Você já parou para pensar no poder das pequenas editoras na cena literária brasileira? Enquanto as grandes editoras dominam as prateleiras, há um movimento extremamente impactante, que muitas vezes passa despercebido, mas que está descobrindo e promovendo novos talentos.
Vem cá, te convido a refletir comigo sobre o mercado editorial nacional, suas implicações, quem está se destacando e por que você precisa ficar de olho nisso!
Do manuscrito às prateleiras: o papel das editoras
Você conhece alguém que ama escrever e sonha em publicar um livro, ou acompanha algum autor que publicou de forma independente? Se sim, provavelmente já ouviu falar do desejo desses autores de serem reconhecidos e publicados por grandes editoras.
Quando os autores finalizam seus manuscritos e começam a buscar editoras, eles enfrentam um aspecto sensível: o funcionamento do mercado editorial brasileiro. Esse mercado não só determina o reconhecimento e a visibilidade que os autores podem obter, mas também o retorno financeiro. É importante lembrar que para muitos autores, escrever não é um hobby, mas uma profissão.
Embora o mercado editorial e a literatura nacional enfrentem diversas questões e barreiras, essas dificuldades têm impulsionado a criatividade e a resiliência de autores e pequenas editoras. Esse assunto é importante e merece ser debatido, pois assim os interessados poderão ver como as editoras independentes buscam e encontram maneiras inovadoras de levar obras ao público.
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Uma reflexão necessária: dois pontos determinantes no mercado editorial brasileiro
O mercado editorial brasileiro é um universo repleto de desafios e, muitas vezes, para quem não é do meio, mas sonha em ser, é comum desconhecer as inúmeras complexidades das diversas camadas que o permeiam. Por essa razão, tentarei explicar por que o Brasil enfrenta peculiaridades únicas que afetam diretamente o processo de publicação e distribuição de livros, especialmente para autores nacionais.
Acredito que a base desse assunto gira em torno de dois pontos. O primeiro é a histórica dominação do mercado nas mãos de grandes editoras. Elas lideram o ranking dos livros mais vendidos e ocupam os espaços mais visados em grandes eventos e nas livrarias. Isso nos leva ao segundo ponto: elas possuem recursos financeiros significativos, que lhes permitem investir em grandes tiragens, marketing e, principalmente, na aquisição de direitos de obras de autores nacionais já consolidados, assim como de autores estrangeiros, cujos livros já chegam ao país com uma base de leitores estabelecida, o que mantém o padrão de lançamentos constantes e uma longa fila de livros em produção. Esse poder econômico e estrutural cria uma barreira de entrada para muitos autores independentes, que encontram dificuldade em achar seu espaço em um mercado tão competitivo.
Essa mesma estrutura permite às grandes casas assumir riscos calculados, apostando em títulos com maior potencial de retorno comercial. Isso acaba influenciando as decisões editoriais, onde autores novos ou obras mais experimentais podem ser preteridos. Como resultado, a diversidade literária disponível ao público pode ser limitada
Entretanto, dentro desse panorama desafiador, é onde surgem as editoras independentes, que estão mudando a dinâmica ao mesmo tempo em que lutam para sobreviver no mercado. Apesar de serem empresas – é importante lembrar isso! –, diversos profissionais dessas editoras muitas vezes trabalham nessa área porque amam livros e estão dispostos a apostar em autores novos e em temas inovadores. Diante desse cenário, as editoras independentes se destacam como verdadeiras incubadoras de talento, permitindo que autores emergentes encontrem seu público e, eventualmente, alcancem o reconhecimento merecido.
É importante destacar que é muito comum que editoras independentes publiquem títulos de autores até então desconhecidos, e, devido à boa recepção, editoras renomadas posteriormente os convidem para fazer parte de seu catálogo. Isso reforça ainda mais como essas pequenas editoras são fundamentais para manter viva a diversidade e a riqueza da literatura brasileira.
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Conheça editoras independentes que estão no Catarse
Aqui, no Catarse, muitas editoras estão sempre nos apresentando novos talentos da literatura nacional, a partir de uma curadoria atenta. Seja em livros solo ou antologias, vale a pena conferir as histórias que elas estão trazendo! E hoje, vou te apresentar algumas.
Diário Macabro
Seja publicando títulos, revistas, antologias temáticas, coleções em formato pocket com custo mais acessível, histórias em quadrinhos, traduzindo textos inéditos ou fora do catálogo no Brasil relevantes para o cenário fantástico, a Diário Macabro está presente no mercado editorial com o intuito de propagar histórias.
A editora acredita que a literatura tem o poder de despertar emoções intensas, provocar arrepios na espinha e levar nossos leitores a mundos sombrios e inexplorados. É por isso que sua missão é trazer à tona as histórias mais assustadoras, misteriosas e fantásticas que a mente humana pode conceber.
Curtiu a premissa da Diário Macabro, aproveite e confira a campanha 7nny e as vaqueiras-robôs no planeta Algodão-doce e Eles Vivem: contos de ficção científica que estão aguardando o seu apoio!
Editora Draco
Especializada em literatura e quadrinhos de gênero, a Editora Draco busca apresentar mundos fantásticos originais feitos especialmente para o público brasileiro. Gostam de dizer que os títulos que publicam podem ter sido escrito por pessoas que moram aí, em seu bairro. Isso significa que buscam, incentivam e apoiam a diversidade e as vozes autorais.
E ela tem um objetivo: fazer conhecido o imaginário brasileiro, mesmo que influenciado por obras estrangeiras. Para isso publicam autores brasileiros, aliando sempre design e ilustrações primorosas para melhorar o produto e a experiência do leitor.
Editora Grifo
O Grifo é uma editora independente fundada em 2020 voltada para autores nacionais de literatura contemporânea, clássicos brasileiros e ficção de gênero de todo o país, que acredita em uma literatura sem medo de classificações e em uma experiência que vai além da mera compra e leitura.
Seus títulos prezam por tudo o que os leitores esperam: qualidade dos autores, capricho em todas as etapas do processo editorial. Ainda mais porque seu objetivo é grifar a literatura nacional.
Possuem duas coleções, a “Sexta Feira” e “Clássicos Ocultos”, e o catálogo prioriza gêneros pouco valorizados pelo mainstream literário, como o horror, o suspense, o fantástico, a distopia e a ficção científica.
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Apoie quem apoia projetos independentes
Enquanto escrevia esta pauta, notei algo interessante: ao acessar a página de usuário de cada uma das editoras que menciono neste post – Grifo, Draco, Diário Macabro – percebi que todas já apoiaram diversas campanhas de financiamento coletivo aqui no Catarse. Essas editoras não apenas utilizam a nossa plataforma para viabilizar seus próprios projetos e sonhos, mas também apoiam os de outros. Destaco isto, pois essa é uma das, senão a mais bonita, características dos produtores independentes: eles reconhecem, apoiam e divulgam o trabalho de outros. E é por essa razão que estamos aqui, fazendo o mesmo por eles.