As 6 melhores “Final Girls” do cinema: sobrevivendo aos filmes de horror

Filmes de terror são conhecidos principalmente pelos tropos que foram estabelecidos ao longo dos anos. Seja pelo presságio que aparece no início da narrativa, como algo dando errado, um susto repentino por descuido, ou até um quase atropelamento. Esses pequenos indicativos são conhecidos por ditarem o tom das histórias de terror nas telas. 

Entretanto, outro tropo que foi se estabelecendo ao longo dos anos e – felizmente –, evoluiu, foi o conceito das "final girls", as garotas que sobrevivem até o final da narrativa, enfrentam os monstros de frente e reinventam a teoria da jornada do herói. O conceito apareceu pela primeira vez com Carol J. Clover, em sua obra Men, Women, and Chainsaws: Gender in the Modern Horror Film. De acordo com ela, essas obras apresentam uma fórmula exata de mulheres que sobrevivem de pé até a última cena.

A construção de uma final girl "ideal"

As final girls quase sempre foram: jovens, com olhar angelical, apresentando forte aspecto virginal e claro, sempre com um enfrentamento direto com o monstro.

É interessante compreender que essas mulheres foram construídas, ao longo dos anos, em cima da fantasia de dominação masculina. Elas representavam, de certo modo, a mulher perfeita aos olhos de diretores homens.

Veja bem, quanto mais puritana a garota, mais inocente ela irá ser e, consequentemente, mais blindada do mal se tornará, enquanto seus amigos promíscuos são os primeiros a se darem mal. Além disso, durante muito tempo essas jovens que sobrevivem até o final foram representadas por mulheres brancas, apresentando um claro recorte racial de quais são as mulheres que mereciam sobreviver. 

Desse modo, as mulheres negras foram por muito tempo as mulheres hipersexualizadas, as amigas que pouco apareciam ou as figuras que estavam disponíveis apenas para servir. Conforme o cinema de horror foi avançando e as produções de diretores e atores negros foram ganhando espaço, essa lógica foi mudando. As garotas finais finalmente passaram a ser também mulheres negras. No entanto, Robin. R. Means Coleman em seu livro Horror Noire: a história do horror negro, apronta:

“Assim como a Garota final branca, as mulheres negras encaram a morte. Contudo, essas mulheres negras não estão lutando contra algum bicho-papão; elas geralmente lutam contra o racismo e a corrupção. Nesse quesito, não é possível dormir depois que o "monstro” é derrotado, pois o monstro é codificado amorfamente como "branquelo", e a opressão dos branquelos é persistente.”

Com apontamentos tão importantes como o de Coleman, podemos observar como a figura das final girls foi mudando nos últimos anos. Elas são mais plurais e representam mulheres reais, e agora também são muito mais escritas e dirigidas por outras mulheres também!

6 final girls inesquecíveis do cinema

1- Sally Hardesty - "O massacre da serra elétrica"

Uma das primeiras final girls a serem estudadas por essa perspectiva. Sally é talvez um dos pontos de destaque da obra lançada em 1974. Lutando contra todas as probabilidades, a garota sobrevive até o final. Sua última cena nos proporciona uma gargalhada que é capaz de causar arrepios.

2 - Sidney Prescott - "Pânico"

Sem dúvida alguma, "Pânico" está no imaginário coletivo das pessoas como uma das maiores obras do cinema de horror. Sidney passa então a ser uma dessas figuras que quebra o estereótipo de final girls virginal e inocente e assume uma postura de mulher com total autonomia, inclusive para matar monstros com uma máscara assassina. 

3 - Alexa Woods - "Alien vs. Predador"

É difícil superar a imagem de Sanaa Lathan como Alexa Woods em "Alien vs. Predador". A personagem que atua como técnica ambiental participa de uma das primeiras expedições de interação entre humanos e alienígenas e, bom, o restante dessa história a gente já conhece, certo?

4 - Dani - "Midsommar: O Mal não Espera a Noite"

Desde o lançamento em 2019, "Midsommar" despontou na crítica como um filme “estético” bem diferente dos filmes de horror sangrentos, a obra vai muito mais para o lado psicológico. Dani enquanto protagonista, vê pessoas importantes ao seu redor sumindo, enquanto o mal parece avaliá-la de longe.

5 - Adelaide Wilson - "US"

Os lançamentos de Jordan Peele nos últimos anos tem mexido com alguns tropos que por muito tempo se mantiveram canônicos. Depois de assistir a "US", é bem difícil não ficar impressionado com a atuação de Lupita Nyong'o e não se espantar com o final dessa história.

6 -  Emerald Haywood - "Não, não olhe"

Ainda falando em Jordan Peele, a personagem representada por Keke Palmer em sua obra mais recente apresenta uma final girl divertida, despojada, forte e que acima de tudo eleva o elo entre irmãos a outro patamar. O filme é visualmente incrível, mas as piadas de Emerald Haywood em meio a tudo dão um outro clima.

Transformando o clichê em jogo

Aqui no Catarse levamos as final girls muito a sério. Não é à toa que o projeto lançado pela Ludofun Editora está sendo um sucesso. Final Girl - 1ª Temporada é um jogo solo onde cada participante ficará literalmente na pele de uma final girl, que deverá acabar com a figura monstruosa se quiser sobreviver. 

Nesta primeira temporada é possível chegar a até 25 jogos diferentes. O material acompanha tabuleiro, ficha da vida dos personagens, marcadores de controles de vítimas e muito mais. Você pode escolher a temática das ambientações, sendo elas:

  • O terror em Happy Trails 
  • A assombração da Mansão Creech
  • O massacre nos bosques
  • Carnificina no circo
  • Terror em Maple Lane

O projeto usa um clássico do cinema de horror para desconstruir muitos dos estereótipos criados pelo cinema, além de mostrar que este é um cenário muito plural, repleto de possibilidades para as figuras femininas.

A campanha de financiamento coletivo fica aberta até 23/02/2025 e pelos 235% de meta batida até o momento dessa postagem, fica claro que a nossa admiração por essas garotas sobreviventes duram até bem depois do final dos créditos!

Dayhara Martins
Redatora e revisora, fala de livros na internet há mais de 10 anos. Criadora do Raízes do Horror, um clube de leitura que foca em literatura de horror com o olhar para raça, classe e gênero.

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Filmes de terror são conhecidos principalmente pelos tropos que foram estabelecidos ao longo dos anos. Seja pelo presságio que aparece no início da narrativa, como algo dando errado, um susto repentino por descuido, ou até um quase atropelamento. Esses pequenos indicativos são conhecidos por ditarem o tom das histórias de terror nas telas. 

Entretanto, outro tropo que foi se estabelecendo ao longo dos anos e – felizmente –, evoluiu, foi o conceito das "final girls", as garotas que sobrevivem até o final da narrativa, enfrentam os monstros de frente e reinventam a teoria da jornada do herói. O conceito apareceu pela primeira vez com Carol J. Clover, em sua obra Men, Women, and Chainsaws: Gender in the Modern Horror Film. De acordo com ela, essas obras apresentam uma fórmula exata de mulheres que sobrevivem de pé até a última cena.

A construção de uma final girl "ideal"

As final girls quase sempre foram: jovens, com olhar angelical, apresentando forte aspecto virginal e claro, sempre com um enfrentamento direto com o monstro.

É interessante compreender que essas mulheres foram construídas, ao longo dos anos, em cima da fantasia de dominação masculina. Elas representavam, de certo modo, a mulher perfeita aos olhos de diretores homens.

Veja bem, quanto mais puritana a garota, mais inocente ela irá ser e, consequentemente, mais blindada do mal se tornará, enquanto seus amigos promíscuos são os primeiros a se darem mal. Além disso, durante muito tempo essas jovens que sobrevivem até o final foram representadas por mulheres brancas, apresentando um claro recorte racial de quais são as mulheres que mereciam sobreviver. 

Desse modo, as mulheres negras foram por muito tempo as mulheres hipersexualizadas, as amigas que pouco apareciam ou as figuras que estavam disponíveis apenas para servir. Conforme o cinema de horror foi avançando e as produções de diretores e atores negros foram ganhando espaço, essa lógica foi mudando. As garotas finais finalmente passaram a ser também mulheres negras. No entanto, Robin. R. Means Coleman em seu livro Horror Noire: a história do horror negro, apronta:

“Assim como a Garota final branca, as mulheres negras encaram a morte. Contudo, essas mulheres negras não estão lutando contra algum bicho-papão; elas geralmente lutam contra o racismo e a corrupção. Nesse quesito, não é possível dormir depois que o "monstro” é derrotado, pois o monstro é codificado amorfamente como "branquelo", e a opressão dos branquelos é persistente.”

Com apontamentos tão importantes como o de Coleman, podemos observar como a figura das final girls foi mudando nos últimos anos. Elas são mais plurais e representam mulheres reais, e agora também são muito mais escritas e dirigidas por outras mulheres também!

6 final girls inesquecíveis do cinema

1- Sally Hardesty - "O massacre da serra elétrica"

Uma das primeiras final girls a serem estudadas por essa perspectiva. Sally é talvez um dos pontos de destaque da obra lançada em 1974. Lutando contra todas as probabilidades, a garota sobrevive até o final. Sua última cena nos proporciona uma gargalhada que é capaz de causar arrepios.

2 - Sidney Prescott - "Pânico"

Sem dúvida alguma, "Pânico" está no imaginário coletivo das pessoas como uma das maiores obras do cinema de horror. Sidney passa então a ser uma dessas figuras que quebra o estereótipo de final girls virginal e inocente e assume uma postura de mulher com total autonomia, inclusive para matar monstros com uma máscara assassina. 

3 - Alexa Woods - "Alien vs. Predador"

É difícil superar a imagem de Sanaa Lathan como Alexa Woods em "Alien vs. Predador". A personagem que atua como técnica ambiental participa de uma das primeiras expedições de interação entre humanos e alienígenas e, bom, o restante dessa história a gente já conhece, certo?

4 - Dani - "Midsommar: O Mal não Espera a Noite"

Desde o lançamento em 2019, "Midsommar" despontou na crítica como um filme “estético” bem diferente dos filmes de horror sangrentos, a obra vai muito mais para o lado psicológico. Dani enquanto protagonista, vê pessoas importantes ao seu redor sumindo, enquanto o mal parece avaliá-la de longe.

5 - Adelaide Wilson - "US"

Os lançamentos de Jordan Peele nos últimos anos tem mexido com alguns tropos que por muito tempo se mantiveram canônicos. Depois de assistir a "US", é bem difícil não ficar impressionado com a atuação de Lupita Nyong'o e não se espantar com o final dessa história.

6 -  Emerald Haywood - "Não, não olhe"

Ainda falando em Jordan Peele, a personagem representada por Keke Palmer em sua obra mais recente apresenta uma final girl divertida, despojada, forte e que acima de tudo eleva o elo entre irmãos a outro patamar. O filme é visualmente incrível, mas as piadas de Emerald Haywood em meio a tudo dão um outro clima.

Transformando o clichê em jogo

Aqui no Catarse levamos as final girls muito a sério. Não é à toa que o projeto lançado pela Ludofun Editora está sendo um sucesso. Final Girl - 1ª Temporada é um jogo solo onde cada participante ficará literalmente na pele de uma final girl, que deverá acabar com a figura monstruosa se quiser sobreviver. 

Nesta primeira temporada é possível chegar a até 25 jogos diferentes. O material acompanha tabuleiro, ficha da vida dos personagens, marcadores de controles de vítimas e muito mais. Você pode escolher a temática das ambientações, sendo elas:

  • O terror em Happy Trails 
  • A assombração da Mansão Creech
  • O massacre nos bosques
  • Carnificina no circo
  • Terror em Maple Lane

O projeto usa um clássico do cinema de horror para desconstruir muitos dos estereótipos criados pelo cinema, além de mostrar que este é um cenário muito plural, repleto de possibilidades para as figuras femininas.

A campanha de financiamento coletivo fica aberta até 23/02/2025 e pelos 235% de meta batida até o momento dessa postagem, fica claro que a nossa admiração por essas garotas sobreviventes duram até bem depois do final dos créditos!

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