizar tanta gente. "É uma conquista enorme, pois trata-se de um projeto feminista, que fala sobre violência contra a mulher, tópicos que normalmente geram polêmica. Mesmo assim, apesar das pouquíssimas recompensas materiais, as pessoas apoiaram o projeto, pois sabem que esse é um assunto que deve ser debatido e solucionado com urgência", afirma.

Juliana, Amanda, Fernanda e Camila querem que o filme se torne uma ferramenta de informação acessível e gratuita para a população e que ajude a responder velhas perguntas sobre o assunto  como: "Qual a diferença entre cantada e assédio?" e "Qual o limite do assédio?". O documentário deve ser lançado no primeiro semestre de 2016.

PS: Atualização em 05/05/2017, o documentário já foi lançado. O trailer vai te arrepiar:

 

 

Gostou desse projeto? Veja também:

- 10 projetos sobre temáticas femininas que tiveram seus recursos arrecadados por financiamento coletivo, entre eles os ótimos Beleza Real, Apartamento 302, ZineXXX, Garota Siririca e Girl Rock Camp todos aqui pelo Catarse. https://blog.catarse.me/girlpower/

- Como a polêmica campanha Repense que queria conscientizar as pessoas sobre maconha medicinal construiu uma comunidade sobre o tema em duas semanas. https://blog.catarse.me/como-o-repense-construiu-uma-comunidade-sobre-maconha-medicinal-em-2-semanas-de-campanha/

Arte: Fernanda Rodrigues
Colaborador
Este texto foi escrito por um colaborador do Catarse! Quer ser um colaborador? Mande um email para comunicacao@catarse.me com a sua sugestão de pauta. ;)

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“Gostosa”, “Princesa”, “Ô lá em casa”… Cantada, elogio ou assédio? A polêmica acerca do assunto ajudou as jornalistas Juliana Faria, Amanda Kamanchek,  Fernanda Frazão e Camila Biau a arrecadarem quase R$65 mil para a realização do Documentário Chega de Fiu-Fiu. O filme surgiu como uma continuação da campanha homônima lançada por Juliana e pela, também jornalista, Karin Hueck, em 2013. A pesquisa publicada por Juliana e Karin mostrava que, entre as quase oito mil mulheres entrevistadas, 99,6% diziam já ter recebido cantadas, e 83% delas disseram não ter gostado desse tipo de interação.

O objetivo do documentário é entender melhor o universo que compõe esse tipo de abordagem, estabelecendo um diálogo entre as vítimas, aqueles que praticam o assédio e especialistas no tema. A ideia é que mulheres de todo o Brasil percorram seus trajetos diários munidas de óculos equipados com microcamêras. Ao serem assediadas, em vez de ignorar, elas irão interpelar seu ofensor e entender o por quê da abordagem.

Para tirar o projeto do papel as amigas precisavam arrecadar R$ 80 mil. Depois de tentativas sem sucesso de levantar esse dinheiro através de editais públicos e patrocínios, elas resolveram contar com a ajuda dos amigos e da comunidade do Think Olga (Think thank feminista liderado por Juliana).

Sem querer assustar os possíveis apoiadores com o valor total da produção, estipularam como meta inicial arrecadar 25% do orçamento. Os R$20 mil permitiriam o desenvolvimento do projeto, o envio do óculos para outros estados, e a pré-produção e divulgação do mesmo. O restante do valor foi dividido em metas extras, caso o montante inicial fosse alcançado antes do fim da campanha.

O que elas não esperavam é que a meta inicial fosse alcançada em apenas 19 horas, tornando o filme o 4º projeto que mais arrecadou em seu primeiro dia em toda a história do Catarse.  O apoio massivo em tão pouco tempo impulsionou a divulgação das outras metas do projeto, de R$50 e R$80 mil. Para isso, valia até promessa - cumprida - de sorteio de recompensas extras entre os apoiadores.

"É uma conquista enorme, pois trata-se de um projeto feminista, que fala sobre violência contra a mulher, tópicos que normalmente geram polêmica" – Juliana Faria

A campanha durou 60 dias e mobilizou 1.219 pessoas que, juntas, contribuíram com R$ 64.448. Para Juliana Faria, o mais importante foi ver um tema polêmico, que muitas vezes gera reações negativas, mobilizar tanta gente. "É uma conquista enorme, pois trata-se de um projeto feminista, que fala sobre violência contra a mulher, tópicos que normalmente geram polêmica. Mesmo assim, apesar das pouquíssimas recompensas materiais, as pessoas apoiaram o projeto, pois sabem que esse é um assunto que deve ser debatido e solucionado com urgência", afirma.

Juliana, Amanda, Fernanda e Camila querem que o filme se torne uma ferramenta de informação acessível e gratuita para a população e que ajude a responder velhas perguntas sobre o assunto  como: "Qual a diferença entre cantada e assédio?" e "Qual o limite do assédio?". O documentário deve ser lançado no primeiro semestre de 2016.

PS: Atualização em 05/05/2017, o documentário já foi lançado. O trailer vai te arrepiar:

 

 

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Arte: Fernanda Rodrigues

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