Financiando produtos: o caso Mola

Um dia, Márcio Sequeira abriu sua caixa de emails e viu uma mensagem do Massachusetts Institute of Technology. Um professor do famoso MIT dizia que havia visto o Kit Mola numa universidade suíça, que o curso de Engenharia da instituição apreciava o ensino tradicional e que queria ter kits como aqueles para dar aulas sobre estruturas.

Márcio, um arquiteto paraense morando em São Paulo, ficou sem palavras. O Kit Mola era uma ideia que ele havia desenvolvido durante o mestrado em Engenharia e consiste em um sistema de ensino baseado em esferas e molas metálicas, combinados a outros acessórios, para visualizar como as estruturas funcionam na prática.

Durante quase três anos, Márcio procurou investidores para o Mola, mas nenhum topou bancar a produção do projeto. Quando já estava batendo a vontade de desistir, ouviu de um amigo sobre a existência de uma “novidade” chamada financiamento coletivo. Márcio dedicou então mais dois anos a pesquisar o assunto e estudar casos de sucesso para se preparar para o lançamento da sua própria campanha.

“Estudando, eu percebi que não podia fazer um kit gigante, de mil peças”, ele me contou numa conversa por telefone. “Tinha que ser algo que um estudante pudesse comprar, que fosse compacto, que coubesse numa mochila. Comecei por aí.”

Os R$ 50 mil de meta na campanha do Kit Mola 1 eram o valor que ele precisava para a primeira fornada de material: 150 kits. A meta foi batida em três dias. Em 11 dias, era a maior campanha do Catarse à época (2014). Ao final, ele levantou R$ 603.064,00 com o apoio de 1.524 pessoas.

Desde o resultado da primeira campanha, o Mola é a única atividade profissional de Márcio. Ele e sua equipe, hoje com mais quatro pessoas, lançaram mais dois Kits Mola (o segundo em 2016, também pelo Catarse) e preparam o Mola 4 para 2022.

Os kits já foram destaque na revista Wired, ganharam prêmios de design e chegaram a 80 países. Além do MIT, são usados na Universidad Politécnica de Madrid e outras nos EUA na Europa, assim como perto de casa, na Escola Politécnica da USP. A produção é toda feita no Brasil.

Érico Assis
Érico Assis é jornalista da área de quadrinhos desde que o Omelete era mato. Também é autor do livro Balões de Pensamento.

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Financiando produtos: o caso Mola

Um dia, Márcio Sequeira abriu sua caixa de emails e viu uma mensagem do Massachusetts Institute of Technology. Um professor do famoso MIT dizia que havia visto o Kit Mola numa universidade suíça, que o curso de Engenharia da instituição apreciava o ensino tradicional e que queria ter kits como aqueles para dar aulas sobre estruturas.

Márcio, um arquiteto paraense morando em São Paulo, ficou sem palavras. O Kit Mola era uma ideia que ele havia desenvolvido durante o mestrado em Engenharia e consiste em um sistema de ensino baseado em esferas e molas metálicas, combinados a outros acessórios, para visualizar como as estruturas funcionam na prática.

Durante quase três anos, Márcio procurou investidores para o Mola, mas nenhum topou bancar a produção do projeto. Quando já estava batendo a vontade de desistir, ouviu de um amigo sobre a existência de uma “novidade” chamada financiamento coletivo. Márcio dedicou então mais dois anos a pesquisar o assunto e estudar casos de sucesso para se preparar para o lançamento da sua própria campanha.

“Estudando, eu percebi que não podia fazer um kit gigante, de mil peças”, ele me contou numa conversa por telefone. “Tinha que ser algo que um estudante pudesse comprar, que fosse compacto, que coubesse numa mochila. Comecei por aí.”

Os R$ 50 mil de meta na campanha do Kit Mola 1 eram o valor que ele precisava para a primeira fornada de material: 150 kits. A meta foi batida em três dias. Em 11 dias, era a maior campanha do Catarse à época (2014). Ao final, ele levantou R$ 603.064,00 com o apoio de 1.524 pessoas.

Desde o resultado da primeira campanha, o Mola é a única atividade profissional de Márcio. Ele e sua equipe, hoje com mais quatro pessoas, lançaram mais dois Kits Mola (o segundo em 2016, também pelo Catarse) e preparam o Mola 4 para 2022.

Os kits já foram destaque na revista Wired, ganharam prêmios de design e chegaram a 80 países. Além do MIT, são usados na Universidad Politécnica de Madrid e outras nos EUA na Europa, assim como perto de casa, na Escola Politécnica da USP. A produção é toda feita no Brasil.

“Tenho orgulho de dizer que é um produto educativo legitimamente brasileiro exportado para o mundo todo”, diz Márcio.

“Hoje pensamos o Mola mais como um sistema, uma metodologia de ensino e aprendizagem de estruturas”, ele diz. “Não é só uma caixinha de molas e esferas. Ele pode ser um método.”

Márcio também está atento aos projetos de produtos que surgem no Catarse e busca ajudar quem tem ideias na área. Cita, por exemplo, o Eletroblocks, um kit para ensinar circuitos a crianças. “Sempre que essas pessoas que estão tentando financiar seu projeto entram em contato, tento ficar à disposição para trocar ideias”, ele diz. “Foi o apoio que eu entendi que é fundamental quando criei meu primeiro projeto".

Sobre quem falamos nessa história

Márcio Sequeira

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