Desde sua publicação em 1897, Drácula nunca saiu de cena. O personagem criado por Bram Stoker se reinventou ao longo das décadas: foi aristocrata sedutor, monstro demoníaco, anti-herói melancólico e até meme de internet. Já apareceu em paródias, em jogos de videogame, como inspiração estética em músicas e clipes.
Mas há uma versão do conde que não se deixou domesticar. Uma obra que permaneceu à margem – mais obscura, mais densa... quase esquecida. E que agora retorna das sombras. Recomendo seguir a leitura por sua conta e risco. Até porque, até antes do nascer do sol, é bem provável que você também seja fisgado pelo poder sedutor deste vampiro. Confira!
Antes de cruzar a soleira, saiba o que te espera:
🧛 A influência intermidiática de Drácula
📚 A história de uma edição rara que revela um lado pouco conhecido da narrativa
🦇 Por que você deve ler Poderes das Trevas

Drácula nunca morreu (e talvez nunca morra)
Em 1897, no coração da era vitoriana, Bram Stoker publicou Drácula, estruturado por cartas, diários e recortes de jornal – uma forma quase documental que tornava palpável o mal espreitando além das luzes da civilização. A recepção inicial foi mista: o Manchester Guardian elogiou o poder narrativo, mas lamentou que o livro estivesse “preenchido um volume inteiro com horrores artísticos demais”. Outros críticos consideraram o terror “grotesco”, fora de tom, um reflexo datado de um gótico já em declínio no final do século.
Mas Drácula, tanto romance quanto personagem, não se perdeu no tempo. Stoker usou e abusou do horror, mergulhou na psicologia, misturou erotismo e crítica social; trouxe o medo que atrai, insinua e hipnotiza antes de atacar. Ao lermos Drácula, temos contato com a representação de um desejo reprimido, de um estranho familiar; a consciência de que o que vive nas sombras também seduz com sofisticação.
Por isso, o conde se tornou um ícone cultural. Não apenas um vilão, mas um espelho sombrio dos nossos próprios impulsos. Sem ele, talvez nunca tivéssemos Entrevista com o Vampiro, Crepúsculo ou Blade. Sua sombra segue viva, atravessando editoras que apostam em novas edições, e influenciando autores, leitores, cineastas, músicos e artistas que insistem em revisitar, e reinventar, essa narrativa.
Mas… e se existisse um outro Drácula? Um diferente, esquecido por décadas, escondido nas frestas do tempo, aguardando ser redescoberto?
O Drácula que ficou nas sombras
Pois esse outro existiu! E durante décadas, quase ninguém soube!!!
Por muito tempo, essa edição foi tratada como uma simples variação da original. Mas aos poucos ficou claro: não se trata de uma tradução convencional, pois era e é uma versão estendida e transfigurada inteiramente distinta da história.
Publicada originalmente em capítulos, entre 1899 e 1900, no jornal sueco Dagen, a obra foi creditada a Bram Stoker, com a indicação “adaptação sueca por A–e”. E o que parecia um folhetim derivado acabou revelando um material inédito em tom, estrutura e ambição narrativa com cenas e personagens exclusivos, implicações políticas e sociais inéditas incluindo motivações protofascistas do vilão, e rumos completamente diferentes do meio para o fim da história. Temas como o ocultismo e conspirações subversivas ganham corpo, e o resultado é um Drácula ainda mais simbólico, sombrio e inquietante.
A dimensão dessas mudanças pode ser percebida até nos números. A descrição do tempo de Harker no castelo, por exemplo, ocupa cerca de 22.700 palavras na versão original inglesa, enquanto na versão islandesa se estende por 37.200 palavras – um aumento de 63%. Já o restante do romance, que soma 137.860 palavras em Drácula, é resumido em apenas 9.100 palavras na versão islandesa – uma redução de 93%. A contagem por si só revela o quanto o foco da narrativa foi reconfigurado.

Um retorno aguardado que surgiu das trevas
Em 2021, a Editora Ex Machina e o Sebo Clepsidra, em parceria com a editora islandesa Sagarana, a sueca Aleph Bokförlag e o canal Fantasticursos, lançaram uma campanha aqui no Catarse para viabilizar uma edição histórica: a primeira tradução mundial de Poderes das Trevas, feita diretamente do sueco, com o texto integral anotado, ilustrações inéditas e uma extensa introdução assinada por Rickard Berghorn – editor e pesquisador sueco que se debruça sobre os enigmas e lacunas dessa obra que durante décadas permaneceu nas sombras.
A campanha foi um sucesso absoluto. Quem garantiu seu exemplar na época, garantiu. Porque depois de esgotada, essa edição passou a circular no mercado secundário a preços bem inacessíveis tamanha a procura por um material tão raro, instigante e bem editado.

Mas agora, essa edição retorna na campanha “Poderes das Trevas, de Bram Stoker e A–e”. E com o mesmo cuidado, com o mesmo projeto gráfico luxuoso e, o mais importante, com acesso e valor justo. Se você é leitor, pesquisador, colecionador, ou simplesmente alguém fascinado pelo lado oculto da literatura, essa é a sua chance de ter em mãos uma edição única. E, claro, de tornar possível que ela continue viva e acessível para novos leitores.
O livro conta com paratextos ilustres: prefácio do Dacre Stoker, sobrinho-bisneto do autor; texto de Cid Vale Ferreira comparando Drácula, livro britânico de 1897, e o Poderes das Trevas; texto de Luciano Dutra, tradutor, contando sobre os desafios do processo de tradução deste original para o português; e texto do Carlos Primati sobre a vida e curiosidades do Bram Stoker.
Apoiar essa reedição é, também, participar da preservação de um fragmento perdido da literatura de horror; e permitir que ele continue assombrando, inspirando e instigando as próximas gerações. Quer saber mais detalhes, dá play e assista o Cid explicando todos os detalhes da campanha!
🧛🩸Para quem ainda não se saciou…
🗡️ Confira um vídeo com t-o-d-o-s os detalhes do acabamento de Poderes das Trevas
🕯️ Assista uma conversa com o sobrinho-bisneto de Bram Stoker com os editores do livro
🖤 Gosta de audiobook? Ouça a amostra de uma de cena com Thomas Harker
⚰️ Resenha do livro para instigar ainda mais a sua sede pela leitura
🌕 Depois de apoiar a campanha, assista o Cid comentando as diferenças entre o romance e sua adaptação